Mãe da minha Mãe
Eu sinto o cheiro do arroz de leite que minha avó fazia para jantarmos. Eu amava aqueles cubinhos de queijo dentro, e não posso deixar de lembrar da expressão que ela fazia degustando positivamente a refeição rs. Que saudade da minha infância! Penso que crescer é o anseio mais imaturo que temos, de fato. Sigamos o bio baile com amor à vida e as memórias!
Boa Ventania.
Converse um pouco com a minha avó sobre corpo humano e logo ela vai te perguntar qual o maior órgão do ser humano. A pele. Aprendeu isso em um curso de massagem. Deslizava sua pele em outra pele. Agora enrugada já não desliza mais. Ela que reveste, que protege, que cobre, tão fina e delicada, segura rios de sangue, de pulsações, corações. Estes que batem agitados com o toque de uma pele especial, que saltam com a lembrança de uma pele, que se fecham para peles específicas e que esquentam os tremores da pele no frio. Pele que se livra ao notar o fogo, pele que se torna os olhos dos cegos, a forma no escuro, que se arrepia com um mau pressentimento. Ela, que tirada da natureza, com suas cores de terra, foi tirada à força de sua beleza para se tornar apenas três: branca, preta e amarela. Ela que surge em uma barriga, em trilhões de barrigas, que transforma o prazer em gente, que reveste crianças e ingenuidades. Culpada pela própria riqueza acabou virando carma, castigo, azar. Ela que definiu de berço escravos arrancados de seus tetos, de peles arrancadas, cortadas, que definiu judeus encurralados, que caiu gelada em câmaras de gás. Culpada pelos próprios filhos, responsabilizada. Pele que em umabraço salva um dia inteiro, salva uma vida, pele que com o toque acalma e cura, que com suas texturas, bocas, suscita paraísos. Pele que cobre gênios, bichos, tapete de pelos, de camadas grossas para nadar no gelo, de confundir leões. Ela que se multiplica para ver crescer suas criações, sem pensar em formas e pressas, generosa com todos que respiram. Pele, ela que sem querer fazer sentido apenas gostaria que todas as suas peles estivessem unidas como uma pele só.
Ser ou não ser... A falecida minha avó dizia que somente basta ser e acontecer, porque o resto vai ser de todo jeito.
Está com um problema?
Se te ajudo, Minha avó, ensinou-me a procurar o cabrito perdido mesmo por cima das árvores.
"Minha avó sempre dizia, que Deus escreve o certo por linhas tortas, custei a entender, mas hoje eu acredito e vivo isso"
Lembro-me bem da minha avó dentro de um surrado vestido laranja com olhar meigo e sereno balançando o corpo cansado sob efeitos de tarja preta... Tratamento malvado que levava sua essência e deixava certa ausência que criança não sabe ler. Olhar quase perdido, mas ainda sereno e manso que jamais pude esquecer...Um sorriso sem maldade, pureza e ingenuidade espelhavam sua alma adulta, conformada,um tanto esperançosa talvez, sem sombra de vaidades ...Andava bem devagar, passos calmos para chegar sem pressa em qualquer lugar. Minha velha avózinha pouco pude aproveitar, mas com carinho lembro da profundeza do seu olhar. Banha-me o rosto as lágrimas de profunda emoção. Lembrança boa e saudosa de um nobre coração, mãos trêmulas cortando pão ... doçura sem reservas, sendo tão e apenas vó na tarde de uma criança... que cresceu...
Podemos também abençoar para que o outro se sinta bem,quando minha avó me abençoava eu ficava tão feliz,e ela me abençoava com tanta boa vontade que jamais esqueço esses momentos,por isso eu digo a quem ler essa mensagem...DEUS TE ABENÇOE.
Quando viva, a minha avó materna ensinou-nos que somos todos família. Ensinou-nos a conviver uns com os outros sem distinção nenhuma.
Essas distinções vieram o tempo.
O tempo ensinou-me que havia primos de sangue e de não-sangue.
Que havia irmãos e meio-irmãos.
E que uns eram diferentes dos outros.
Com toda razão, ela já não estava viva para arbitrar essas diferenciações que vieram com o tempo.
Minha avó chora.
Antes ela não chorava, mas de dois anos pra cá, desde que precisou sair da sua casa, ela chora. Por diferentes motivos, mas um dos motivos causadores de choro recorrente da minha avó, em seus quase noventa anos, era exibição de reprise do programa Viola Minha Viola.
