Luta e agradecimento
Jamais escreverei uma autobiografia.
Primeiro, porque não me considero suficientemente interessante.
Segundo, porque canso só em lembrar do que vivi.
Terceiro, porque não a história não faria sentido nenhum,
pois pareço ter vivido múltiplas vidas
e todas elas da pior maneira possível.
Sou um colecionador inveterado de erros e fracassos.
Apanho da vida como uma espécie de Rocky Balboa
cuja luta nunca termina
e a vitória nunca chega.
Mas sigo.
Porque preciso.
Porque vivo.
Porque na lona, com o rosto rente ao chão,
vejo aquela flor que brota,
vejo as estrelas brilhando no céu,
vejo o sorriso da criança pequena,
e todas essas coisas bobas e belas
junto com a justiça e a paz no horizonte
que ainda me fazem acreditar
que tudo isso vale a pena.
O CARENTE
Entre as sombras dos desejos alheios,
Dança o carente em laços de vento,
Tateia sonhos de afeto, em gotas de orvalho, borda devaneios,
Em busca de um toque, de um abraço, de um consentimento.
Na penumbra suave de olhos que o negam,
Ele curva-se e molda-se na espera que é vã,
Não vê que a dor que o cerca e cega
É o reflexo frio da alma afã.
E o manipulador, maestro de silêncios,
Toca subtil as cordas do medo e da solidão,
Tece promessas que, como véus de incenso,
Dissipam-se no ar, sem forma ou direção.
O carente, perdido na fúria que calafrios lhe faz,
Não percebe que a prisão é leve, feita de ar,
Que no abandono é o outro que lhe rouba a paz,
Esta ironia amarga e silenciosa,
Onde o espelho engana os olhos marejados
Quem procura aprovação tão ansiosa,
Encontra um eco de corações fechados.
O amor próprio, joia oculta em si,
É o farol esquecido num porto de amor,
Enquanto se ajoelha a quem não quer ouví-lo,
A liberdade jaz, oculta em seu valor.
E o manipulador, ávido devorador de almas,
Sacia-se da fragilidade de quem amor lhe implora,
Mas, no fundo, a sua fome que aos demais causa traumas,
É de um parasita que tudo devora.
Doce tragédia de vultos entrelaçados,
Num teatro de sombras e desatino,
Onde a dor é cantada em fados,
E brincar com os sentimentos do outro, um perpétuo destino.
E assim dançam, como folhas ao vento,
O carente e o que o controla em segredo,
Até que o despertar seja um lamento,
E as correntes se desfaçam, sem dó nem medo.
Mas há uma força, latente, escondida,
Quando o carente por fim se olha
ao espelho,
A rejeição não é mais ferida renhida,
mas sim, o voo final, o adeus ao velho.
Então ele ergue-se, sem nunca mais se curvar,
Agora a sua busca não é por rostos, nem gestos vazios...
No brilho dos olhos que acabam de despertar,
Vê-se a liberdade, num coração que não é mais dos gentios.
E assim o jogo termina, não com gritos,
Mas com o silêncio da alma sabia, que por fim aprendeu,
Que a verdadeira luta não está nos conflitos,
Está em aceitar-se o que se é,
E não chorar o que se perdeu.
E no fim, o manipulador, solitário ao espelho,
Vê apenas o vazio que ele próprio bordou,
Sua arte, pintada num traço vermelho,
Nada construiu, apenas se desfez, e então... se finou...
T. M. GRACE
A realidade não se importa com seus sentimentos. O mundo é dos fortes, dos que enfrentam a verdade sem medo. Acorde para o que é real: ou você domina, ou é dominado. Lute, caia, levante, mas nunca espere que a vida seja justa. O poder está em suas mãos, se você tiver coragem de tomá-lo.
" Escute sempre seu coração e se quiser realizar seus sonhos não tenha sanidade sempre, loucura é passar pela vida sem lutar pelo que você acredita"
A esperança nutre a determinação e o foco nos resultados. Positivos ou não, nunca se arrependa de lutar.
Vencer sem esforço é vitória vazia,
Triunfo desprovido de substância,
Porque o que dá valor ao sucesso
É o caminho árduo, os obstáculos superados,
O suor e a dedicação de cada passo.
Ah, como é vão o triunfo sem luta,
O brilho sem a sombra do esforço!
Pois é no empenho, na jornada incerta,
Que se forja o verdadeiro mérito do ser.
Fracassar não é derrota, se a alma deu o melhor,
Se o esforço foi genuíno e sincero,
Pois o fracasso é mestre, não carrasco,
E nas suas lições se oculta o crescimento.
Ó vida, estrada cheia de vicissitudes,
Onde a vitória e o fracasso se entrelaçam,
O verdadeiro mérito está em caminhar,
Com o coração pleno de dedicação.
Se a vitória é doce, que seja merecida,
Se o fracasso amarga, que seja construtivo,
Pois o valor maior reside no esforço,
No árduo caminho que trilhamos,
Na luta, no empenho, no viver.
No sonho nasce a obra que há-de ser,
Por génios concebida, além do ver,
Visão sublime, além do nosso ser,
Imaginada antes do amanhecer.
Mas vem o lutador, sem hesitar,
Com força, a persistir, a trabalhar,
Nos braços leva o sonho a edificar,
Vence os desafios, faz o ideal brilhar.
E eis que o fruto, então, se faz luzir,
Os felizes desfrutam, vão sorrir,
Na obra pronta, vão-se deliciar,
No prazer de quem viu o sonho abrir.
Mas sempre há-de vir a crítica vil,
Dos velhos do Restelo, senil,
Que nada cria, só sabe obstruir,
Em sua sombra, o novo a reprimir.
