Luto Morte
Levo a vida tranqüila
não tenho medo do mundo
não tenho medo da morte
não vou me preocupar
que passe por mim a doença
que passe por mim a pobreza
que passe por mim a maldade,
a mentira e a falta de crença
que passe por mim olho grande
que passe por mim a má sorte
que passe por mim a inveja,
a discórdia e a ignorância
Tranqüila,
Levo a vida tranqüila...
A morte é previsível, mas nunca esperada. É difícil de um dia pro outro perder uma pessoa tão especial. Na hora, não adianta virem dizer que Deus o chamou para ir morar com Ele, ou que assim será melhor. Nenhum dizer vai substituir a pessoa querida. Nada nem ninguém além do tempo será o remédio.
Todo boi sonso quando mostra seus chifres, feri de morte.
Publicado no Recanto das Letras em 11/08/2009
Código do texto: T1747615
Obediência: Religião dos escravos. Religião de morte intelectual. Gosto dela. Não faça perguntas, não pense, obedeça a Palavra do Senhor – que foi convenientemente trazida à você por um cara num Rolls Royce com um Rolex pesado no seu pulso. Eu gosto desse trabalho! Onde me inscrevo?
Recaída
Eu estava sendo forte,
Considerava-me mais forte que a morte
Mas hoje, sei que não sou...
Minha maior fraqueza é
O meu coração que insiste em me desobedecer.
Pensei que estava começando a te esquecer
Mas agora vejo que era apenas
O que eu queria
E não o que eu sentia.
Meu cérebro de repente parou de me obedecer.
E, tudo voltou, ou.
Na verdade não voltou, porque nunca FOI.
Mas na verdade... O que me deixa
Confusa é...
A certeza de que eu sempre vou te amar.
As rosas brancas, agora manchadas de sangue, completando a bela imagem da morte em sua melhor face. O amor. Uma forma de morte. Uma forma de morrer. Uma forma de matar. Mata-se por tão pouco. Morre-se por tão pouco. Por que não por amor? As rosas apodreceram, o sangue secou. Talvez nada tenha restado ali, talvez não para olhos superficiais. Talvez aquele amor nem tivesse existido, talvez não tivesse tido tempo para isso. Mas eles tentaram. Tarde demais, mas tentaram. Como dizem? Nunca é tarde demais.
Assim salientou Epicuro de Samos:
...¨quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais.¨
Logo, viver é morrer; morrer é viver.
Concluo: viver mata!
O conhecimento da morte muda tudo. Se eu te dissesse a data exata da sua morte, isso faria o seu mundo desabar completamente. Eu sei disso. Imagine como é alguém fazer você esperar pra dizer que está morrendo. Que seu tempo está se esgotando. Em um segundo seu mundo desaba. Passa enxergar de outro modo. Você saboreia tudo, nem que seja um copo d'água, um passeio no parque. Mas a maioria das pessoas não sabe quando seu tempo vai se esgotar. A ironia é que isso as impede de aproveitar o máximo a vida. Continuam tomando água, mas não conseguem de fato aproveitar.
Conformismo é uma das piores formas de morte em vida que você pode ter. Acomodar-se é muito mais fácil do que tentar. Por isso, quando menos esperar, você pode se deparar com a triste certeza de que o seu tempo já passou. Vale o mesmo para o desânimo. Portanto, tente. Uma, duas, dez, cem, mil, um milhão de vezes se for preciso. Mas tente. Até dar certo.
A morte perde metade de suas armas quando negamos em primeiro lugar os prazeres e interesses da carne.
A vida não cessa e a morte é um jogo escuro de ilusões. Fechar os olhos do corpo não decide os nossos destinos. É preciso navegar no próprio drama ou na própria comédia... Uma existência é um ato, um corpo, uma veste, um século, um dia. E a morte... A morte é um sopro renovador. Mas não vou sofrer com a ideia da eternidade, é sempre tempo de recomeçar!