Machado de Assis Poemas a Palmeira

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A chuva voltou

A chuva voltou
Vento e chuva
A vida e o frescor
O arborescer e a mata reflorescer
Estação de chuva e sol
De dia calor e ventilador
E de noite muito lençol

A esperança de plantar
E em alguns meses da roça sentir o sabor
Poder dos seus doces frutos comprar
Desfrutar depois do trabalho e seu ardor

Mesmo com dores jamais demonstrar tristeza
Essa é a doce amarga vida
De quem depende da impetuosa natureza
Onde só chove
Se do homem for bem servida
E respeitada sua eterna verde beleza

O verme

Existe uma flor que encerra
Celeste orvalho e perfume.
Plantou-a em fecunda terra
Mão benéfica de um nume.

Um verme asqueroso e feio,
Gerado em lodo mortal,
Busca esta flor virginal
E vai dormir-lhe no seio.

Morde, sangra, rasga e mina,
Suga-lhe a vida e o alento;
A flor o cálix inclina;
As folhas, leva-as o vento,

Depois, nem resta o perfume
Nos ares da solidão...
Esta flor é o coração,
Aquele verme o ciúme.

Machado de Assis
Falenas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870.

JOSÉ BONIFÁCIO

De tantos olhos que o brilhante lume
Viram do sol amortecer no ocaso,
Quantos verão nas orlas do horizonte
Resplandecer a aurora?

Inúmeras, no mar da eternidade,
As gerações humanas vão caindo;
Sobre elas vai lançando o esquecimento
A pesada mortalha.

Da agitação estéril em que as forças
Consumiram da vida, raro apenas
Um eco chega aos séculos remotos,
E o mesmo tempo o apaga.

Vivos transmite a popular memória
O gênio criador e a sã virtude,
Os que o pátrio torrão honrar souberam,
E honrar a espécie humana.

Vivo irás tu, egrégio e nobre Andrada!
Tu, cujo nome, entre os que à pátria deram
O batismo da amada independência,
Perpetuamente fulge.

O engenho, as forças, o saber, a vida
Tu votaste à liberdade nossa,
Que a teus olhos nasceu, e que teus olhos
Inconcussa deixaram.

Nunca interesse vil manchou teu nome,
Nem abjetas paixões; teu peito ilustre
Na viva chama ardeu que os homens leva
Ao sacrifício honrado.

Se teus restos há muito que repousam
No pó comum das gerações extintas,
A pátria livre que legaste aos netos
E te venera e ama,

Nem a face mortal consente à morte
Que te roube, e no bronze redivivo
O austero vulto restitui aos olhos
Das vindouras idades.

“Vede (lhes diz) o cidadão que teve
Larga parte no largo monumento
Da liberdade, a cujo seio os povos
Do Brasil te acolheram.

Pode o tempo varrer, um dia, ao longe,
A fábrica robusta; mas os nomes
Dos que o fundaram viverão eternos,
E viverás, Andrada!”

Machado de Assis
Obra Completa, Machado de Assis, vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Olhos de Ressaca

Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).

Titia,

Gastei todo o dia a pensar na sua carta, sem saber se obedecesse ou não; mas, enfim, resolvi obedecer, não só porque a senhora é boa e gosta de mim, como porque preciso de desabafar.

É verdade, titia, padeço muito, muito; não imagina. Meu marido é um friarrão, não me ama, parece até que lhe causo aborrecimento.

Nos primeiros oito dias ainda as cousas foram bem: era a novidade do casamento. Mas logo depois comecei a sentir que ele não correspondia ao meu sonho de marido. Não era um homem terno, dedicado, firme, vivendo de mim e para mim. Ao contrário, parece outro, inteiramente outro, caprichoso, intolerante, gelado, pirracento, e não ficarei admirada se me disserem que ele ama a outra. Tudo é possível, por minha desgraça...

É isto que queria ouvir? Pois aí tem. Digo-lhe em segredo; não conte a ninguém, e creia na sua desgraçada sobrinha do coração.

Marcelina

Machado de Assis
ASSIS, M., Questões de Maridos

Soneto de Natal

Um homem, – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca.
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Machado de Assis
Ocidentais (1901).

Um livro deve ser o machado que partirá os mares congelados dentro de nossa alma.

O amor é difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz é para poucos!

Ercília Ferraz de Arruda Pollice

Nota: Trecho do poema "Hoje quero falar para os apaixonados", de Ercília Ferraz de Arruda Pollice. É muitas vezes atribuído de forma errônea a Cecília Meireles.

...Mais

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.

Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.

(Morte e Vida Severina - Introdução)

Os rios que eu encontro
vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca,
em que a água sempre está por um fio.
Cortados no verão
que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome
e que abraço como a amigos.
Uns com nome de gente,
outros com nome de bicho,
uns com nome de santo,
muitos só com apelido.
Mas todos como a gente
que por aqui tenho visto:
a gente cuja vida
se interrompe quando os rios.

