Mãe Especial
O artista acha que, por si só, não ensina. Ele acha que não consegue estabelecer essa relação. Mas, necessariamente, por ser artista, ele tem o que ensinar.
Temos que pensar que a arte, e nós da arte, somos a resistência. Nem governo de direita, nem de esquerda, privilegiam a arte ou sequer dão condições para seu desenvolvimento. A arte é inimiga do poder.
Os livros têm olhos para todos os lados e bisbilhotam o cima e o baixo, a esquerda e a direita de cada coisa ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Podemos pensar que abrir e fechar um livro é obrigá-lo a pestanejar, mas dentro de um livro nunca se faz escuro. Os livros querem sempre ver e estão sempre a contar.
Adianta pouco manter os livros de capas fechadas. Eles têm memória absoluta. Vão saber esperar até que alguém os abra. Até que alguém se encoraje, esfaime, amadureça, reclame o direito de seguir maior viagem.
Ler livros é uma coisa muito certa. As pessoas percebem isso imediatamente. E os livros não têm vertigens. Eles gostam de pessoas baixas e gostam de pessoas que ficam mais altas.
A pessoa que tem o hábito da arte, que se entrosa bem com a arte e é contaminada por ela não se sente isolada em lugar nenhum do mundo.
Quando se olhar no espelho, lembre-se de que é um sinal de que você sobreviveu. Não deixe nada nem ninguém apagar você.
Eu te mostrei o meu amor do único jeito que sei. Quando chegar a hora de usar o que ensinei, não hesite em ocupar seu lugar no mundo.
"Por trás da superfície das coisas há um mar de perfeita consciência no qual podemos sempre mergulhar." Mirra Alfassa (A Mãe)