Maçã
- "" Sou a tua casa, a tua rua, a tua segurança, o teu destino. Sou a maçã que comes e a roupa que vestes. Sou o degrau por onde sobes, o copo por onde bebes, o teu riso e o teu choro, o teu frio e tua lua ..."
Suco de maçã
Aquela noite não quis sair. Preferiu ficar no aconchego da casa.
Na rua só fatos rotineiros, nuvens pesadas escondiam a lua, pela qual tinha grande atração.
Nos bares em frente a sua casa, os amigos riam e bebiam em mesas colocadas sobre as calçadas. Cenas absolutamente rotineiras. Na sua solidão fitava a rua pela janela de vidro e mantinha-se atento ao telefone celular. Como não surgia a tão desejada ligação resolveu fazer um suco. De maçã. Se sua amada estivesse ali diria que era da fruta proibida. Sempre era assim. Esta insignificante lembrança deu-lhe certo alívio e conforto.
Gargalhou da própria sorte. Fechou os olhos e deixou rodar na memória os mais belos momentos que junto passaram.
A rememoração do perfume dela enchia a casa de certo cheiro de saudade. Mas o telefone permanecia mudo e aquilo o angustiava. E aquela voz que o faria feliz não era ouvida.
Só uma ligação e bastava.
Contudo o dia amanheceu. O telefone não tocou. Ficou aquela lacuna sem ser preenchida.
Na noite seguinte quando ela chegou e perguntou se havia esperado muito pela ligação, orgulhoso, mentiu que tinha dormido cedo.
Assim teve uma noite perfeita.
Dessas que valem por uma vida.
Maçã podre
Planto na sombra dos corpos grudados
O cálice amargo do licor condensado.
A magia transformada em vultos derramados
Vozes se transformam em gemidos sussurrados.
Quem sente mais forte não entende
A fraqueza pragueja nos arredores.
Estica-te na suavidade que me rende
Prece vazia de filme de horrores.
Aquele que feliz sorri na vida
Que toca o pandeiro da alma contente
Tem minha inveja assumida,
Ah, não quero ver nem mostrar os dentes.
Junto no chão a maçã mais podre.
Escuto ao longe fortes gargalhadas.
Sento a beira da margem salobra
Sem força e sem rumo pra pegar a estrada.
Agora
É pra hoje, não é para amanhã
Por que adiar o sabor da maçã?
Parece loucura, fruto de mente sã
Dividir esse sabor urgente
Se tudo isso não foi o bastante
Se a sinceridade não foi gestante
Dos sentimentos vividos até esse instante
Da cumplicidade doce de futuras auroras
É hora de acordar e recomeçar
Não deixar o teu silencio calar
A voz que só quis celebrar
O amor que você não viu, nos seus olhos gritar.
Horas a vida confunde-se com o sabor doce da maçã na cara amarrada de um limão com os pés trocados !
Maçã Do Amor!
Não é porque me vê maçã.
Cheirosa e perfumada...
Que acha que precisa
me encher de mordidas!
Vai pensando viu?
Seu canino!!
Todas as viciosidades nos têm acompanhado ao longo da evolução humana e, cada um, quer morder a maçã, para saber que gosto tem. A grande hipocrisia está em proibir de comer a fruta por conter veneno e, quando os fiéis famintos voltam as costas, o eterno guardião das maçãs, se empanturra com elas.
Beijo de maçã verde
Estranhos cabelos de fogo
Estranho fogo ardente
Estranho um para o outro
Estranha ausência entre a gente
Estranho não te ver
Estranho me sentir em paz
Estranho não te ter
Mas o estranho mesmo é perceber que você não volta mais.
Slá, só mais um café.
Dei uma maçã à minha sobrinha de 4 anos, ela recusou-se a comé-la. Alegando que é o fruto do mal, pois foi o fruto que a Eva comeu libertando o pecado. Livrem me disso!
Deitado no chão de uma cela, o preso sonha em ter liberdade.
Você já tem.
Em cima de uma maca, o paciente chora sonhando em ter saúde.
Você já tem.
Embaixo de uma árvore, um mendigo se encolhe e se protege da chuva, sonhando em ter um quarto para dormir.
Você já tem.
Em um acidente fatal, em seus últimos momentos, a vítima sonha em ter um pouco mais de vida…
Você já tem.
Talvez você não perceba, mas a vida dos sonhos, você já tem
Zé Macambúzio...
No auge de suas 78 primaveras
Bem delineadas pelo nome a que faz jus
Zé Macambúzio, era homem de fé quebrantada
Sitiante de parca leitura e boas prosas e tiradas
Tinha em vida poucos desejos e paixões
Cigarro de palha e uma rede na varanda
Rosinha “roçadeira” era seu grande amor
Mulher inculta, mas de fibra e imenso valor
Zé Macambúzio, jamais se deu à lida
Não se dava bem com ferramentas
Arados, enxadas, foices e plantios
Fez da languidez sua arte de viver
Na chegada dos reveses da seca
Decidiu deixar de se perdurar
E toda a redondeza o visitou
No intento de convencê-lo a reagir
Zé Macambúzio estava decidido
Encomendou sua urna e mortalha
Agendou a data de seu funeral
Convidou carpideiras e vizinhança
Tentaram removê-lo dessa sandice
Mas a ideia de passar a eternidade
Na horizontal, sem infortúnios
Sem incômodos, sem mendicidade
Chegou enfim o dia da despedida
Seguiu-se o cortejo e ouviu-se um a voz
“Zé, desiste disso que te dou um saco de arroz”
E Zé respondeu: “Com casca ou sem casca?”
De pronto, ouviu-se a resposta:
“É arroz com casca, Zé”
Sem pestanejar, Zé Macambúzio ordenou
“Meu povo, toca lá pro cemitério!”
O pé de maçã só é belo porque existe o pé de laranja, o fogo só é belo porque existe a água, a felicidade só é bela porque existe a tristeza. Assim também é a nossa vida, o que você chama de bonito ou virtuoso só tem valor quando se relaciona ao seu inverso. Por isso somos medíocres, colocamos valores em todas as coisas através de fúteis comparações que não nos levarão à nenhuma resposta, e infelizmente chamamos aquilo de aceitável ou inaceitável, bom ou mau. Mas tenha em mente de que entre médico e mendigo, rico e pobre, grande e pequeno, mestrando e iletrado existe algo muito maior e mais valioso que iguala a todos nós, nos revelando que o valor da vida não é ter ou não ter dinheiro, ser ou não ser bonito, estar ou não estar bem vestido. O verdadeiro valor da vida é o simples movimento de consciência, enxergando que por trás de todos esses olhares egoístas e autoritários, por trás de todas essas comparações há um ser humano.
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