Mal
O MAL CHEIRO.
ODOR.
FEDOR.
RANCOR.
HORROR.
O sangue seco
no chão
é feio,
mas não tem cheiro.
O chão
está cheio
de sangue seco
e do HORROR.
O sangue seco no chão
não tem cheiro,
nem o RANCOR
tem cheiro.
Talvez um cão
sinta o FEDOR.
Do RANCOR que cresce
frente ao HORROR
de um chão cheio
de sangue seco.
O FEDOR do medo
que cresce no coração
de quem vê todos dias
o chão cheios
de sangue seco.
Para o seu
HORROR.
Almas sem ODOR
vagam pelas ruas.
Estou cheio
de receio e de PAVOR.
Apesar de não ter cheiro
nunca acaba
o sangue seco
que enche as calçadas.
Fede a PAVOR
as ruas mesmo que limpas.
Fedem a RANCOR
que encherá o chão amanhã
com mais sangue seco.
Dante Locateli.
É mais fácil lidar com o cruel e malvado do que com o equivocado idealista. Pois o mal por si só se destrói. Já o equivocado acredita que o mal que faz, é bem. E por isso continua a "sofrer por seu ideal". Esse só para quando geralmente já é tarde.
O problema maior de não se punir o responsável pelos mal-feitos não reside em não se castigar o malfeitor, mas em legitimar suas ações pelo exemplo passado, onde outros que pensam em seguir o mesmo "modelo de sucesso" obtêm sua confirmação de que vale à pena.
A questão não é mal que pode praticar, afinal você é humano, e a maldade é intrínseca desde priscas eras. Mais que isso é o controle mental e das suas emoções para não praticá-lo. Alguns conseguem. Tente também.
Na vida, você pode escolher evitar, quando possível, os males nos cercam... No entanto, na filosofia, não há brecha para esse estado de conforto; pois a finalidade dela é justamente discutir os males da humanidade.
"Como o sol que no fim do dia esconde seu brilho, e deixa a lua se mostrar, mantendo o equilíbrio, o bem que há em nós deve prevalecer, mas como o sol ao entardecer, devemos deixar que nossa lua se mostre..."
É melhor mal-acompanhado a estar eremítico! E se confortar comendo "filé mignon" com os amigos a roer ossos sozinho.
Quando se está fazendo algo de bom, não deixe ninguém dizer que está fazendo pouco. Cada pouco de bondade destrói o mal do mundo.
Há sempre em nós um fundo de esperança que não nos deixa acreditar no mal senão quando nos achamos face a face com ele.
O que proporcionam os escabrosos caminhos que nos conduzem para trás? O essencial neles não é o retrocesso, mas o fato de que desejem caminhar sozinhos. Com pouco mais de vigor, coragem, sentido artístico, poderiam ir além, e não para trás.
Não defeque na sua estrada de ida.
Talvez um dia possa precise voltar a suas origens, e pode acabar pisando no que deixou para trás.