Mãos
Num sonho distante
Vejo em minhas mãos
O desejo de vencer
Sentir a liberdade
Abraçar a vida
Andar de mãos dadas com a alegria
E ser melhor amigo do amor.
esperando contato
entre nossos corpos
de mãos dadas
vivendo nossos sonhos
numa reação de amor
uma dança animada.
o tempo foge das mãos
enrugando a pele em detalhes
ao amortecer da vida,
declarando um novo alvorecer.
Nas suas entranhas,
mãos estranhas.
Era violação.
Arrancaram-lhe
a inocência.
Arrancaram-lhe
a vida.
Sentiu-se morta
mesmo sem culpa!
Sentiu a dor,
engoliu seco o rancor
daqueles monstros
que até falavam sobre amor!
Há pessoas que vivem em função de esquentar a cabeça alheia. Mas, existem aquelas que tem as mãos que doam amor e promovem a paz. Que assim sejam as suas.
ONDE ESTÁ A JUSTIÇA
Onde está a justiça?
foge de nossas mãos
quem sabe na suiça
pois aqui não tem não
Trabalho, sou assaltado
não trabalho, fico devendo
sozinho e sem aparo
assim mesmo vou sofrendo
Levaram tudo o que suei
pra ganhar com honestidade
me vi ser lesado e chorei
impotente, perdi a vontade
Sem vontade de trabalhar
mesmo assim vamos levando
pra, quem sabe, alguém terminar
mais um dia me roubando
Em matéria de cão, não quero ser um de madame tendo tudo nas mãos.
Prefiro ser um genuíno cachorro de feira, que luta, apanha, leva pontapés, más se mantém de pé.
ALÉM DA POESIA
Se outrora, no princípio, a prosa foi talvez
Num sentimento que pelas mãos escorria
E, a alma em poética e sonhadora nudez
A doce ilusão permanece além da poesia
Quando floresce, latejante, mais uma vez
Sinto que o amor existe com vária fantasia
E, dando carinho e sensação sem timidez
Cria-se os versos tão lotados de ousadia
Se do profundo ardor ergue-se o momento
Não pode ser fim em eterno esquecimento
Pois, o poetar tem movimento e sensação
E sinto, ó deidade, a farsa que então seria
Um verso sem cor, sabor, cheiro e cortesia
Estaria vazio de olhar, toque e de emoção...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/03/2023, 10'50" – Araguari, MG
Separe algum tempo para
ser útil a alguém.
A vida é via de duas mãos,
vai e vem...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO DAS ROSAS
Rosas, poemas da natureza, poetadas
Por mãos, que também oferecem rosas
Cativantes, ao amor tornam suspirosas
E ao desafeto são tristes e desfolhadas
Já as vermelhas para paixão, afanadas
Ornando o olhar, se dando primorosas
Cheias de significado, e tão formosas
Também, bem às emoções esfalfadas
És cheiro nas lembranças silenciosas
Lágrima infeliz nas perdas passadas
Sois trovas alfombradas às amorosas
Ah! Belas damas várias e tão encantadas
As primeiras, as derradeiras, carinhosas
Só tu rosas, para coroar nossas estradas
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
SONETO DA PAIXÃO
Há que bom seria, poder tocar-te
Enrolar as minhas mãos no carinho
Entrelaçar o meu olhar no teu linho
Das carícias, assim, então amar-te
Há se eu pudesse trilhar o caminho
Dos sonhos que te fazem à parte
Dos ardentes desejos, ó doce arte
Bebida no afago, em taça de vinho
Onde andas tu ó cálida paixão baluarte
Venha e da solidão arranque o espinho
No vitral do sentimento és estandarte
Te quero no peito, coração, no verde ninho
Te espero no tempo que a demora reparte
Qualquer hora, não seja tarde, aqui sozinho!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
E quando não houver saída,
cave uma nova brecha
com as mãos na lida...
E a superação como uma flecha.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Mãos vazias
Eu me esqueci na portaria
Do silêncio árido do cerrado
Me perdi no hall da fantasia
De um passado inexplicado
Pensei ter tido só a alegria
Vi que nem tudo é alegrado
O armário está de porta vazia
Confundi o fado com legado
Achei que sendo, seria cortesia
Vi que embutido, sou parado
E nesta surpresa oro teimosia
De um solitário sem sinfonia
De um poeta sem a poesia
Mi vi de mãos vazias...
Luciano Spagnol
Maleta de viagem
O poeta veio pro cerrado
foi visto na meseta
em minas foi saudado
nas mãos poemas e uma maleta
QUASE POESIA (soneto)
Poesias, que já inspiraram, amarrotadas
por mãos, também, que as aprimoram
as suaves e tristes, também as amadas
as dos beijos suspirosos, que já se foram
Umas indesejadas, outras atormentadas
dos sonhos fanadas, no coração moram
tem as dos emaranhados destrançadas
e as que as centelhas da criação imploram
Umas que morrem na alma silenciosas
outras cheias de viços e bem amorosas
as desventuradas, primeiras, derradeiras
Aí! Quem melhor que vós, oh primorosas
para coroar-me, poeta, e ter-te gloriosas
evocando, quase poesia, por belas prosas?
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 17 de novembro
Cerrado goiano