Mario Quintana Morte

Cerca de 21 frases e pensamentos: Mario Quintana Morte

[Inscrição para um portão de cemitério]
A morte não melhora ninguém...

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo...

Mario Quintana
Baú dos espantos, Porto Alegre: Editora Globo.1986.p. 596 p. 87.

Nota: Trecho do poema Conversa Fiada, compilado na obra referida de Mário Quintana.

...Mais

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

Há uns que morrem antes; outros depois. O que há de mais raro, em tal assunto, é o defunto certo na hora exata.

A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim...

A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos...

Mario Quintana
Libertação. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Ao Pé da Letra
Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta.

Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.

A morte é que está morta
Ela é aquela Princesa Adormecida
no seu claro jazigo de cristal.
Aquela a quem, um dia - enfim - despertarás...

E o que esperavas ser teu suspiro final
é o teu primeiro beijo nupcial!

- Mas como é que eu te receava tanto
(no teu encantamento lhe dirás)
e como podes ser assim - tão bela?!
Nas tantas buscas, em que me perdi,
vejo que cada amor tinha um pouco de ti...

E ela, sorrindo, compassiva e calma:

- E tu, por que é que me chamavas Morte?
Eu sou, apenas, tua Alma...

A morte é quando finalmente podemos estar deitados com sapatos.

Parece um sonho

Parece um sonho que ela tenha morrido!
diziam todos... Sua viva imagem,
tinha carne!... E ouvia-se, na aragem,
passar o frêmito do seu vestido...

E era como se ela houvesse partido
e logo fosse regressar de viagem...
- até que em nosso coração dorido
a Dor cravava o seu punhal selvagem!

Mas tua imagem, nosso amor, é agora
menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...

Mais perto estás de Deus, como um anjo querido.
E ao relembrar-te a gente diz, então:
Parece um sonho que ela tenha vivido!

Quando um amigo morre, uma coisa não lhe perdoamos: como nos deixou assim sem mais nem menos, assim no ar, em meio de algo que lhe queríamos dizer ou – pior ainda – em meio do silêncio a dois no bar costumeiro? Que outros hábitos, que outras relações terá ele arranjado? Que novas aventuras ou desventuras de que não nos conta nada?

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

A morte é o aperitivo da vida.

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Lá dentro apenas sopra um ar, de morte.

Mario Quintana
Nova Antologia Poética
Inserida por Nathaliapaduan

O mais difícil na morte é acomodar-se a gente aos novos hábitos.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador

Nós todos levamos o anel da morte e um dia temos de o trocar com ela.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador

Um poema só termina por acidente de publicação ou de morte do autor.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador

A morte não iguala ninguém: há caveiras que possuem todos os dentes.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador

A morte é um abrir de todas as porteiras; um desabalado tropel de cavalos.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador