Livro 11 Minutos de Paulo Coelho
Durante toda a minha vida, entendi o amor como uma espécie de escravidão consentida. É mentira: a liberdade só existe quando ele está presente. Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama o máximo.
E quem ama o máximo, sente-se livre.
Por causa disso, apesar de tudo que posso viver, fazer, descobrir, nada tem sentido. Espero que este tempo passe rápido, para que eu possa voltar à busca de mim mesma - encontrando um homem que me entenda, que não me faça sofrer.
Mas que bobagem é essa que estou dizendo? No amor, ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.
Já me senti ferida quando perdi os homens pelos quais me apaixonei. Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém.
Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la.
Posso escolher entre ser uma
vitíma do mundo ou uma aventureira
em busca do meu tesouro: Tudo é uma
questão de como vou encarar a minha vida!
Sou duas mulheres: uma deseja ter toda a alegria, a paixão, as aventuras que a vida
pode dar. A outra quer ser escrava de uma rotina, da vida familiar, das coisas que podem
ser planejadas e cumpridas.
O desejo profundo, o desejo mais real é aquele de aproximar-se de alguém. A partir
daí, começam a ocorrer as reações, o homem e a mulher entram em Jogo, mas o que
acontece antes - a atração que os juntou - é impossível de explicar. É o desejo intocado, em
seu estado puro.
Quando o desejo ainda está neste estado puro, homem e mulher se apaixonam pela
vida, vivem cada momento com reverência, e conscientemente, sempre esperando o
momento certo de celebrar a próxima bênção.
Pessoas assim não têm pressa, não precipitam os acontecimentos com ações
inconscientes. Elas sabem que o inevitável se manifestará, que o verdadeiro sempre
encontra uma maneira de mostrar-se. Quando chega o momento, elas não hesitam, não
perdem uma oportunidade, não deixam passar nenhum momento mágico porque respeitam
a importância de cada segundo.
A montanha-russa é a minha vida, a vida é um jogo forte e alucinante, a vida é lançar-se de para-quedas, é arriscar-se, cair e voltar a levantar-se, é alpinismo, é querer subir ao topo de si mesmo e ficar insatisfeita e angustiada quando não consegue.