Maré
"Meu coração clareia
Amanhecer de verão.
Corpo brinca na areia,
A alma na imensidão,
Sol no céu escaldeia,
Mar derrama canção.
Vida luz em maré cheia,
Ondas brancas de algodão."
Lori Damm ("Leãozinho", Contos, Crônicas & Poesia)
Minha vida é um rio
Cheio de água e barcos
Como da para nadar ou remar
Mas só com um deles irei me apaixonar
Já muitos barcos passaram
Pelo meu lindo rio
Muitos remarem contra maré
E alguns deles sumiram
Rio de maré negra
Que de boa vista não tem nada
Por ser um mal perdedor
Ao por falta de um bom nadador
Água perdida pelo oceano
Que não sabe onde se enrolar
Estará perdida
Ao não quer se encontrar
Barco que passaste
E deixaste estes teus rastos
Passa de novo e leva contigo
Porque eu não gosto de desgastes
O ARQUIPÉLAGO
Viajei pelo Atlântico
No meu barco a navegar
Encontrei uma bela ilha
Que passei a explorar
O lugar é um paraíso
Por isso o meu juízo
Foi pra sempre ficar lá
Mares Macia Mariana
De bela pele oblíqua se faz rubro
De cada som estimulante
De cada tom bruto
De cada bruta natureza
Branca, eneveia o toque da pele
Vermelha, de baques de águas calmas
Preto, pérolas se faz o olhar
Azul, de meu mar
Tormento em devaneios
Meus, para os seus
Conflitos em dialetos debatemos
Da Tempestade marítima
Sumica meu amor
Devotada, afogada em tu
Ser, é o livre que passa em suas ondas
Minha maré, meu amar é.
MAR que vem e me agora
Em desespero de olhar
Que vácuo me consola
De saber de vai chegar
E dizer para eu parar de se besta
Em pensar
Mas no fim IRA me amar
No simples NA de Mariana.
Att. Aurora N. Serra de Mendonça
Aquele lugar não era meu lar e eu precisava sair dali, mas ainda cego permanecia. O que eu achava ser luz, era um mar de escuridão. E quando a senti, era tão densa que chegava a ser palpável. A inalei e quase sufoquei. Fui arremessado brutalmente num poço que parecia não ter fim. E caía como que em câmera lenta, vendo aquela saída cada vez mais distante.
Com um nó na garganta não conseguia pronunciar uma única palavra.
(...) Já não tinha mais forças para continuar me debatendo e fui levado pra longe por aquela maré de incertezas e solidão. Talvez só estivesse cansado de nadar contra ela, então deixei aquele lugar para nunca mais voltar.
Viagem
Uma viagem sem fim, sem volta.
E ela nunca acaba, nem antes, durante ou depois.
Não há vendavais e tormentas;
É uma maré lenta em uma embarcação que está mais que cheia, porém vazia.
Vazia? Esvaziando o vazio das viagens ao lado.
O mar limpa meu corpo com seu sal, revigora a minha alma e leva de mim tudo o que me faz mal. Suas ondas acolhedoras me abraçam, levando embora as preocupações, tristezas e cansaço. Nele, encontro renovação e paz, como se toda a negatividade fosse levada pelas marés. No mar, encontro um refúgio para a minha mente e um bálsamo para o meu espírito. Ele me lembra da imensidão do mundo e da importância de me conectar com a natureza. Em sua presença, sou plenamente eu, livre para ser quem sou, deixando para trás todas as impurezas do dia a dia.
Tarde Provençal
.... De repente estava eu lá, sentada na areia da praia, sentindo aquela brisa da tarde e pensando que a noite gelada estava por vir. Era outono, e o que eu podia esperar, a não ser me abraçar a uma xícara de chocolate quente e observar a noite cair da janela do meu flat alugado em Provence.
Comecei a juntar os pontos de areia na praia, cabeça baixa e coração distante, tentando trazer imagens que pudessem lembrar-me de algo que não queria esquecer...
A maré subiu e junto com ela as imagens que eu tinha criado, e a tarde estava cada vez mais indo e levando consigo as minhas lembranças e me trazendo as carícias e a saudade que eu estava de você. Pensar em você é a atividade mais prazerosa do dia, sentir você então é um sonho bom que invade meu corpo e me entorpece.
