Marginal
Dezenove milhões de excluídos que cumpri todos os dias, sem saber se é bom ou ruim, seu dever e direitos civis e políticos de um Estado, sendo subordinados em funções iguais ou piores dos tempos de escravidão.
Minha vida foi andar,
Pelas estradas da vida.
Pelos caminhos que eu passava.
Construía meu ninho.
Curtia rock e bebia vinho.
Hoje em dia vivo de história.
E o rock ficou na memória.
METAMORFOSEAR
Mudo meu corpo, meu jeito.
Mudo tudo.
Transformar é o que me resta.
Sou escritor, sou poeta, nesta festa.
RAZÃO
Sem a loucura
Das químicas.
Que anima.
A razão
Da loucura pura.
Da mente, da gente.
A loucura das aventuras.
Que esta nas escrituras.
Amanhece o dia.
O dia amanhece na periferia.
Abrem se as janelas, das casas e barracões,
De tábuas e alvenarias
E começa um novo dia.
O vento sopra na tarde de mais um dia.
No portão, deitar ao chão, nuvens no céu.
Figuram-se nas mentes de quem for capaz.
A garota e o rapaz sentados na praça a olhar
A rua calma, as pessoas passam.
O vento sopra o tempo.
Tardes pra andar.
Tardes pra pensar.
Tardes pra descansar.
ANOITECER NA PERIFERIA
PARTE III – epilogo.
É chegada a hora, a tarde vai-se embora.
E o anoitecer vem chegando às periferias.
A noite vem se apresentando e, com ela, os transeuntes.
Passando de um lado para o outro, uns vêm das fábricas.
Outros vão para as igrejas e muitos já estão ingerindo geladas.
GARI
Catador de lixo.
Aqui e ali.
Lixeiro, sim senhor.
Cheiro de suor.
Trabalhador.
Onde esta o desprezo.
Logo ali,
Vem um gari
É isso aí.
HIP–HOP
Favela Lugar de gente sofrida.
Dizem que só tem bandido.
O coração fica ferido.
E daí a vida é airada,
Na favela tem gente que trabalha,
E daí tem a vida que é foda
Tem o pessoal do Hip Hop.
O som que fala.
Não é nenhum som pop.
Este é o som que fala.
Fala dos problemas,
Quer apontar a solução.
Que todos querem é educação.
Esporte e lazer ter prazer.
Pra poder viver.
É do gueto, que é deste jeito.
É de sangue na veia.
É do pensamento.
Ë do elemento e tem o conhecimento.
Grafite, Dj e Mc’s nós somos assim.
O som que veio da comunidade,
Como uma pequena ilha,
O som que tem a sua Gíria.
Bate-cabeça é nosso estilo.
E o gênero é Rap positivo.
B.boy chapo a coco com rap no pé.
Mostrar para os Gambé que temos fé.
Não tem problema.
O Rap é arte e poema.
Fica a Pampa que ninguém estranha.
É isso ai embaçado.
E fim de papo.
A LEI
Os gatos no telhado
Os homens com os ratos
Sentados na sala.
Armando as malas.
Nos degraus, desesperados.
Com os miados.
40 ANOS.
Porque muito se diz:
“A vida começa após os quarentas”.
E na periferia é assim, a periferia é assim.
Periferia, tiros.
Pá, pá, pá...
Sangue no jornal.
Abandono total.
Quarenta anos de periferia
Não era o que queria.
O que eu queria mesmo.
Era me mandar...
CÁRCERE
Agora
Depois do... depois de...
O homem volta a ser.
Um ser sagrado
Tudo será perdoado.
Não foi nenhuma
Passagem fenomenal.
Não era nem carnaval.
Apenas natal.
Do indulto ficamos mudos.
Saímos pro mundo.
Pensamos, mas não voltamos.
A dor da gente.
É a dor que sente
A minha mãe.
A minha mina.
Pobre mãe.
Pobre meu pai.
Descanse em paz.
Minha mãe, também foi uma menina.
Por favor, entendam.
Meus amigos parentes e vizinhos.
A minha expressão.
Não está na proporção.
Do meu coração.
FAVELA.
Favela
Viver nela
Todo dia.
Favela hoje.
Favela amanhã.
Favela menino
Favela, sim senhor.
Favela menina
Favela sim senhora.
Nos também temos história.
Periferia viver nela
Todo dia, a vida brilha.
Porque existe a poesia.
Favela.
Morar nela.
Todo dia.
Vamos mais além.
Dizer pra todo mundo.
Que aqui é terra de bem, também.
Favela periferia.
Com a poesia.
Toda a comunidade brilha.
Por toda a vida.
HuMAUnidade
Gente que só pensa em si.
Maltrata a alma.
O corpo ele acaba.
O lugar é meu.
Conquiste o teu.
Vive na superioridade.
Nada de oportunidade.
"O desespero não era pelo espetáculo que se despedia. E sim pelo teu beijo de arquibancada na boca que não era a minha"
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