Luto Morte
"Ser"
infinita a liberdade do ser
seguida do dever
busca-se entender
em termos de igualdade
bem verdade,
somos todos iguais
perante a Deus,
somos vida
perante a vida,
somos espírito, a esperar o céu...
sob o sol,
somos luz
sob a lua,
somos água do mar...
sob a consciência,
nunca seremos ilusão
perante ao amor,
nunca seremos sorte
se escolhemos a luta,
aceitamos a morte
e jamais...
deixaremos de existir...
A Terra está morrendo. As pessoas estão sofrendo e vão morrer de fome. Tudo por causa de um sistema de terraformação que tá descontrolado. E só eu posso resolver.
(Aloy)
Vida desenhou os seres marinhos baseados em seus pesadelos, para que sempre que mergulhasse pudesse lutar contra seus medos em pé de igualdade, mesmo que seu maior pesadelo nunca tivesse realmente lhe desafiado em um duelo.
Morte nunca desafiou Vida, e Vida permaneceu com medo.
Caímos desamparados e incapazes de nos mover, nossas asas decepadas e altares destruídos, vertendo sangue quente, sendo acolhidos pela imensidão fria. Nos deixamos ser engolidos pelo remorso e culpa, regados pelo desprezo nos olhos daqueles que permaneceram sob as nuvens.
Mentindo para nós mesmos pois não queríamos aceitar a culpa dos pecados que cometemos e cegando nossos corações culpando os outros por coisas que fizemos por conta própria. Divididos entre fazer o que nos foi pedido e o que achamos correto, fomos condenados a afundar no abismo, assim a escuridão me engoliu, e aquele que mais me culpou fui eu.
Tudo que você precisa são 20 segundos de coragem.
Eu sou aquele que esteve cuidando, cuidando de suas almas, reparando suas feridas e ouvindo seu choro, estive ouvindo seus gritos. Porém não sinto pena dos humanos, não sinto empatia ou comoção por eles, entendo seus sentimentos e o valor dos itens que acumulam durante suas vidas, e o valor que pregam às pessoas que mantém perto.
Há uma rachadura que em toda a minha existência e em todos os milênios que vivo cuidando me intriga, me interessa bastante.
Vinte segundos, não mais que isso
Um pico de coragem insana aplicado á mente humana pode criar rachaduras incuráveis no destino, das coisas mais simples até pecados imperdoáveis. O que leva um humano a esquecer toda uma jornada vivida por nada menos que vinte segundos de insanidade? E veja só, o que eles podem fazer é impensável.
.
"Será capaz de encontrar-te em 20 segundos, ser humano? Tu que trata a ti mesmo com desgosto em pronomes ruidosos tão escassos de real comparação seria capaz?"
O humano baixa a vista. Não há esperança em seus olhos, não há espectativa. Ele procura atento nos nós de seus dedos calejados o sentido, mas não é como se eles fossem lhe fornecer alguma resposta, eles estão cansados e doloridos, assim como cada célula em seu corpo. Ele solta o ar em um suspiro cansado "Eu não sei, só imaginei que poderia ser suficiente. Afinal… não há nada que eu precise dizer, as pessoas me conhecem, sabem o que eu diria, e não há nada que eu queira fazer, pois não vejo esperança ou sentido, não vejo mais necessidade alguma de me mover."
"Então o que fará? Eu terei que lhe observar gastar mais de mim por mais vinte segundos? Eu te observarei se manter de pé e olhar o nada outra vez? Se não há nada a se fazer, não há sentido em deixá-lo por mais alguns míseros vinte segundos!"
O humano ri.
Do que está rindo?
"Qual a graça?"
O humano parece ter receio de responder, porém se ergue com petulância e um brilho antes inexistente queimando em seu olhar "Você." - ele aponta - "ficou bravo porque não vê sentido, como uma criança que ficou cheia de ter que repetir a mesma atividade"
A voz dele era firme, ele sabia que não haveriam consequências em barganhar como tempo
O tempo, sem motivos para negar os benditos vinte segundos ao humano ou continuar uma conversa sem sentido com um ser pequeno como um verme, lhe concede com desgosto. Com um leve sinal de dedos, o humano é levado de volta á terra, não antes de ouvir o tempo perguntar:
"O que é que você está indo realmente procurar em vinte segundos, garoto?"