Não sei se você irá se lembrar daquele nosso encontro bom. Minha boca estava com a palidez de uma vela pedindo pelo amor de Deus para não ser acesa e ao mesmo tempo clamando pelo ardor de uma chama quente e intensa. Naquele primeiro dia eu gostaria de estar representando a pessoa mais perfeita e plena, mas muito pelo contrário, eu estava era assustada e com medo, mas o seu olhar.... ele me invadiu de tal forma que eu desejei estar com banho recém tomado para que o perfume da minha pele invadisse você e mostrasse quem mandava ali, mas não, estava eu perfumada sim, mas não com a intensidade que a ocasião permitia.
Como seria um amor feito ali? Com uma pessoa que eu mal conhecia? Sim, a loucura tinha batido em mim e eu não queria nem um pouco que ela fosse embora, muito a bom gosto, eu estava amando tudo aquilo. Suas mãos tocavam e percorriam o meu corpo com uma sede carente que me levava às geleiras do Atlântico em menos de 5 segundos e ao mesmo tempo me introduziam para dentro do Colima ocasionando explosões de desejo e prazer que insistiam em percorrer todas as entradas que eu permitisse.
O seu beijo me trouxe sensações que eu esperava sentir quando a adolescência prevaleceu mas agora, na mais adulta das mulheres eu estava criança, rindo à toa ao receber um doce de brigadeiro. Não demorou muito para que a entrega acontecesse e o calor do seu corpo invadisse o meu sem pedir permissão, e claro eu daria o aval.
Mas como tudo que você pensa de positivo, acontece, você em um único movimento me trouxe para o encontro do seu tronco e pude sentir sua pulsação viril me invadir de tal forma que não pude deixar de me entregar e ser sua ali mesmo, tornar-se sua posse, seu desejo bom. Se eu tivesse que levantar dali, exatamente naquele momento, devido o transe que eu estava fatalmente eu cairia no chão, pois minhas pernas estavam bambas e meu coração parecia um solo de bateria, e daqueles pesadíssimos, com certeza a minha expressão era de surpresa por se estar permitindo ser invadida pelo desconhecido e meus olhos marejaram.
Neste momento o mar respeitou o meu silencio invadindo-me com uma água morna e acalentadora de final de tarde me trazendo para o nude das areias e o alaranjado do por do sol que já estava até indo embora deixando –me com o biquíni álgido e cada vez mais preso ao meu corpo que a esta altura já estava tenso ao acordar de um sonho. Sim, adormecer em Provence e pensar em você, sentir você foi um sonho bom com a sensação de prazer cumprido misturado com seu toque aveludado e ríspido ao mesmo tempo e fazer com que essa sensação se tornasse real seria o meu segundo passo.....
Eu pensava
ser o mar
até uma onda
eu me tornar
e ver o meu
corpo todo
dentre rochas
a se quebrar
imensidão
maré mansa
gota d'água
evaporar
se hoje estou
entre nuvens
muito em breve
voltarei a(o) mar.
VIDA é o movimento das vindas e idas. Assim como o mar, que com suas ondas eternamente dança entre a maré alta e a baixa, refletindo o eterno ciclo de desafios e calmaria.
Sou feita de sonhos. Sonhos que me carregam nas asas da imaginação e me levam a embarcar em um lugar qualquer: por vezes em alto mar em outras, em baixas maré !
Vamos amar o nosso destino com harmonia,
Vamos aceitar o processo, a vida como ela é...
Dores, infelicidade, incertezas ou alegria,
Para evoluir e crescer, é preciso entender a maré...
"A MAR É"
Para o bom investidor
Quando tudo está em baixa
E o cenário é de terror
Eis aí a hora exata
Alçar velas a favor
Duma maré insensata
No repuxo traz o amor.
Não teve flores
Não teve velas
Não teve missa
Caixão também...
Foi enterrado
Junto à maré
Por operários
Mesmos do trem...
A flor de orvalho
Pendeu da nuvem
E pelo chão
Despetalou...
O céu ergueu
A hóstia do sol
E o mar em ondas
Se ajoelhou...
Cortejo lindo
Maior não houve
Do que o da morte
Desse amiguinho:
Iam vestidas
Com a lã das nuvens
Todas as almas
Dos carneirinhos!
Os gaturamos
Trinaram hinos
No altar esplêndido
Da madrugada;
E o vento brando
Desfeito em rimas
Foi badalando
Pelas estradas!
Diabo: À barca, à barca, houlá!
que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
Companheiro: Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
e atesa aquele palanco
e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.
À barca, à barca, hu-u!
Asinha, que se quer ir!
Oh, que tempo de partir,
louvores a Berzebu!
- Ora, sus! que fazes tu?
Despeja todo esse leito!
Companheiro: Em boa hora! Feito, feito!
Diabo: Abaixa aramá esse cu!