Luto
Queremos tantas vezes controlar situações de finitude, mas o que se deteriora, fenece, morre ou vai embora em alguma perspectiva geralmente não pede a nossa permissão.
Soraya Rodrigues de Aragao
Simples seria amar você, acorda com você do meu lado, passando a mão pelo rosto e falando que te amo. Seria tão simples amar você! se o tempo passasse mais devagar, iria amar de verdade! cada detalhe do seu corpo, iria admira seu sorriso, iria enchugar suas lágrimas, iria te beija como se fosse o último dia da nossa vida, se o tempo passasse devagar. nada mais iria importar.
Seria ser como uma viagem para outro planeta devagar sem tempo para chega, iríamos aproveitar cada constelação se o tempo passasse devagar.
A morte é só uma passo dado para uma outra vida. Aos que ficaram nessa vida ficam também a saudade, a dor, os porquês e mesmo com essa bagagem de sentimentos que as vezes nem nós mesmos conseguimos compreender, fica um vazio. A sensação que tenho quando perco um ente querido é que estou no ponto de partida esperando ele voltar. Não entendo esse sentimento, mas estou sempre esperando meu ente querido voltar, talvez porque fica a certeza de que vamos nos encontrar algum dia e matar toda a saudade que se armazenou e o tempo marcou. Porque o amor vence fronteiras, vence o tempo. O amor vem de almas, que se enlaça por toda vida, vidas depois de outras vidas. Além do horizonte onde não haverá mais saudade, nem dor e sim só amor.
Liddy Viana.✍🌻
Campeão
Jamais, sim, jamais pensei na possibilidade de perder, pois sempre foi vitorioso, forte,mas aconteceu, sim . E hoje infelizmente, estou tendo que viver com sua ausência, aprendendo a ser feliz, mesmo com a saudade que me deixou, com a esperança de um dia, ser capaz de ter outro grande amor. Energia, sentimentos, que foram compartilhados, carinho, abraços. Perdi um amigo, um irmão, o afeto, a paciência, amizade, essência, a liberdade de te amar, o prazer de te escutar. Uma personalidade que cativa, que motiva, que fazia meus olhos brilhar. Alguém, que atravessava correntezas, que superava os obstáculos para me acompanhar. A reciprocidade, exalava no ar, com sua presença, transparência, que iluminava meu dia, até mesmo minha inteligência... Medo, confiança, proteção, coragem. E as vezes a gente corria de verdade, voava como pássaros,dançavamos. Conexão, sincronia, alguém que apesar dos seus defeitos foi perfeito, e uma das melhores companhias... Nossa, era tão bom te amar, bastante gostoso te amar, prazeroso, engraçado, diferente. Sim, éramos bem diferentes… Todavia vc morreu, morreu, morreu. E eu chorei muito, muito, muito, senti um aperto fora do normal. E nesse dia eu tive a certeza que o coração é um órgão surreal. Entretanto,no seguinte, acordei bem, em paz de ser capaz de amar alguém, mesmo não sendo do meu sangue. Virtudes capaz de escrever uma história, valores que marcou minha trajetória, meu consciente, minha memória, campeão, hoje eu vivo seu espírito de vitórias.
*Lv7*
O amor dela era mais do que inflexível. Era brutal, com força industrial. Um amor enérgico que nunca dava espaço para nem um centímetro de fraqueza. Era um amor que via o que era melhor para você dez passos adiante e não se incomodava se doesse feito o inferno no intervalo. Quando eu me machucava, ela sentia com tanta profundidade que era como se fosse a sua própria aflição. Ela só era culpada por se preocupar demais. Agora eu tenho essa percepção, mas só quando olho para trás. Ninguém neste mundo jamais me amaria como a minha mãe, e ela nunca permitiria que eu me esquecesse disso.
Pelo resto de minha vida, haveria uma farpa no meu ser. Doendo desde o momento da morte de minha mãe até que fosse enterrada comigo.
Existem pessoas lá no céu, que eu daria tudo para ver novamente, nem que fosse por um minuto, trinta segundos ou o tempo que durasse um abraço.
