Mãos
Ser surpreendido como o olhar de uma criança no circo. Perder a razão e mesmo assim ergue as mãos. Aquela velha prisão sem grades onde o limite e a vaidade.
Só não brigue por motivos fúteis, aproveite ao máximo o que tem em mãos, analise a situação e pense bem, tenho certeza que ira clarear o problema e perceber que o tempo que gastou era um tempo útil que estava perdido na escuridão, de razão ao seu coração e mande tua cabeça se calar pelo menos uma vez...
Hoje refleti sobre um pedaço de fita cor de rosa que segurava sobre as mãos, e brincando comecei a dar voltas. Em alguns movimentos a transformei em nós, em outros um simples laço. Inicialmente enrosquei em minhas mãos, e no vira e desvira, enrola e embola, passa e repassa transformei a fita num laço. E assim também pensei, laço é abraço, coração com coração, laço e abraço cercado por fitas e mãos. Mas onde colocar um laço? Lembrei que pode ser no presente (aquele que ganhei outrora), no cabelo comprido da moça bonita, no boque de flores que recebi de presente. O laço eu coloco onde quero enfeitar! E se eu puxar uma ponta? Aos poucos desmonto o laço, que devagar escorrega em meio aos meus dedos, se desmancha e se desfaz! Então percebo que assim é o amor. Feito de laço, que se desfaz a qualquer momento. E como diria Quintana, amor não prende, não sufoca, não escraviza e nem aperta. Porque quando vira nó, simplesmente deixou de ser laço!
Eu enfrento a vida com as mãos cheias de flores, não uso armas, nem dissabores. Uso o amor, me transbordo da paz e do perfume das flores que espalhei pelos caminhos que andei... O que eu colho? Uma tal de FELICIDADE.
Todas as vezes que coloquei minhas mãos no fogo por pessoas que considerei certas, queimei o braço todo. Me vejo ridículo, mas no fundo isso parece ótimo também; Só assim percebi que as pessoas vivem como ovos, protegidas por uma casquinha que querem mostrar, mas por dentro, são todos iguais, todos tem um lado amigável e egoísta, um lado angelical e um lado diabólico. As pessoas são cascas. Todas vulneráveis à tudo.
Bom não passei nem dos meus 25 anos de vivência, mas as escolhas que tomei me deixaram velho. O que é o certo nos dias de hoje? Tudo está numa balança. O certo e o errado não passam de uma questão de opinião, tudo é julgado pelo ângulo em que é visto. Ah, as companhias…. Morro de medo de ser a pior companhia, pois isso afastaria muitos, e como uma pessoa sozinha vive? Não vive, sobrevive. A guerra interior é uma das piores, é o nosso eu contra si mesmo.
Que areia escorra das mãos e misture-se as águas.
Que o coração seja ferido , mas não morto.
Que meu amor seja seu, não por um momento,
Mas por todo o tempo em que minha alma puder amar.
A vida do incrédulo é como uma carga nos ombros e as mãos amarradas: quando cai machuca muito e se levantar é um sufoco.
Se não é real,
Você não pode segurar em suas mãos
você não pode sentir com seu coração
e eu não vou acreditar,
Mas se é verdade
Você pode ver com seus olhos
Oh, Até no escuro...
CIRANDA
Na ciranda, escapulia suas mãos das mãos.
Escapulia quando mais desejava, quando mais precisava.
E tudo o que queria... E tudo o que quer é:
Alguém que segure sua mão.
Alguém que a ache alguém.
