Marginal
Agudo
agudos são os versos
aguda é a dor
agudo é o medo
agudo é o temor das pessoas
agudo é tudo!
Tudo por aqui é agudo.
A violência é aguda e nada incipiente.
As pessoas são agudas
as ações tendem a ser agudas também.
A cachaça é aguda, proporcionalmente à frustração de muitos por aqui
e por isso tantos bebem, desde muito cedo bebem e se viciam
e viciados, não conseguem mais se safar, padecem a míngua
desmerecidos e desacreditados por terem fraquejado
por terem se deixado levar pela vida difícil desse lugar.
E tinham outra opção? Talvez tivessem
se aguda fosse a educação das escolas daqui!
Mas, não! Não é.
Agudo é o tráfico que compraz os jovens
Agudas são as drogas que por aqui matam muito
não só mata jovens, mata famílias, mata a comunidade
mata o bairro, mata a cidade.
Agudo é o crime organizado que se organiza do jeito que dá
a revelia do poder público, sucateado pela máquina corrupta instalada.
Aguda é a ingerência do Estado
que tudo vê e nada faz.
Aguda é a tristeza que se vê aqui, mais aguda que em outros lugares.
Agudas são as reações que se seguem nesse contexto de caos
Agudas feito a ponta de uma lança ferindo corpos
matando gente, dia após dia.
Seu cheiro na minha cama e alguns fios de cabelo.
Suas marcas em meu corpo, Estou rindo frente ao espelho.
Ainda nem acredito, que loucura surreal.
Quero uns milhões de beijos desse amor marginal.
O berro do bueiro
Aquele som estranho dos carros bêbados
descendo a rua acelerados
e eu ali parado
vendo o movimento da madrugada
fria e dura a me espreitar.
E todo aquele ensurdecedor silêncio no ar
e o barulho dos cães latindo sem propósito
e dos galos cantando fora de hora,
enquanto os passos mudos de alguém vira a esquina em sinfônia randômica
e a orquestra da vida noturna aleatória rege o caminhar cuidadoso dos gatos
a espreita dos ratos
e dos ratos a espreita das sobras e restos
nos ralos e bueiros sujos e cinzas da avenida meu Universo.
Na calçada, esperando o caminhão da coleta passar na segunda,
o monte de lixo amontoado na esquina,
sendo revirado por todo mundo -
(cachorro, gato, rato, cavalo, gente...).
Naquela hora, a neblina que baixa sobre a rua
e encobre o plano, aumentando o drama e criando o suspense que nos comove.
Ao fundo, o som dos aviões na pista do aeroporto
aquecendo as turbinas e os motores para a próxima viagem.
De repente o rasgo abrupto
do sopro e do grito afoito
ecoando imaginação afora
e fazendo firulas no ar escuro da madrugada,
o estrondo no céu parecendo trovão
e o deslocamento massivo de ar
que canta melódico sua fúria, enquanto surfa pelo vácuo do éter febril do firmamento.
Isso encanta, mas também assusta.
De repente alguém que grita
e a multidão na praça se alvoroça
e volta a ficar muda e bêbada
e cega e suja e dura e pálida
e surda e débil e bêbada.
E o susto repentino na fala de alguém que reclama alto
e foge rápido, sem destino,
só corre por causa do risco imensurável que impõe-lhe o medo.
Sozinhos, a essa hora, todos estão em alerta por medo do que não se vê:
- O rato corre do gato
- O vento corre no vácuo incerto como o susto do medo
do vazio que traz desassossego
e do incerto que ninguém quer pagar pra ver.
Enquanto dorme o bairro só eu estou acordado...
Olhando para o tempo em silêncio,
para o vazio a minha frente,
auscutando meu coração acelerado,
tomando o último trago,
fumando o penúltimo cigarro
e assistindo de camarote a chegada triunfal do sol, antes do fim.
Me cansei disso aqui, me perdi pra isso aqui
Nisso de não saber quando falar
Muitos dos nossos falam sem saber
Nem é descuido, é que... tudo pra aparecer
Isso aqui é só teatro, todos em atuação
Antes, é melhor pensar na tua ação
5 min no insta e museu tendo menos exposição
Cês são tudo o q expõem ou só expõem o q querem ser?
E isso nem vale a reflexão, já que qualquer foto com bebida chama mais atenção
E essa rede aumenta conexões enquanto tira a profundidade
Em meio a tantos seguidores, poucos seguem seus ideais
Espero que sejamos, no futuro, ideais
E, apesar disso tudo, ainda somos o futuro
Mas seremos ainda mais importantes
Sejamos livres: seja o que quiser ser.