Tristeza
A dor é tanta que não sobrou espaço para mais nada, é só tristeza que tenho na alma e diante dos olhos nublados pelas lágrimas que não param de cair o deserto intransponível do luto.
Dos 16 aos 35 anos, a vida é uma festa ininterrupta. É a época em que buscamos experimentar tudo intensamente: desejamos conhecer todas as pessoas, vivenciar múltiplos amores, mergulhar em paixões avassaladoras, embarcar em aventuras sem fim, explorar o mundo em viagens memoráveis e descobrir quem somos de verdade. É uma fase de sangue nos olhos, risadas que ecoam eternamente, coragem ilimitada e uma energia vital que parece não ter limites.
No entanto, após os 35 anos, começamos a amadurecer de maneira profunda. A vida nos ensina a não dispersar energia em excesso e a valorizar cada momento com mais sabedoria. A convivência com a saudade se torna mais frequente, e entendemos o significado doloroso de perder alguém querido. O luto passa a fazer parte da nossa realidade, e mesmo vivendo momentos maravilhosos, somos confrontados com a fragilidade humana de maneira mais evidente. A vida se revela como um tecido fino e delicado, que a qualquer momento pode se rasgar, nos lembrando da impermanência de tudo.
Essa jornada nos transforma, nos molda em seres mais resilientes e compassivos. Apreciar cada fase da vida, desde a exuberância da juventude até a serenidade da maturidade, é um privilégio que nos ensina a valorizar cada experiência e cada pessoa que cruza nosso caminho.
"Todas as semanas, praticamente, tenho sonhos com minha falecida avó. Sempre vejo o rosto e o comportamento de Dona Rosinha sereno, alegre e me abraçando. Não fala nada. Está num silêncio.
A vida tem um jeito cruel de nos testar, de nos fazer lidar com perdas que não esperávamos enfrentar tão cedo. Nos últimos três anos, eu me vi atravessando um mar de lutos que me transformaram profundamente. Perdi as duas avós que foram símbolos de carinho, histórias e laços familiares que nunca imaginei romper tão bruscamente. A partida da minha tia, uma mulher tão importante e presente na minha vida, deixou um vazio que ainda ecoa em cada memória que compartilhei com ela. Como se isso não bastasse, meu sobrinho, o primeiro filho da minha irmã, não teve a chance de respirar fora do ventre, vítima de um erro médico que não apenas tirou dele a vida, mas também roubou da nossa família a alegria de conhecê-lo.
Cada uma dessas perdas pareceu me arrancar um pedaço, deixando cicatrizes que ainda estou tentando entender e curar. O luto nunca é simples, mas a soma dessas despedidas inesperadas tornou meu luto algo complexo, quase avassalador. Aprendi que o tempo pode até ajudar a fechar feridas, mas ele não apaga as dores. Ele apenas nos ensina a conviver com elas, a acolher essas ausências como parte de quem somos.
E agora, enquanto ainda digiro essas ausências, me vejo lidando com um luto diferente, o luto de pessoas vivas. Perder minha família, minha ex-esposa, com quem compartilhei sonhos e tantos momentos, tem sido um tipo diferente de vazio, uma saudade daquilo que um dia foi e nunca mais será. A separação transformou minha relação com minha filha, em algo distante e dilacerante. Não é apenas a perda física, mas o fim de uma vida que eu planejei, a quebra de um lar que parecia ser minha âncora.
Viver sem minha ex-esposa e sentir a ausência da presença diária da minha filha tem sido uma batalha constante. Às vezes, é como se eu estivesse de luto por versões de mim mesma que não existem mais, por aquela vida que eu tinha como minha. O luto por uma família que se desfez é tão profundo quanto o luto pela morte, porque ele carrega a carga do amor que ainda existe, mas que não pode mais ser vivido da mesma forma.
Cada dia é um esforço para equilibrar o peso dessas ausências, para aprender a amar de longe, a deixar ir sem realmente esquecer. Tento encontrar força nas pequenas coisas, em cada conversa que ainda posso ter com Rebecca, nas memórias das pessoas que partiram, e na tentativa de me reconstruir diante de tanta perda. É um caminho árduo, mas eu sigo, mesmo que com passos vacilantes.