Mano
Milagre é quando a vida te presenteia com algo bem maior, te fazendo renovar a fé. São presentes vindos por merecimento a cada dorzinha que sentimos no auge da tristeza. No milagre, você finalmente tem a certeza de que passou.
Que o fato de ter de nos tornar pequenos para caber em algum lugar não interfira na consciência da nossa grandeza.
SALMOS 27.4
Ler e estudar um Salmo pode mudar a história de vida de um ser desde que pratique e exercite a fé diariamente.
Do medo, que possamos tirar proveito daquilo que ele nos ensina. Que saibamos valorizar o 'de agora pra frente', e que os ontens sirvam apenas de lição. Que nada nos impeça de ver a luz do dia, e que as dores, o desamparo e o desespero se amenizem a cada nascer do sol. Que tenhamos força para ir além do 'espiar pela janela', que o arrependimento não nos sirva de pedras nos ombros, e que as vontades não realizadas nos ofereçam novos projetos a serem criados. Porque a vida, por muitas vezes não sendo como gostaríamos, não para pra gente se lamentar. Que valha a pena, todo santo dia, ter saudades, mas que jamais nos anulemos ou percamos a vontade de seguir em frente. E que a resposta pras coisas continuem a chegar de mansinho, porque eu sei que nada é por acaso. Aprendi que é sempre importante manter os pés no chão, e por mais que a razão nos mostre o caminho, tenho entendido que é com o coração que devemos pensar. Sempre.
Se você ama, você mente, finge, corre, esconde, machuca, magoa, pisa, se arrasta, ignora, joga fora, dá pontapés, inventa histórias, chama de nome feio, ri da cara, faz pirraça, perde, sofre, diz que vai esquecer... Mas não esquece. Cresce. Aprende a tratar como essencial o que antes não lhe fazia falta, não lhe cabia em suas ambições, não pretendia se matar para dar cuidados. Quem ama erra, erra... feio. Quem ama, muitas vezes não merece o perdão, e não o dá. Mas perdoa assim mesmo. Quem ama joga na cara as burradas que o outro fez. Vigia. Perde a confiança. Aprende a ser ambivalente, a estar junto e querer estar bem longe. Mas, acima de tudo e de todos, a precisar. Não banalizo os amores assim, nem os julgo. Os entendo. Compreendo. Sinto compaixão, não pena, e ofereço ombro, doo palavras bobas, ouço com atenção como se fosse uma prece. Quem tá de fora nunca sabe o que é amar-ferindo alguém. Nem eu (ainda bem?). Mas se me dizem é porque existe. E afasto de mim as teorias. Muitas vezes, o querem de nós não é um caminho, uma luz, uma solução. Querem mesmo é nos mostrar que onde há persistência não significa que falte forças para sair. Ao contrário: trata-se de guerreiros da vida, pois restam-lhes forças para ficar.
Havia uma vontade que escorria por entre os dedos feito água, em derramar alegria por onde passava. Não cabia nada mais que levezas em suas peças de roupa, o que combinava perfeitamente com sua alma. Era chegada a hora de dar início à verdadeira vida, aquela provinda de grandes mudanças. Nada repentino, tudo calculado, como mandava o figurino. A organização também sempre fora uma forma de proporc...ionar calmarias. Tudo se encaixava, feito quebra-cabeças, e tudo transpirava maravilhas. O dia de abandonar medos bobos e dar adeus aos ontens que não serviam para contar uma história bonita. O dia de abrir portas, uma atrás da outra, feito criança abrindo presentes no seu aniversário. O dia em que tudo aquilo que sempre quisera estava bem na sua frente, inclusive Deus, que sorria-lhe com saúde e aconchego de mãe. Era chegada a hora das coisas darem certo, de um jeito que a razão por ainda estar vivo tornava-se mais clara. O Quem Sou Eu e o Pra Que Eu Existo estavam postos sobre a mesa, e agora faziam todo o sentido. Quase que a mesma coisa, mas o fato era quem se encaixavam, destino e presente. Perdera a noção do tempo. Abrira a última porta, com uma graciosidade que nunca se viu. Havia somente uma carta, jogada ao chão. Nela dizia: O melhor ainda está por vir. Como, se sentia-se completo? Então desejou com fervor o tal melhor. E até hoje vive de esperas.