Minha avó chorava dizendo que a Inezita estava doente, que não estava bem para gravar o programa, por isso estavam passando reprise. Explicávamos que era Natal, Páscoa, Ano Novo, que Inezita estava de férias. Não adiantava, minha avó sofria por Inezita não estar ali, ela tinha medo do inevitável. Até eu estava ficando com medo de quando acontecesse. E aconteceu.
Inezita era a motivação de vida da minha avó, porque ela era idosa e cantava, sorria, estava na televisão, com tudo. Se Inezita poderia fazer um programa usando fralda geriátrica a minha avó, com suas fraldas poderia fazer tudo. Não tinha outro programa para minha avó no horário da Inezita.
Minha avó está chorando desde que recebeu a notícia, quando pensamos que ela se acalmou, as lágrimas estão caindo de novo. Eu tento dizer algo para consola-la, escuto seu choro e tento não perder nenhuma das suas palavras: "A única coisa que eu tinha era ela, agora eu não sei o que vai ser, era um costume de muitos anos. Tem alguma coisa muito errada, não tem mais novidades, só temporal, não sei se é muita gente, muito cimento em cima da terra... Eu não sei, eu fico imaginando… Tentando saber o que vai ser... Só sei que eu não queria que a Inezita tivesse ido embora".
" Bem que minha avó sempre dizia, comigo sempre foi oito ou oitenta, e hoje reconheço, sou realmente assim. Para mim não tem essa coisa de ser meio amigo, meio termo, meio coisa nenhuma. Para mim, ou é ou não, ou fica ou não fica, ou gosta ou não gosta, ou vale a pena ou não vale. Alguns acham que sou muito radical, outros acham que sou muito autêntico e sincero. Estou aprendendo a não levar tudo a ferro é fogo, confesso, está sendo difícil, ser populista nunca foi meu forte, deva ser por isso que a minha vida política naufragou antes mesmo de começar; Alguns acham um absurdo eu não ter tido sucesso, inclusive eu mesmo, outros acham mais que merecido o fracasso. Vida que segue, com muito sol, muito estudo, muito trabalho e conquistas pessoais. Cuidar de mim e dos que são importantes para mim tem sido o meu projeto mais bonito."
“- Vocês tem sido boas meninas?”
Perguntava-nos minha avó, sistematicamente, todo mes de dezembro enquanto eramos meninas, a mim e as minhas primas. A pergunta era sempre individual, o que dava um certo charme, fazendo com que nos sentissemos especiais.
Para ela, ser uma boa menina era ter sido correta com minha mãe, meus tios que ajudaram a me criar, respeitando nossos vizinhos nordestinos e sabendo dividir minhas coisas com as primas. Fui de infancia muito simples, dai o valor das coisas pra mim ontem e hoje, ser tão diferente.
Para ser boa menina, precisava comandar uma agulha como poucas, arrumar a cama sem efeito de propaganda (aquela em que a mocinha levanta o lençol láaaaa em cima pra deita-lo suavemente sobre a cama) e lavar as panelas, deixando-as com cara de novas.
Boas meninas também faziam massa de macarrão em casa (com a maciez de uma petala rosa, dizia minha avó), lavavam o carro da tia solteira, recolhiam cocozinhos do cachorro e olhavam com carinho para o avô que produzia tarrafas em casa (grande pescador meu avô!). Eu era portanto uma boa menina!
O que eu responderia hoje à minha avó se ela me perguntasse de novo, olhos nos olhos, eu e ela?
Acho que ainda sou a boa menina, porque mantenho muitas coisas daquele tempo tão bom, terno e confortável…ainda amando as pessoas e suas crises, me contorcendo para que me enxerguem (como era antes, ainda eh agora!).
Mas também sou má, porque tenho o egoismo de me preocupar mais comigo hoje em dia, deixando um pouco o sorriso fácil pra lá, cosendo muito muito menos, cozinhando cada vez melhor, mas de vez em quando. Apelo entao para as facilidades da vida moderna, a fim de justificar para Dona Helena, que brilha no céu, que não sou preguiçosa e tenho certeza absoluta de que ela também gostaria dessa vida que levamos hoje (sushisashimis, restaurantes em casa esquina, comidinhas prontas, lavadoras,secadoras, skype, msn…! U la laaa).
