Machado de Assis Poema Pai Contra Mae

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Tudo o que um filho sensato pode esperar é que o pai esteja presente no momento da concepção.

Sei, é o que eu poderia esperar
Ver você tão perto e mesmo assim longe
A se esquivar.
Se aproxima, belisca, sussurra coisas malucas
E quando eu olho, volta a se esquivar.
És um tiro no escuro, nunca sei o que esperar.
Suas duas faces o condena...
Uma me ama, a outra insiste em me odiar.

Não adianta discutir com o inevitável. O único argumento disponível contra o vento de leste é vestir o sobretudo.

Não existe antídoto mais poderoso contra a baixa sensualidade do que a adoração da beleza.

Há no mundo uma conjura geral e permanente contra duas coisas, a poesia e a liberdade; as pessoas de gosto encarregam-se de exterminar uma, tal como os agentes da ordem de perseguir a outra.

Pintura é a arte de proteger superfícies planas contra o tempo e de expô-las ao crítico.

Um braço vigoroso não é mais aguerrido contra a lança do que um braço frágil; são o caráter e a coragem que fazem o guerreiro.

A moda é uma variante oblíqua de se lutar contra a morte. Ora na velhice tal luta é mais problemática. E é por isso que no velho a moda é mais ridícula.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, 1992

Se só a dor nos pode educar, pergunto porque é, filosoficamente, proibido encarniçarmo-nos contra o próximo, educando-o do melhor modo?.

O castigo de quem pratica atos contra a natureza e que, quando quiser ser natural, já não o conseguirá. A história de Jekyll e Hyde.

Amarmo-nos é lutar constantemente contra milhares de forças ocultas que brotam de nós mesmos ou do mundo.

Clama-se incessantemente contra as paixões; imputam-se-lhes todos os males do homem, esquecendo que elas são também a fonte de todos os seus prazeres.

O indivíduo que pensa contra a sociedade que dorme, eis a eterna história, e a primavera terá sempre o mesmo inverno a vencer.

Toda a história do progresso humano pode reduzir-se à luta da ciência contra a superstição.

Um Estado é tanto mais forte quanto pode conservar em si mesmo o que vive e age contra ele.

Lutamos contra os defeitos que nos fazem sofrer a nós mesmos; e afagamos os defeitos que fazem sofrer os outros.

A imoralidade é a revolta contra um estado de coisas de que se está a ver o logro.

A autoridade é necessária para tutelar a liberdade de cada um contra a invasão de todos, e a liberdade de todos contra os atentados de cada um.

O espírito vence a matéria. A arma mais forte que esta possui na luta contra aquele é a sua transitoriedade.

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.