Sem perceber, a gente carrega a fé por onde anda. A gente aposta nas coisas, nas situações, nas pessoas, por mais que muitas vezes pareça que não vai dar certo. Mas a gente sabe que pode dar. Vai dar. A gente finge que esqueceu de um sonho, mas quando menos espera ele ressurge. O amor também. A gente acha que desgosta das coisas, mas não desgosta. É que o sentimento por aquilo que tanto queremos vezenquando precisa adormecer. O cansaço por lutar tanto pelo que se quer nos faz render. Mas tá ali, eu sei que tá, só esperando um sim, uma nova chance, uma oportunidade. Gosto dos tempos entre os acontecimentos, é o momento de intervalo em que a gente aprende a gostar mais da vida. E a usar a sabedoria adquirida a nosso favor.
Quem sabe esse tempo de espera não seja apenas um teste ou uma provação necessária para que eu perca meus medos infantis de ver um amor partir. Ou ficar. Aprender. Semear. Se amar. É nesse tempo sem alguém do lado que entendo que é preciso saber ser feliz sozinho. Porque quem não é feliz consigo mesmo, não é capaz de ser feliz ao lado de outra pessoa. Afinal, felicidade vem de dentro, não do outro.
Uma hora a gente percebe o quanto merece ser feliz. E o quanto as coisas têm que dar certo, têm que entrar nos eixos, têm que funcionar, nem que seja na marra. Quem tá de fora não compreende o quanto a gente se esforça pra merecer cada gesto amigo, cada conquista, cada palavra que soa mais perfumada que flor. Quem não calça os nossos sapatos não vê o tanto que a gente rala pra conseguir respeito, carisma, abraço de quem apareceu há pouco. Por isso temos é que nos ocupar mais com aquilo que provoca a vontade de ser eterno. Temos que dar atenção é pra quem reza pra gente antes de dormir, quem liga pra gente na hora que acorda, quem lembra do nosso aniversário, quem celebra nossas vitórias e estende a mão quando a gente cai. Temos mesmo é que deixar de lado quem só acena de longe, quem esquece da gente quando tá com outras companhias, ou quem tem coragem de dizer que nos ama só quando tá carente. A gente tem é que ter na mente quem nos deu tudo em troca de nada, quem cuida da gente quando falta saúde, quem nos acolhe quando falta dinheiro, quem nos perdoa quando aumentamos o tom de voz, quem nos deu a vida, quem nos ensinou valores, e a amar. Por isso, tô abrindo mão de amizade pingada, de amor mendigado, de sinceridade surrada e de palavra bonita, mas sem verdade. Se é pra ser feliz, tem que ser sem medo e sem dó. Se é pra curtir a vida, que seja com vontade, sem piedade. E se for pra rir, que seja alto, só pras pessoas lembrarem dos lugares de onde a nossa felicidade insiste em brotar: de dentro, do berço, da alma. E de Deus.
Passei o dia inteiro sem lamentar sua ausência, e confesso que não vivia um dia tão longo desde os meus oito, dez anos. Olhava as horas fingindo que era apenas um ato rotineiro de alguém que tem tantos compromissos, tantos pensamentos, tantos sentimentos, que esqueci de me alimentar, sabe. Não, não foi culpa sua. Não, não quero pena. Foi só um dia um pouco sombrio, mas mantenha a tranquilidade, eu sei que o sol volta amanhã. Me acostumei tanto com a sua presença até criar uma convicção absurda de que você sempre andava comigo, mesmo distante, que eu havia me esquecido de como era saborear meus momentos sem um ponto exato de tentativa de um alcance, meio patético, admito, e que denominei amor. Está sendo bom essa distância, entende? Porque com ela aprendo a me virar, nem que seja pros lados, tentando encontrar vestígios seus. Você sabe, abandonar um livro, ou abrir mão de uma história, nunca foi meu forte. Mas a gente tem que reaprender a viver no mundo real, não era isso que você me dizia? Temos que aprender a 'fincar os pés no chão', mas acho que levei tão a sério que quis ser árvore, criar raiz, ter um lugar fixo ao seu lado. Nossa, como eu quis e sonhei com tudo o que vivemos, foi tudo tão intenso! Aí me desfaço, e me transformo numa árvore frágil e breve, tipo aquelas recém plantadas na porta da escola, e que os moleques não deixam criar vida, crescer, dar frutos. Mas estou bem, acredite. Você pode ter me ensinado a amar, mas também me ensinou a morrer, e eu só sei agradecer por isso. Porque morrer em vida, por dias, meses ou anos, requer sabedoria. Requer silêncio. Requer vontade. Requer elegância, charme, carisma, delicadezas. Escolhi uma morte discreta, confesso, mas de tão discreta que foi, escolhi a vida. Escolhi seguir em frente, voltar, viver outras histórias e deixar pra morrer outro dia. Você nunca mereceu meu fim, mas o meu melhor. Vivemos o melhor. Vai passar, talvez seremos amigos um dia e riremos de muita, muita coisa mesmo. Vou seguir meu caminho agora antes que o dia termine, meio torto, meio bobo, meio perneta. Ah, e aquele 'se cuida' tá de pé, viu? Tão de pé que agora faço algo que ninguém soube fazer: cuidar de mim... Assim como cuidei de você.
Chega uma certa idade, não muito avançada, em que tornamo-nos mais exigentes com nossos preciosos finais de semana. Nada de hipocrisia, chatice ou frescura: aprendemos a nos valorizar, a dar valor ao tempo, que se mostra mais curto todos os dias. E o mais bonito, damos valor e importância aos nossos vazios. Pra sair de casa agora é assim: não vejo tanta graça em passar a noite segurando copos cheios se, ao meu redor, estiver carregado de pessoas vazias. De vazio basta eu, oras, não por me considerar melhor do que ninguém, mas por não me considerar merecedor de momentos sem sentido. E sim, não faz sentido abandonar meu quarto se for pra mergulhar numa banheira repleta de água com gás acompanhado de pessoas que simplesmente acham chique, legal ou coisa do tipo. Também não pretendo sair com autocríticos e pseudointelectuais, tampouco com moralistas e defensores do partido puritano. Longe de mim. Só quero gente do bem, com ideais, com críticas carregadas de novas soluções, com humor na risada, brilho no olhar e que não precise apontar fulano na mesa do lado pra ficar se achando o cara. Quero companhias que não me troquem pelo facebook, twitter, whatsapp ou outros aplicativos no celular durante um papo ao vivo, entendem? Que não me olhem de ombros, buscando algo ao redor da mesa, que não necessitem contar ao mundo via instagram o quanto a noite está boa, ou que não precisem se autoafirmar o tempo inteiro que estão legais, num lugar bacana e com pessoas demais. Posso parecer patético, mas é que a gente tem que aproveitar nossas epifanias pra por a boca no trombone, pra falar mesmo para, sei lá, arranjar solução pro mundo, pras pessoas, pra vida. Tudo bem, posso estar fazendo tempestade em copo d'água, mas me deixem pensar em como seria bom largar um copo cheio e segurar uma mão com firmeza, pra provar que ali não é mais um momento vazio. Acredito num novo tempo, em que a gente só vá sair de casa quando não for pra repetir nossos nadas, nossos poréns, nossas reticências. E de agora em diante, vazio bem feito é vazio com um livro na mão, com uma pipoca no colo ou com a cabeça deitada em um ombro que bem me quer. Porque meus dias não merecem morrer na companhia de ninguém. Porque meus dias, nossos dias, merecem mais que um copo na mão e um celular na outra. Merecem mais vida gostosa de se viver, vida tranquila, vida com quem possamos contar ou estender a mão. Vida real.
Quando a gente dá-se um tempo para "colocar a cabeça no lugar", logo vem uma ideia brilhante: a de sempre recriar. Viver dias iguais de formas iguais é o que diminui a vontade de ser, crescer, ser feliz. A gente começa a perceber que felicidade é mais simples do que imaginamos: basta estar ao lado de pessoas que nos amam e nos respeitam, reforçando laços e renovando as brincadeiras, o papo, os móveis, o carinho, a forma de demonstrar amor. Gratidão, hoje, é a única palavra que eu consiga definir os meus dias. E que eles sejam cada vez melhores, Amém.