Rindo outra vez, leve e calmo como nunca antes, responde:
"Eu encontrarei a paz."
Não poderia negar, vinte segundos. Há coisas que o tempo nunca entenderá.
"Viver...
é uma deliciosa viagem...
o Leniscata da alma...
do futuro ao presente...do presente ao passado...e
então nascemos outras vezes...entenda...
não estamos indo para o futuro...
estamos voltando para o nosso passado...
por isso enrrugamos".
As pessoas só se importaram com você se você morrer, caso contrário, ninguém liga. É por isso que é difícil desabafar!
Pequeno Pedaço do Paraíso
Na praça reluzia o Sol nela
Em sua pele cor aço
Em sua pele cor pureza
Na minha enferma solidão
A passível alienação do amor
Em sua forma mais doentia e sinfônica
Tocava com afinação limpa em minha alma
Clareava tudo que sempre soube ser ruim
Toda a sujeira humana em seu estado mais imundo
Toda a podridão se quebrava nela e retornava as ruas
Era a intocada pelos falhos
A intocável cabelos cor sangue
A magnifica garota dos olhos de fogo
A inalcançável desejo dos homens
Restrito estou ao meu mundo
Pensamentos fluindo desenfreadamente
Em meu eufórico estado
Eu não posso vê-la; não posso; não possuo
Eu devo permanecer na inercia chata e segura
Portanto o inesperado há de acontecer e o anjo cai
Simplesmente ao meu alcance, sem esforço para tal
Eu ajudo-a sendo suas asas
Só para que voe para longe de mim mais uma vez
Cansaço e gradativa fadiga enche ao meu escritório
Me infla de pensamentos negativos como coelhos inofensivos
Mas não não não
Toda essa pressão se acumula
Não a ela
Ela rebate solenemente em mim
Paralisando-me
Acorrentando-me
Porque sabe que não posso tê-la
Certa noite
Ventava aos montes com possível precipitação
Gemia assoalho
Num súbito momento a estrela cai mais uma vez
Simplesmente não ao meu alcance apenas
Sim em meu mundo
O melancólico mundo do homem vitoriano
Dou boas vindas
Dou acesso ao seco e arranco-a da fria chuva
Entrego proteção em meu quarto
Jazia ela lá ao meu lado
Absorta em sua tola confiança
Absurdamente em um frenesi louco
Ela me encara com seus olhos escarlates
Observa bem dentro de mim num sussurro
“Alegra-te, pois sou sua realidade.
Sou o teu único desejo.”
A sensação do úmido toca o meu pescoço
O enregelado toque dela é o que me esquenta
O corpo magro quase sem peso algum sob o meu
E então dor
A primordial essência do prazer rasga o meu corpo
O cômodo girava girava
Eu gemia; Eu gritava aos quatro ventos
FELICIDADE estava em mim
Em meus braços ela me quebrava
Sugava meu ser com seu beijo cálido
Entreolhando-se éramos um
E eu sabia que afinal
O meu pequeno pedaço do Paraíso iria me destruir
Eu cantava meu próprio Mantra Mori
Sempre estive cantando
Sem ser ouvido
Sempre observando
Sem ser visto
“Apenas focamos em sua morte
Apenas queremos a sua morte
Apenas vemos beleza na morte
Apenas focamos em sua morte
Apenas queremos a sua morte
Apenas vemos beleza na morte’’
Enfim o mundo ruiu para dentro dela
Para nunca mais sentir nada.
Perdeu-se o tempo, encerro minha vida e nem ao menos fui capaz de plantar a árvore que suspende meu corpo decesso.
Deserto de Almas
No horizonte da noite
Busco desvendar o mistério do que é viver
Tento encontrar alegrias perdidas,
Sorrisos esquecidos,
E sonhos interrompidos
Neste deserto tão vasto
Milhares de almas navegam
Se negando de terem morrido
Almas como a minha
Que buscam luz para a vida;
Avisto ao longe
Alguém se aproxima
É a morte, minha velha amiga
Me abraçou em um doce abraço
Que fez meu corpo levitar
E sem saber o segredo da vida
Me tornei mais uma das almas perdidas.
Sou pintor para criar esperanças
Sou pintor para apagar as lembranças
Pintei um quadro incrível
Sou escultor
Criei uma escultura linda
Mas como toda beleza
Se desfaz para serem criadas outras
A beleza mais sublime é a morte
Pois é eterna