E se o destino existe
Acredito que o destino dos alunos de colégio público é ser a transformação
Assim como as tatuagens e piercings não transformam as pessoas em marginais, ternos e gravatas não transformam as pessoas em éticas, honestas e decentes.
É que naquela noite eu tava no submarino nuclear e era noite de luar... E no meio de tanta insanidade vinda de tanta radiotividade, descobri que é bem parecido estar apaioxonado com estar entorpecido... E, de cabelo em pé e tudo flutuando atirei no peito pra ir adiantando...
Nesse período de demência, não confundir ausência de crença com total perda de inteligência. Quando ouvi o que pensa, minha sapiência e tudo mais ao que se dá valor nesta existência perderam a paciência. Hoje à noite te sequestro.
Talvez,
Com um pouco de sorte
Alguma bebida forte
E qualquer pista pro norte
Eu feiche esse corte...
...e com outro passaporte
Acorde
Dessa delícia de morte
A escassez de politicas publicas educacionais e culturais de qualidade e responsáveis por parte do estado, precipita uma população gigantesca desamparada. Ativos gestuais tecnológicos analfabetos cada vez mais polarizados e fundamentalistas. Com advento das facilidades e popularidades da telefonia móvel sem a devida ordenação fiscalizadora e legalização, a sociedade institucional publica permissivamente alheia assiste imparcialmente por erro culposo, consequente o farto acesso sem critério das redes sociais que passam em si a serem um instrumento perverso e plataformas alienadas para um programa para a pulverização de falsas noticias, tendencias doutrinarias dominadoras e boatos, a uma população abandonada, que passa a crer cegamente em tudo que mais se aproxima do seu tosco entendimento, predileção pessoal embasado simplesmente em seu individual interesse como verdade. Em contra posição por predileção pessoal também por interesse, repudiar e crer indubitavelmente como criativa mentira manipuladora e ficcional absurda, toda informação e noticia que aparece em contrariedade com suas pessoais e inseguras, poucas convicções, muitas vezes provocando alianças errôneas desastrosas com convicções de falsas governanças paralelas e marginais agravando a inseguridade. A exemplo disto, tem se observado de forma cada vez mais frequente, tal fenômeno politico-social cultural de forma bem clara nas campanhas eleitorais, partidária politica e no marketing piramidal direto de massa nas seitas religiosas neo-pentecostais que se espalham e afastam em muito, do comportamento e faculdade de livre arbítrio cívico e cidadão. A desigualdade e a diversidade enquanto dificuldade desampara o cidadão comum, este sobrevivente invisível que habita na base da piramide social que vem se afastando cada vez mais da realidade contemporânea do estado democrático de direito e de toda e qualquer posição jurídica laica constitucional que doutrinariamente seria a garantia de felicidade, individualidade, diferença e liberdade.
Dezenove milhões de excluídos que cumpri todos os dias, sem saber se é bom ou ruim, seu dever e direitos civis e políticos de um Estado, sendo subordinados em funções iguais ou piores dos tempos de escravidão.
Minha vida foi andar,
Pelas estradas da vida.
Pelos caminhos que eu passava.
Construía meu ninho.
Curtia rock e bebia vinho.
Hoje em dia vivo de história.
E o rock ficou na memória.
METAMORFOSEAR
Mudo meu corpo, meu jeito.
Mudo tudo.
Transformar é o que me resta.
Sou escritor, sou poeta, nesta festa.
RAZÃO
Sem a loucura
Das químicas.
Que anima.
A razão
Da loucura pura.
Da mente, da gente.
A loucura das aventuras.
Que esta nas escrituras.
Amanhece o dia.
O dia amanhece na periferia.
Abrem se as janelas, das casas e barracões,
De tábuas e alvenarias
E começa um novo dia.
O vento sopra na tarde de mais um dia.
No portão, deitar ao chão, nuvens no céu.
Figuram-se nas mentes de quem for capaz.
A garota e o rapaz sentados na praça a olhar
A rua calma, as pessoas passam.
O vento sopra o tempo.
Tardes pra andar.
Tardes pra pensar.
Tardes pra descansar.
ANOITECER NA PERIFERIA
PARTE III – epilogo.
É chegada a hora, a tarde vai-se embora.
E o anoitecer vem chegando às periferias.
A noite vem se apresentando e, com ela, os transeuntes.
Passando de um lado para o outro, uns vêm das fábricas.
Outros vão para as igrejas e muitos já estão ingerindo geladas.
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