Explicando: a pergunta formulada pra mim e para minhas primas tinha um objetivo: fazer-nos pensar se éramos dignas de um presente de Natal e se poderiamos iniciar o novo ano com as bençaos que as boas meninas ganham (por termos sido internas em colegio de freiras, isso contava MUITO!!! Presentes e bencaos, eram um evento e tanto).
Penso que aquele tempo foi impressionantemente repressor, mas minha linda avo, fazia da repressao social que sofriamos nos, as meninas, uma oportunidade de ensinar coisas. Ela era uma contadora de historias e nem sabia.
Para nos todas, que queremos ser boas meninas, com certeza minha avo diria “Nao passem pelas pessoas sem olha-las. Nao fiquem paradas como poste esperando dadivas gratuitas, porque nem Deus, nem nosso umbigo, nem nosso proximo gostam disso”. Mais facil? Nao sei nao…
Dona Helena sabia das coisas!
todas as vassouras da minha avó tinham protetor no cabo, de crochê, com frutinhas e outras coloriduras.
para a minha avó
minha avó é uma obra de Deus
que com a sua cançao e de todo seu coraçao louva ao Senhor
ela ama sua familia e é um exemplo de mae
nos momentos de tristeza é nos traz paz e conforto com suas palavras mansas e sabias
ela é minha avo e me orgulho disso
eu a amo de todo o meu coraçao es um presente do senhor
Conselhos
Já dizia minha Avó: Deixem as crianças brincar.
Já dizia meu Avô: Daqui a pouco um chóra.
Já dizia meu Pai: Seja gentil.
Já dizia minha Mãe: Juuííízo!!!
Já dizia meu amigo: Fique tranqüilo.
Já dizia minha amiga: Pena sermos tão amigos
Já dizia meus colegas: Fudeu, corre!
Já dizia minha primeira namorada: Você beija bem.
Já dizia minha última namorada: Você beija muito bem!
Já dizia meu vizinho: A vizinha do lado é boa né?
Já dizia minha vizinha do lado: Porque me olhas diferente?
Já dizia o buteco: Fiado não!
Já dizia o Hospital: Silêncio
Já dizia o lugar fechado: Não fume!
Já dizia o fumante: Vou lá fora.
Já dizia o boêmio: Eu sou poeta.
Já dizia o poeta: Eu sou boêmio.
já dizia a música: Flutue.
Já dizia a letra: Me cante.
Já diziam os antigos: Se conselho fosse bom não daria , vendia!
E eu... eu sempre te disse:
Sou poeta, boêmio, beijo muito bem, flutuo e canto pra você :
EU TE AMO!
Bem dizia minha avó q o tempo é um velhinho sentado numa cadeira de balanço, olhos fechados, respiração profunda, corpo entregue, como quem dorme um sono tranquilo quando se precisa q ele corra... Não se faz nada com muita pressa ou muita paciencia. Não adianta. O tempo é a unica coisa alheia a nossa vontade. Pq a vida vc muda, o destino vc escolhe, mas o tempo, esse vc segue. Quantas vezes o dia nasceu e acabou cinza e vc pensou q fosse pra vida toda. Quantas vezes amanheceu cantando achando q seria assim pra sempre. Não há dor q não diminua, não há ferida q não cicatrize, não há um momento eterno q não vá cair no esquecimento. O tempo passa sim! No ritmo dele, mas passa! E logo vc vai perceber q o dia mais triste da sua vida ja foi, a pessoa q vc mais ama ja não é mais tão amada assim, q a sua melhor amiga tem outra melhor amiga, q os seus sonhos podem ser reavaliados, e q um não não é o fim do mundo, muito menos q um sim é a chave da porta do universo. O seu medo do escuro passa, o seu cabelo cresce, os maus hábitos tem fim, a sua letra e gosto musical mudam sim, existem pessoas mais legais no mundo, vc não precisa ficar aqui pra semre e não precisa ir embora pra ser feliz. E algumas "tendencias" voltam. Se o tempo acorda? Claro. Só q vc não percebe pq ele parece um maratonista quando vc precisa, vc pisca e ja aconteceu muita coisa. E quando vc se dá conta lá está ele de volta a sua boa e preguiçosa cadeira, balançando conforme o vento, com um leve riso da sua cara boba olhando pra ele...