Oração bonita é aquela que a gente faz pensando nos problemas do mundo. Fome, miséria, desigualdade, injustiça, roubalheira e hipocrisia. É aquela reza doída, mas cheia de esperança em um mundo melhor. Tem muita gente boa do nosso lado, mas a correria dos dias nos cega diante dela. Agradeço quem doa sangue, alimento, tempo, dinheiro, roupas, leite, abraços e sorrisos. Mas não vale querer virar estrelinha porque fez o bem ao nosso igual. O mundo não precisa de caridade, gente, mas sim de compaixão. Piedade. O que a sua mão direita faz, a esquerda não precisa saber, lembram disso? Mas um detalhe é essencial: a não ser que usaste a mão pra ferir, mesmo que indiretamente, outro alguém. Oração de verdade a gente faz em qualquer canto, com qualquer barulho, e com todo o amor. É desejar baixinho com que a vida da gente melhore junto com a do amigo ali do lado. É parar de se contorcer diante do que não temos, pra aprender a oferecer o nosso melhor. E o que temos de bom não é pouco não, é só acreditar. E fazer. Que a vida, diariamente, trate de nos oferecer forças pra transformar o mundo num lugar melhor. E nessa oração eu posso contar pra vocês: isso a vida já fez.
Ironicamente, quando alguém nos abandona, o nosso coração, antes longe, começa a bater dentro da gente. E a gente aprende a se virar com tanta palpitação, tanta exigência, tanto barulho que ele faz. Parece que quanto mais o coração bate dentro da gente, maior ele fica. E mais coisas nele cabem. Mais gente, mais sentimentos, mais esperança, mais fé. E mais trabalho. Coração, de uma hora pra outra, vira chefe: aquele que manda. E manda embora, pra longe. Aquele que ordena. E ordena a bagunça. Aquele que governa desgovernado. Até chover. Até transbordar...
Amores impossíveis desenharam-me de uma forma única. Sempre me chamaram a atenção pessoas cuja reputação não necessitasse ser a melhor, mas a mais, digamos que, importante. Não me apaixonei por coisas, não vejo graça. Me apaixonei por pessoas. Pessoas pequenas de coração grande. Pessoas que me mostravam o que fazer sem alguma palavra. Pessoas exemplo, para os meus pais. E é claro que foram amores impossíveis não pelo que havia de bondoso, mas de especial. Me pegava louco de amores por quem atraía mais pessoas que a banda mais famosa da cidade. Sou amante de cheiros, de vozes, de olhares fraternos. E qualquer um pode ser dono disso tudo, quando existe uma outra pessoa buscando alguém para se apaixonar. E sim, eu sempre busquei alguém para me apaixonar. Mas acontece que eu não era a pessoa certa para elas, embora acreditasse que elas fossem feitas para mim. Nossa, como amei loucamente! Como me vi necessitando de um outro alguém para que pudesse encontrar a tal felicidade. Como eu me perdi, meu Deus! E como eu sofri, chorei, esqueci de mim mesmo, me desrespeitei, perdi completamente o valor. Mas criei asas fortes. Criei rios largos. E muros, bem altos...
A gente vai crescendo e quem nos são apresentados? Amores improváveis. Aqueles por quem passamos sonhando grande parte de nossa juventude, e os que vão surgindo em nossas descobertas. O problema em ser um amor improvável é que ele deixou de ser impossível, e passou a ser provável (no sentido "desgustativo" da palavra, se é que me entendem) e improvável (em se tratando da probabilidade de dar certo). Bom, aí sim começamos a aplicar aquelas disciplinas que apreendemos ao longo de nossos estudos, inclusive na Matemática. Cálculos amorosos são o fim, mas é o que nos sustenta. "Eu não vou ligar porque...", "eu não vou procurar porque...", "eu não vou acreditar porque...", "eu não vou insistir porque...". São questionamentos calculistas que nos defendem e nos afastam daqueles que amamos. Somos fartos em racionalizar a essa altura do campeonato. E perdemos o medo dos amores impossíveis. Aliás, julgamos que perdemos esse medo. E nos tornamos uma bola de ping pong em aço, que por pesar tanto quica menos, mal sai do lugar e é resistente, muito resistente. Os amores improváveis, além de tudo, são oferecidos a nós - ou seriam procurados por nós? - nos momentos em que estamos quase nos situando em algum lugar. Só pra nos desviar do caminho...