Como aceitara ir
no meu destino de mar,
preferi essa estrada,
para lá chegar,
que dizem da ribeira
e à costa vai dar,
que deste mar de cinza
vai a um mar de mar;
preferi essa estrada
de muito dobrar,
estrada bem segura
que não tem errar
pois é a que toda a gente
costuma tomar
(na gente que regressa
sente-se cheiro de mar).

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu meus cartões de visita
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minha dieta
O amor comeu todos os meu livros de poesia
O amor comeu meu Estado, minha cidade
O amor comeu minha paz, minha guerra, meu dia e minha noite
Meu inverno, meu verão
Comeu meu silencio, minha dor de cabeça
O meu medo da morte

Se os alemães não leram Guimarães Rosa, Euclides da Cunha ou Machado de Assis, quem perde são eles.

O Machado era de Assis, a Rosa do Guimarães, a Bandeira do Manuel. Mas feliz mesmo era o Jorge, que era Amado.

Hoje resolvi fazer um perfil de minha autoria. Poderia colocar aqui todos os meus medos ou minhas angustias, mas aprendi que isso só devo guardar pra mim. Haa... falando em aprender, nesses últimos 5 meses eu aprendi muito, aprendi que nem tudo é como eu sonho, que quase sempre nos decepcionamos em relação as pessoas, as vezes por que elas não valem a pena ou por que esperamos muito delas, aprendi também a não esperar por nada em minha vida, mas sim deixar acontecer... ganhei muito com isso ultimamente, por que aprendi a decifrar os amigos dos conhecidos.
Há algum tempo acreditava em príncipes, hoje não mais. È eu achei que tinha encontrado um, mas infelizmente eu me enganei. Às vezes as pessoas não conseguem o que querem por que nem sabem o que querem, mas eu sei o que quero, eu sei quem sou, e sei também quem eu quero pra mim... muitas vezes a gente chega no mesmo lugar por caminhos diferentes.
Cai, chorei, me levantei, aprendi, cresci... E de tudo isso tirei uma conclusão... Tudo na vida passa, deixe o tempo falar por você, deixe ele te mostrar se suas escolhas são corretas... por que na vida o que importa não é o que as pessoas acham de você, e sim o que Deus sabe ao seu respeito.

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Isabel Machado

Nota: Trecho do texto Benditos, que costuma ser repassado com o título "Bons amigos" e com a autoria atribuída erroneamente a Machado de Assis.

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Não aguento mais

Senhor, me dê forças
Meus sonhos foram quebrados
Meu coração em pedaços
Não sei o que faço
Estou perdido
Sem rumo, sem destino
Senhor, me dê forças
Para suportar esta dor
Não quero guardar rancor
Mas sinto que meus sentimentos
Perderam-se a cor
A cor da paixão
A cor do coração
Não existe ódio
Apenas frustração
Decepção
As palavras que saem da boca
Não são recíprocas com as atitudes
Levam-nos para o alto
E em segundos nos derrubam
Jogam-nos no asfalto
O sofrimento em silêncio
É o envelhecimento
Da alma, do espírito
Do sentimento
Estou tentando
Sofrendo e chorando
Não sei até quando
Mas vou continuar
Tentando...

Eu aprendi,que se aprende errando,se erra amando se ama sofrendo e se sofre chorando,
Pra depois aprender a errar e crescer,escolher o certo,amar e ser amado..e sofrer sorrindo.
Tudo pode não parecer simples.mais é você que escolhe assim.
Aprendi que tenho que ser sincera,a não enganar ninguém.
Aprendi que não se escolhe os amores,mais se escolhe os AMIGOS.
Aprendi que todo mundo um dia vai sofrer,vai chorar,vai querer morrer,mais logo dpois algo acontece,e aprende que sua felicidade não depende de ninguém
Aprendi que eu construo meu próprio caminho
E você aprende que você quer ser feliz,quer vencer,quer ser.
E assim você é.
Aprendi que você sempre é a mesma,mais não será a mesma pra sempre.
Aprendi que o que tu mais odeia nos outros,existe em ti,que o o bom o lindo o prefeito,nem sempre é o melhor pra mim.
Aprendi que todos possuem segredos.
Aprendi que algum desejam as mesmas coisas,mais que só um o terá.
Aprendi que tudo o que se faz,um dia volta.
Aprendi que não se precisa de muito para ser feliz,mais ninguém vê isso.
Aprendi que pessoas que moram longe sempre terão um espaço no nosso coração,e sempre sentiremos saudades mesmo que não a vejamos a anos.
Aprendi,que amar alguém não faz a pessoa nos amar também.
Aprendi que o que alguém odeia,outra vai amar e assim por diante.
Aprendi que ninguém substitui ninguém,que cada um é de um jeito.
Aprendi seu caráter vale mais que sua reputação.
Eu aprendi que eu posso TUDO.
Basta eu QUERER

Nós somos melhores amigas, sabe o que significa isso?
Aquelas que nunca se separam.
Aquelas que estão juntas aonde quer que seja.
Aquelas que se amam, e vão se amar para sempre.

Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres.