Má índole
SORTE (soneto)
Na minha má sorte, a boa é pendente
Eu nunca inferi por que. Não entendia
Nos prados do fado estava ausente
Indaguei a vida por que era. Não sabia
Na quimera do meu dia, fui inocente
De uma tal timidez íntima e correntia
Que o passar do tempo foi em frente
E as venturas pouco tiveram cortesia
E assim, o sonho se fez bem distante
O vario momento me foi um instante
E por eles pouco soube dessuar valor
Sinto, sem, no entanto, ser dissonante
Que se fiquei ou se eu passei avante
O importante é que fui e serei amor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
A UM TRISTE (soneto)
O meu destino é talvez a do azar
Jurando as venturas... de maneira
Que com o acaso se possa sonhar.
Vidas de má sorte várias, herdeira!
Outros êxitos talvez já pude gastar
Fui, um aventureiro na tranqueira
Do fado. E infausto agora a chorar
Ou pesado no sortilégio, na beira...
É brado num temor sem tamanho
Num luto da felicidade: permitidos
Mártir na dor, um desígnio estranho
Por isso, lamento aflição e pranto
Sentimentos dos heróis vencidos.
E com a alma cartada no recanto...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
A vida que os pais escolhem viver, se boa ou má, antes e/ou após o casamento, em muito determinará a vida dos filhos e dos que deles descenderão, seja para o bem ou para o mau. Diante de tal verdade, impõe-se-nos o dever de escolher sempre o bem viver. (1Cr 3.1-4a)
INFORTUNO
Falas de solidão, eu ouço tudo e calo
Ó saudade! Rude e regateira caipira
É. E é por isto que o vazio me imbuíra
A alma, no silêncio, infortuno vassalo
Viver! Quando virei por ter intervalo
Entre a dor e o sofrer que não espira
No tempo, e me põe nesta mentira
Da esperança dum amor para amá-lo
Pois é agridoce sentimento sagrado
Que leva a noite insone no cerrado
Messalina sensação, refutado fulcro
Falas de amor, e eu me desalento
Paixão na minha sorte é tormento
Intento para eu levar pro sepulcro
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 13’43” – Triângulo Mineiro
MÁS SORTES
Minha saudade é uma casa abandonada
por cujos solitários e vastos corredores
volteia o silêncio por toda madrugada
das lembranças e questões dos amores
Certa vez a essa estada mal ajambrada
varrendo o ar pesado e seus horrores
adentraste sorrateira quimera alada
num devaneio aos desejos pecadores
E, então, tão cruento e insistente
querer um afeto cheio de poesia
nessas incertezas, só perguntas!
Ah! o vazio no carma eternamente
na desilusão da paixão erma e fria
a verdade de más sortes conjuntas!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 04’47” – Triângulo Mineiro
AZARADO
Como um azarado, nascido para o luto
e a tristura, na má sorte, estou marcado
por um peso colossal em meu duro fado
o do amor no acaso, de um ardor bruto
Como o do apreço, fica diminuto
todo o meu sentimento desanimado
e, do desejo ainda, sim, enamorado
eu, como um azarado, ao querer reluto
Avulto, tal um teimoso, ante o castigo
na sensação, na alma, na dor estacada
tentando e tentando a sorte ao dispor
Como um incessante, ao amor persigo
deixando a minha direção desfolhada
e eu, solitário, agonizo, de ser amador!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/maio/2021, 08’27” – Araguari, MG
CHISPA
E despacito sai da cama
O velocímetro te engana
Velocidade vida afana
Já pouco importa se há má fama
Pois é no amor que a chispa inflama.
Se a gente for fazer algo
Estando de má vontade
O caminho a ser trilhado
Haverá dificuldade.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
23/06/2024
Podem sim nos copiar
Para usar de má fé
Mas duvido copiarem
Aquilo que a gente é.
Gélson Pessoa
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
09 Março 2025
"Muitas vezes o progresso não acontece, pois infelizmente ele esbarra em líderes que tem má vontade de sanar óbices ".
Anderson Silva
Eu não quero ter que viver mudando de acordo com o interesse dos outros, nem para agradar ninguém. Quero ter a liberdade de ser quem eu sou de verdade, sem medo de ser julgada, condenada ou má interpretada.
Qualquer estudante honesto da bíblia sabe que as Escrituras em sua totalidade são supremas diante de qualquer especulação ou indagações particularizadas. As Escrituras expostas em sua sinoticidade se interpretam e elucidam todos os textos mal interpretados.
O QUE ACONTECEU COM A GENTE?
Eu, ainda estou estarrecido com a coragem dos homens atuais.
No oculto planejam suas estratégias de guerra e nas praças falam de paz.
Não conseguem conciliar a situação, a circunstância, com bondade e temperança.
Pelo contrário, só enxergam dor e pregam desesperança, mimados como criança.
Ávidos por aplausos, criam e potencializam casos, desrespeitam casas, inclusive as sem reboco.
Assuntos de cunho pessoal e opinião virando leis de talião, juiz tosco.
Na verdade, é tudo restrição, simplismo, reducionismo e obra de tédio.
Me pergunto se a este tempo, em que adultos já não vão às creches, ainda se consegue doar remédio?
Doentes são ou estão? Estão enfermos todas as etnias e ainda têm gente sã aguardando na fila.
É como se em um exercício de imaginação, se louvasse a sabedoria do pai e ao mesmo tempo falasse mal de sua família.
É só para destilar terceiras intenções, discordâncias e ataques intermitentes.
Aonde vamos parar, onde estão os felizes, crentes e contentes. Os conselheiros pacientes, o que aconteceu com a gente?
Sergio Junior
Desvio de dinheiro público ou outras formas de enriquecimento ilícito são provas que o homem
deixa para trás da sua má formação.
Desfarelo aqui dicções,
neste texto em contrapé,
pra plantar em dois talhões
os da boa e os da má-fé.
I
Ao abrir a minha mão,
saltam letras trepidantes,
as mesmas letras que antes
amanhei com o coração…
pula o Z, todo gingão,
com as suas zorações;
rima fome com cifrões,
mete alhos por bugalhos,
e aqui nestes trabalhos
desfarelo aqui dições…
II
Entretanto, o calmo H
junta dez letras, ou mais;
faz caretas às vogais,
cultivando o seu maná…
diz ser fã do que não há,
é um fã do que não é,
como um vento de maré
duvidosa e bailarina,
apregoa o que imagina,
neste texto em contrapé…
III
Encruzado, bem selecto,
diz-me o X, bem divertido,
quase junto ao meu ouvido,
novidades do alfabeto…
E, então, num tom secreto,
denuncia as inflexões
aplicadas nos chavões
inventados a preceito,
que me dão imenso jeito
pra plantar em dois talhões…
IV
Meto algumas consoantes
no alfobre da direita,
mas a esquerda não aceita
gatafunhos circundantes;
planto versos abundantes
com estâncias de banzé;
curto a letras, e até
meto água nas carreiras,
onde cabem nessas leiras
os da boa e os da má-fé.