Mario Quintana fim e Começo
Desfruta da cor, da luz, do cheiro ou de qualquer outra sensação.
Desfruta da noite ou do dia, da chuva ou do calor.
Desfruta do nascer ou do pôr do sol.
Ou desfruta da árvore e da sombra que te fazem olhar à volta e descobrir ... mais para desfrutar.
Desfruta, acredita, avança, irmão.
Porque mesmo na tempestade o céu é belo, o vento zangado sopra as velas e o mar revolto mantém à tona o teu ser.
Quando corre, umas vezes o rio abraça, outras vezes contorna. E nesse contorno que faz, novos abraços vai dando.
Quando andares pelas ruas se encontrar dois mais velhos brigando deixa-os porque sabem o que fazem, mas se for duas crianças separa-os porque são inocente de tudo.
Pode, como, aliás, o faz, aspirar o homem a um bem limitado concreto, cuja aspiração não será vã, porque é alcançável, desde que o bem exista. Mas o homem aspira a mais, mais elevado, ao bem supremo, e seria vão esse aspirar se Deus não existisse.
Podem desesperar-se os filósofos a construir filosofias de desespero, mas tal não impedirá que ela prossiga em sua marcha, confiante no inesperado, no imprevisto, que poderá modificar toda a feição dos fatos. Nisso consiste, nessa luta sem desfalecimentos, toda a dignidade do filósofo.
Não consegue o materialismo fugir ao religioso. É uma religião da matéria, a qual passa a ter todos os atributos divinos, menos o de ter consciência de si mesma, o que só vai verificar nos seres superiores, e a consciência de sua consciência, no homem.
O gênio não vence por si, mas apenas sobra ou sobrevive da derrota total. Esse é o aspecto trágico da genialidade. Por isso, não se podem acusar as multidões de não compreenderem os gênios. Eles têm que ser incompreendidos (...) Só uma humanidade de gênios poderia entender os seus gênios.
Em todas as doutrinas, mesmo quando erradas, há algo de verdadeiro, não, porém, suficiente para refutá-las in totum, embora in partem.
Na verdade, na história da humanidade, quase todos os famosos ‘amigos do povo’ foram ligados aos grandes exploradores.
Todo existir tem um só vetor: buscar a perfeição do seu bem, o seu maximum de perfeição com o minimum de dispêndio.
Se o que vem a ser não é, o vir-a-ser prometeico viria do nada, e, nesse caso, o nada teria aptidão de ser, o que já lhe daria uma eficacidade e deixaria de ser nada para ser Ser. (...) Neste caso, tudo quanto se dá no Devir já é, e o Devir é o apontar do que é; é o apontar do Ser, símbolo do Ser.
A reminiscência platônica é apenas a possibilidade de atualizar, pela consciência, o anelo ao supremo Bem e aos valores hierarquicamente colocados.