Mario Quintana fim e Começo
A mente necessita ver um sentido em tudo e quando não encontra atribui a algo superior. Eis a gênese das religiões!
O antagonismo entre comunismo e cristianismo se deve mais as semelhanças entre as duas ideologias do que as diferenças.
Aquele que deseja tornar uma ideia em uma ideologia hegemônica deve inocular a teoria de forma gradual, de gota em gota até que o líquido preencha todo o recipiente.
Não compactuo com nenhuma ideologia política ou religiosa, pois elas tornam a humanidade algo separado.
Quem acredita que o que é exibido na televisão é algo espontâneo precisa rever os próprios conceitos.
Do medo e da ignorância surgiu a religião, por isso os sacerdotes pregam que se deve temer a Deus e não duvidar do livro sagrado.
Sempre desconfie daqueles que dizem seguir a vontade de Deus, pois eles devem estar falando isso com o objetivo de justificar os odiosos fatos que cometem.
Ser professor requer uma abnegação, pois você trabalha para que outro obtenha o sucesso e é na conquista do outro que se encontra o galardão do professor.
Se é através dos frutos que se reconhece a natureza de uma árvore, então o que de bom existe no fanatismo religioso presenta na maioria das crenças.
O mundo é tão belo que não há como entender as ilusões metafísicas sobre um lugar melhor do que este.
Sempre que se está prestes a morrer surge o pensamento de que ainda se tinha muito para fazer, pois vemos a vida como um eterno fluir e isto é verdade. Resta perceber que sua missão não é correr, mas desaguar no vasto oceano até que tuas águas sequem e outros rios continuem a sua missão.
"TERRAS CATARINAS"
Lembro dos campos nevados
das poças congeladas
que meus pés de menino
insistiam em pisar
até quebrar
até congelar
até saciar...
Lembro da mata em setembro,
das flores do Jacatirão
da ameixeira torta
de tantos frutos
já cansada
quase morta...
Lembro da velhinha de pés descalços,
descendo a montanha faceira
um balaio de aipim na cabeça
como se peso não houvesse
como se ver os netinhos
fosse-lhe o céu prometido...
E tudo pra ela era fácil:
Raio era "a luz do céu"
trovão um boa noite de deus...
Os ventos de Junho e Julho
tinham que existir
para quebrar os galhos das árvores
que queimariam no fogão
para ferver a agua
para fazer o mate
que nos reuniria
em volta da quente chapa
e o calor das pessoas
era mais quente que o fogo...
Lá na Serra Catarina
de onde me sorri uma menina
que há muito tempo se foi...
(M. J. Ventura, Macapá, AP, 2006)