Assim se faz a história, em ciclo eterno,
Do génio ao lutador, prazer fraterno,
Passando pelo crivo deste inferno,
Dos inúteis crónicos, sem inverno.
Num espaço dedicado ao cultivo do corpo e do espírito, surge um homem cuja alma anseia desvendar os mistérios do Karaté. Vestindo o cinto branco, emblema de pureza e iniciação, ele comparece aos treinos, embora o seu esforço seja tão efémero quanto a brisa fugaz.
Encantado não tanto pelo rigor do treino, mas pela camaradagem e pelas conversas pós-luta, regadas a cerveja, ele busca mais do que a maestria técnica: procura a camaradagem que tanto anseia, numa jornada onde o esforço parece ser um mero detalhe.
Entretanto, à medida que o tempo avança, ele percebe que o reconhecimento do mestre não lhe é concedido, não obstante a sua presença constante. Tal constatação desperta nele uma chama de insatisfação, alimentando a decisão de se desviar do caminho estabelecido.
Assim, unindo-se a outros de espírito semelhante, ele empreende a criação de um novo dojo, onde as promessas de ascensão rápida e a promiscuidade social são as novas moedas de troca. Adquirindo o cinto negro não pela via da dedicação, mas pelo poder monetário, ele ergue-se como o grande Sifu, iludindo-se com a miragem da autoridade.
Neste ambiente que ele próprio forjou, rodeado por almas cúmplices na sua ilusão, o fracasso torna-se motivo de celebração, enquanto a excelência real é eclipsada pela máscara do sucesso fabricado. Na encenação do poder e prestígio, refugiam-se, ávidos por uma validação que não encontram nas suas vidas para lá das paredes do dojo.
Os verdadeiros buscadores da arte, ao vislumbrarem a futilidade deste teatro de vaidades, logo se retiram, deixando para trás aqueles que preferem o simulacro do conhecimento à árdua jornada da aprendizagem genuína. E assim, o dojo prospera, não pela luz da verdade, mas pela sombra da ilusão, onde o ser e o parecer se entrelaçam numa dança sedutora.
...Curiosamente, todos os passos bem sucedidos que dei nunca foram com o intuito de vencer, eu estava apenas fugindo da dor.
Tenha cuidado com aqueles que buscam prejudicá-lo para se sobressaírem, pois não compreendem a importância de fortalecer até mesmo seus oponentes. Uma batalha só se torna memorável quando travada por dois gigantes.
Você precisa vencer o medo, não estou negando a possibilidade de você ter medo. Estou dizendo para você que o medo não pode impedir que você entre na fornalha. Daniel 3.18
Ser forte, sem ser...
Condescedente por falta de opção...
Vivendo, aprendendo a viver...
Sem querer ficar...
Mas fugir com o vento...
A noite que a tudo acata...
No dia acaba o perdão...
Fechando os olhos...
Como fera que estuda...
Na queda do súbito, o espanto...
Desnudar a carne para gerar a razão...
Porque se obriga a esconder o sentimento...
Fugindo da decepção...
Hora se tem um...
Hora se perde ao outro...
Nada existir...
Ser igual aos mortos...
Aspirar a voz...
Resfriar o suor...
Saber qual o momento...
Ser a criança que és...
Somente quando parar o tempo...
Segurar a vida por desespero...
Sabendo que nem tudo é tão perfeito...
A segura confiança trançando planos...
Vida estranha...
Vida dura...
Por mais que a gente se articula...
Despenca do barranco...
É uma rotina sem cura...
Vaivém de luzes...
Fatos, momentos...
Organizam a marcha em nossa estrada...
E assim vamos seguindo...
Criando sonhos...
Querer voar...
Sem ter asas...
Páginas em branco...
A serem escritas...
Sorrisos, choros...
Beijos e feridas...
Tudo junto...
Tudo misturado...
E tudo requer cuidado...
No fundo às vezes nem entendemos o porquê...
Mas vamos aprendendo...
Entre sermos felizes e a sofrer...
Infindável luta...
Recomeçar... após perder...
Sandro Paschoal Nogueira
Minha força não vem dos meus braços ou do meu tamanho; ela vem de Deus. E, enquanto Ele me sustentar, continuarei lutando.
Aqui estou eu, lutando por você. E, se me der outra chance, vou lutar pelo nosso felizes para sempre pelo resto da vida.
Vale a Pena?
Quando acerto, e tudo parece brilhar,
Sinto o peso dos olhares, prontos a me julgar.
Como se o sucesso fosse um crime a ser punido,
E as vozes da crítica, um coro desmedido.
Parece que quanto mais alto eu vou,
Mais forte é a tempestade que se forma ao redor.
“Será que vale a pena?”, pergunto em silêncio,
Quando a alegria se mistura ao medo e à dor.
Fazer tudo certo, mas ser penalizado,
É um fardo pesado, um peso indesejado.
A luta por reconhecimento, a busca pela paz,
Por que é tão difícil ser eu, e só ser capaz?
Mas entre as sombras, uma luz se acende,
A força que vem de dentro, essa que nunca se rende.
Vale a pena, sim, mesmo quando é doloroso,
Pois cada acerto é um passo, e eu sigo orgulhoso.
Se a vida me cobra por brilhar e amar,
Eu vou dançar na chuva, não vou me calar.
Ser eu mesma, mesmo sob a crítica e o pesar,
É o que me move, é meu jeito de lutar.
E assim sigo firme, sem me deixar abater,
Cada acerto é uma conquista, um motivo pra viver.
O peso dos outros pode ser um ladrão,
Mas eu sou minha força, e eu sou minha razão.