Marte
Cordel Astral
Fui perguntar aos astros
O quão perfeito é o nosso amor.
Marte falou primeiro,
Num impulso verdadeiro,
Que nosso amor é guerreiro
Por não ter medo da dor.
Saturno, mais oportuno,
Não deixou de se impor.
Disse, num tom maduro,
Que o amor pode ser duro,
Mas, mesmo sem crer no futuro,
Crê no futuro do nosso amor.
Mercúrio pediu a palavra
E explicou com a razão:
Que não existe amor perfeito.
Porque amor que não tem defeito
Não se define como amor,
Considera-se paixão.
A Lua foi nua e crua,
E falou com sentimento,
Que o amor nos olhos dela
É igual ao amor aqui dentro.
Dando luz ao nosso caso,
Diz que não é por acaso
Que isso vai dar casamento.
Urano, pra variar,
Não rotulou o amor da gente.
Disse só que é diferente
O nosso jeito de amar.
Júpiter filosofou,
Falando da nossa jornada.
Disse que nosso amor é casa,
Mesmo quando a casa é estranha.
Netuno falou bem pouco,
Pois preferia rezar.
Pro nosso amor deste mundo,
Continuar tão profundo
Como já foi em um outro lugar.
O Sol se agigantou
E chamou a minha atenção.
Sua frase foi uma só,
Mas aqueceu meu coração:
“Eu sou Ela”, disse ele.
E eu não discordo, não.
Plutão foi um pouquinho
Mais difícil de entender.
Ele afirmou que o amor perfeito
Só nasceu no nosso peito
Porque a gente soube morrer.
E Vênus ficou por último,
Porque de amor entende mais.
Disse que um amor desse jeito
É uma escolha dentro do peito,
Que a gente até pensa a respeito,
Mas é o amor da gente que faz.
Na cama é mais fácil ,
O corpo fica leve , o tempo é breve
A conversa é sutíl .
Há pouca luz , e esconde a realidade no olhar .
E no amanhecer , nada para dizer ,
É correr pro café não esfriar .
A verdade , é que a gente faz amor
E depois , como é que desfaz ?!
Não deixava rastros
Não contava os passos
Não mudava a rota
Pra não se perder
Era tão precisa
Pouco atrevida
Tinha até juízo
No anoitecer
E os seus pecados
Foram perdoados
Era quase Santa
Pra não mais dizer
Quase não vivia
E a vida passava
Não tinha rasuras
Para esconder
A perfeição era o seu fetiche
Mas quem foi que disse
Que perfeita podia ser
Era uma estranha,
Seu maior defeito
Era ter no peito
Um coração inteiro
E não saber viver !
Alguém me perguntou como me sinto sendo uma mulher solteira aos 40 anos.
Bom, eu gosto de me sentir como uma garrafa de vinho.
Um bom vinho, que levou anos para ser considerado como tal, passou por um longo período de provas e experimentos, aguardou um longo tempo para amadurecer; e agora engarrafado tem tempo de sobra pra encontrar uma boa companhia que saiba apreciar a sua grandiosidade. Mesmo que seja por apenas uma noite!
E aí a gente engole o choro
Engole sapo
Engole a sacanagem toda
E não pode reclamar;
E depois que resolve virar uma garrafa inteira e botar tudo pra fora , é errada , imatura e incapaz de se relacionar .
Pode parar por aí ! Se me fez engolir tudo isso , que me ature vomitar !
Coloque um tempero nessa vida .
Esquece o banho maria.
Aumenta o fogo e põe esse coração pra ferver .
Nada de panelinha .
O negócio é aquecer um caldeirão, misturar tudo de bom que a vida tem ,
e mexer até dar ponto.
Segue a receita: Um misto de energias boas , adicionada a uma pitada de atrevimento,
e voilá !
Servir quente com bebida gelada!
Eu gosto dos pecados de amor
Dos reflexos do corpo
Da pele arrepiada.
Gosto de arranhões tatuados nas costas
Calor humano , e um beijo insano
Troco o silêncio,
por palavras censuradas !
Sinceridade no olhar,
Não disfarça, não esconde,
nem o frio, nem a dor.
Tem coragem, tem bondade,
e um coração de pedra
coberto de amor!
Atrevida, impulsiva,
um dia ela se cala,
no outro grita .
É confusa, é real, é inteira
Ela é vulcão, não é fogueira.
É um manual, escrito em grego,
pra você ler.
Ela é livre, leve e louca,
e não há camisa de força
que lhe impeça de viver!
Chore às vezes , chore quando machucar , Chore baixinho , chore alto ; mas depois que chorar , lave o rosto , refaça a maquiagem , e corra pra encontrar alguém que te faça sorrir o dobro do que você chorou!
Não recomendo um primeiro encontro após os 40,
sem uma garrafa de vinho.
Ela é a mais indispensável das preliminares.
Viu que tinha as garras e as presas de uma felina, vivendo
em uma selva de pedra; não era mais aquela ingênua menina...
Outro dia experimentei uma taça de amor-próprio.
Agora coleciono garrafas vazias, toda hora é um gole!
A primeira vez que me apaixonei , eu estava bêbada.
A segunda também...
Será o álcool a droga do amor ?!