Nem o tempo resolveu suas questões. Tinha desejos alheios a ela própria o tempo todo falava de si pra si, como se o mundo não fosse além dali, não fosse além do seu quintal com todas aquelas roupas mal penduradas, levadas de um lado para o outro com o vento. Ontem foi ao centro e sentiu-se apaixonada pela fivela da sandália que virou sua gula, por um instante sentiu-se escrava como se a sandália a comprasse, como se mais tarde a sandália que fosse calça-la, como se ela pudesse entre outras coisas ter o brilho daquela pequena fivela prateada que destacava mais ainda a beleza da sandália. “De repente meu pé podia caber ali, mas ali não cabe meu próprio mundo”. Ali não cabem suas crises, nem seu amor que partiu e a partiu ao meio, no dia que decidiu deixá-la, sem nem ao menos avisar-lhe. Ali não cabiam seus dias de infância quando corria para alcançar os outros e sorria ao encontrá-los em momentos de farta felicidade. Mas na ciranda, na ciranda sempre se perdia nas mãos, quando todos ao mesmo tempo encontravam-se ,quando as mãos abraçavam-se. Mas ela não encontrava e nem se encontrava. Estava o tempo todo e não estava. Esperou o amor no caminho de volta para casa, mas esse amor não veio. Nunca o encontrou, nunca. Por mais que buscasse e esperasse, não conseguia alcançá-lo e ainda não entendia em um piscar de olhos e outro porque ainda o via. Porque ainda o sentia, se ele não estava ali. Se ele nunca quis de fato estar ali.
A presença indesejada de suas emoções a deixava opaca escutava os gritos dos vizinhos que reclamavam da fumaça da fogueira que fizera próximo num terreno baldio. E aquela fumaça, bem que poderia vir até aqui realmente, poderia me incomodar um pouco. Não tenho tempo para lustrar meus móveis empoeirados e também eu não poderia apanhar a roupa do varal com sua chegada, dessa forma a roupa ficaria impregnada com o cheiro da fumaça, mesmo longe mesmo aos poucos ela iria me deixar um pouco dela. Mas eu também não caberia na fumaça, a fumaça não caberia em mim. Queria poder tocá-lo. Queria poder apenas uma vez tocá-lo. E assim sendo fumaça o faria ficar impregnado de mim e ainda que quisesse não perderia meu cheiro assim que eu virasse e eu estaria lá e estaria aqui. Sentada aqui, olhando as mesmas coisas, pensando mais uma vez, nos meus jarros quebrados. Deixo de ser flor.
E me torno mais uma vez a semente que precisar nascer, precisar empurrar-se ao mundo, num esforço continuo e detalhado, em dias e dias que segue num escuro abafado. Escutando, apenas escutando os sons que vem do alto, mas sem poder vê-los. Sentia o saciar de sua sede quando água vinha calmamente, mas não sentia a gota do orvalho, então entre um impulso e outro se esforçava para sair daquele lugar, para enxergar a luz da manhã, para dormir sobre as estrelas e assim tão pequena e tão frágil agigantava-se para sobreviver. E aos poucos num estado lento e continuo renascia, brotava de si para si. Mas e a ciranda?
“Como se minhas mãos não alcançassem, nunca completei a ciranda. Nunca fiz a volta. Como pedras desenhadas em jardins, eram meus companheiros da ciranda. Não tinham mãos, não tinham laços, não tinham.”
Eu não sou tão fria. Sempre abri as mãos. No fundo não queria guerra. Não tenho armas, só tenho sentimentos. E pra que armas eu só quero amor. ... Mas, o que mais ainda poderia ser?
O que mais ainda? Depois de tudo, do tudo que eu entreguei.
Não quero perder-me em sentimentos, mas não consigo chegar ao fim.
Não consigo ainda enxergar o fim. Mas o final será novamente o começo.
___ Lene Dantas
Entrego-te meus versos
Querido
Os deixo nas suas mãos
Não tema, guarde-os contigo
São fragmentos do meu coração;
Leia sozinho á noite
Lembre-se do meu amor
Repita meu nome baixinho
Faça de nós Lua E Flor.
Estarei na luz das estrelas
No céu e na luz do luar
Serei sua companheira
Nas noites que queira me amar.
Então meu amado querido
Guarde esses versos pra mim
E venha um dia entregá-los
No meu quintal, nosso jardim.
___Lene Dantas.
Prefiro chegar a pé
E vestida de trapos
Com versos nas mãos
Não quero o doce
Quero o fel para sentir o gosto bom
De adoçar o amargo
Quero o desigual o diferente
Não tenho medo dos segredos
Não tenho medo das verdades
Tenho medo apenas
De feras presas em mim.
___ Lene Dantas