Ah, os amores imprevisíveis! Fazem parte de uma crença bonita e sem fim. Você se arruma para a escola, para o trabalho ou pr'aquela confraternizaçãozinha na casa do vizinho sempre com a esperança do "vai que...", "e se...", "quem sabe...". Você crê ainda em sorte no amor, mesmo depois de tudo dar errado. Até que você aprende que o segredo não é esperar, é esquecer um pouco essa ânsia de ser dois. É aprender a gostar de você sozinho, a cuidar de você como se fosse - e é - o seu maior amor. Chega um momento na vida da gente que as histórias de amores impossíveis e improváveis ganham charme, ganham espaço nas nossas conversas e até um tom de graça, quando lembramos o quanto éramos imaturos. Amores imprevisíveis existem, ainda que eu não os conheça empiricamente. Podemos perder tudo, mas nunca a fé. Um dia achei que o amor fosse a raiz de todos os sentimentos, mas eu me enganei, sabe... Sinto que o amor acaba, mas a fé de continuar vivendo o amor permanece, enquanto houver ferida, enquanto houver vida. Não é à toa que acho a coisa mais bonita da vida essa capacidade das pessoas seguirem em frente, mesmo com tudo desabando, mesmo com a esperança ao chão.
Chega de pesos desnecessários, lenga lenga, conversinha de esquina, leva e traz, papo de gente infeliz. Chega de reclamar de fulano ou ciclano, mostrar os pés atrás que tem com alguém, sorrir com demasia pra quem não se suporta. Natal é recomeço, e pra recomeçar é preciso o mais difícil pra se conviver: aceitar e perdoar. Se nenhum desse itens existe, é melhor tocar o barco pra outro rumo. Todo dia é tempo de travessia. Todo dia é tempo de renascimento. Mas só falar ou escrever não basta, tem que viver. Do contrário, é só mais uma das mentiras de natais. O maior ato de coragem é aceitar uma coisa como ela é sem precisar dar significados. Significado também é defesa. Do que vc precisa se proteger? Do amor que não se sabe se é recíproco? Da amizade que não se quer dividir? Das relações profissionais que não podem se transformar em algo mais íntimo? Ou de ser vc? Natal, antes de tudo, é aniversário de Jesus. Não quero falar de fé, nem testar a fé de ninguém. Mas antes de desejar feliz Natal é preciso conhecer as margens desse dia. Natal existe pra nos fazer lembrar de quem viveu e morreu por um único propósito: as outras pessoas. Pra quem temos vivido? Com que propósito temos vivido? Fica a dica de reflexão pra gente, enfim, encontrar o verdadeiro e íntimo significado de feliz Natal!
Simplifique sua vida: Se não estiver a fim de sair, atenda ao telefone e diga. Se não está bom, diga também. Se tiver algo acontecendo, seja honesto (pois no final, estará sendo mais honesto com você). Não chame um colega de amigo, nem tampouco vice-versa. Não confie em estranhos. Dê mais valor na sua intuição, e para além disso, desconfie dela. Use manteiga de cacau nos lábios em dias muito quentes ou frios. Não critique pessoas que estão surgindo em seu círculo social (aparências enganam e elas podem se tornar seu maior tesouro). Aprenda que suas exigências mudarão conforme a abertura de sua mente. Escute seus pais quando disserem "leve um guarda-chuva" ou "leve uma blusa de frio" ou "não vá". Não pergunte a uma criança se você está bonito quando você estiver de baixo astral. Não espere ser cortejado por alguém que te serviu somente para tapar buracos (pessoas percebem isso e mudam de atitudes para com você). Crie menos expectativas em relação ao outro (pessoas erram, esquecem, não percebem). Não queime o filme de ex ou amigo com quem ainda pretendes reatar laços. Não espere muito do final de semana ou feriados (boas surpresas adoram o acaso). Não deixe as coisas para a última hora, deixe para, no mínimo, faltando umas duas rs. Não mande e-mails ou mensagens contendo informações de terceiros, algumas pessoas podem usar isso contra você. Nunca esqueça sua identidade em casa. Desconfie arduamente das pessoas que tentam te distanciar dos velhos - e verdadeiros - amigos. Tenha mais cuidado com as palavras que usa para se despedir de alguém, podem ser as últimas de ambos. E por fim, opte por não viver programações: a vida foi feita pra ser mais natural.
Enquanto o dia nascer, virá com ele a certeza de que tudo o que fiz, tudo em que acreditei e tudo o que se foi sempre tiveram o melhor de mim. Nascerá, ao longe, escondida entre as nuvens, uma esperança que ascenderá luzes onde o olhar já se escureceu. E serei capaz de fazer de novo, acreditar de novo e suportar de novo. Quem vai, que leve consigo tudo aquilo que sufoca, que aperta, que trava, que não surpreende. Mas se quiser deixar alguma coisa, que seja apenas as boas recordações, nada de vestígios de sentimentos doídos atrelados às bordas da alegria recriada. E quem vem, que traga consigo somente a capacidade de se colocar no lugar dos outros. Isso sim é dádiva a ser valorizada. Porque o resto, tudo o que sobra, não passa daquela beleza que sai com sabão e água.
Não tão rápido, nem tão fácil, muito menos prático como abandonar uma leitura nem um pouco interessante. Amor envolve mil e uma dores, quando não vivido até o fim. Até o último suspiro por um sentimento. Até esvaziar a última gota de sangue dos pulsos - metaforicamente, por favor. Até a mudança das nossas atenções. Se soubéssemos das bolas de neve em que entraríamos, não teríamos aceitado nem um mísero 'oi'. Mas, infinitamente, tá na hora de sair do papel de vítima. Parar de alimentar os pensamentos que nos tornam megalodramáticos, melancólicos, viciados em abstinência de endorfina. E mudar, nem que seja por um minuto, a música de fossa. Que a gente vive em um mundo de expectativas é lógico, embora a todo tempo esqueçamos. Não que gostemos de sofrer, cá pra nós, mas um bocado de sofrimento é como pimenta, diferentemente aproveitada pelos baianos ou pelos japoneses. Cada um sabe como tem que ser temperado, mas aquele velho clichê de que ninguém nasce sabendo é a mais besta verdade que já ouvi. Precisamos sofrer o ardume dos sentimentos pra só assim considerarmos valedor de pena ou não. E não admitamos que sofrer é natural, porque não é, não mais, não neste nosso zeitgeist. O espírito do momento é o prazer instantâneo, é suportar pouca dor, ou querem abrir mão da eficácia dos medicamentos? Eu quero! E não, não curto sofrimento, nem tampouco aquele provindo das palavras. Mas suporto. Sou resiliente. E creio que todos sejam. Quer uma dica? Elabore seus sentimentos. Suas vontades. Seus planos, suas perdas, seus sonhos, isso mesmo, no pronome possessivo "seu/meu". Elabore não, Reelabore, reinaure-se, renasça. E o "como?" é a frase mais mágica que encontrei em uma quinta-feira nublada de novembro. Não vou dizer que a vida é uma só. Que o tempo passa. Que morreremos. Não mais. Não direi que você é aquilo que você come, que você faz, e não o que você acredita. Precisamos de pouco, sabe... Um pouco que a cada dia se torne mais. Mais paciência ao ouvir. Mais amor ao falar. Mais coragem ao persistir, e ao desistir só aquela coragem que sobrar. Porque sou da geração que persiste porque quer, e depois não precisa culpar ninguém por isso. E que persiste no fácil e ignora o difícil. Essa ideia de que tudo que vem com facilidade se vai com facilidade não me contaminou. E a melhor que consegui produzir foi a de que tudo vai ser diferente se a gente quiser. Se a gente se esforçar. Se a gente acreditar. E o mais essencial, verdadeiro, óbvio, correto, e sei lá mais o que: se a gente fizer. Se a gente se levantar. Se a gente agir. Às vezes, a gente precisa sonhar pra descansar da vida. Mas se a gente não viver e deixar os sonhos descansarem, acho difícil sair do lugar onde tudo dói... até o amor.
Preencher espaços de luz. Perseverar na fé. Se há pratos sujos é porque tínhamos o que comer. Se há coração partido é porque tínhamos o que amar. Agradecer e aceitar, mas nunca acomodar-se. Entender que o bom da vida é tirar um tempinho para o que realmente é importante. Deixar o tempo e o amor cuidar de cada passo dado. Esquecer problemas pequenos, mesquinhos, e lembrar que quem tira uma hora do dia para chorar o passado, perde sessenta minutos para viver bem o presente.