Literatura epigrafes
Existência é dor, mas contudo um mérito do acaso daqueles que sofrem sendo livres não aos presos e tolos de evolução e intelecto.
Quanta coisa me trava:
o medo, a solidão, a palavra.
Quanta coisa me cala:
a dor, o desejo, a fala.
Quanta coisa me cria:
a palavra, a fala, a poesia.
Palavro termos ternos,
buscando no efêmero
o que tenho de eterno.
A solidão vocabulizo
e, em cada rima perdida,
em cada rumo que tomo na vida,
eu me poetizo.
Quanto maior for sua bondade pior será massacrado pelos demais ao seu redor, a dica é ser ruim, maltratar e ser amargo com os outros pois a moda deste século é ter a conta bancária alta e a alma pequena.
"Amar, amiúde,
é infinda aprendizagem.
É fechar-se em ataúde.
É abrir-se à eternidade."
"Pétalas"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso". Gramado (RS): Porto de Lenha Editora, 2017, p. 44)
"Se nosso amor é tão sólido
por que me escorre pelos dedos?
A liquidez do teu sentimento
deságua em mim igual tormento..."
"Enigma"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso". Gramado (RS): Porto de Lenha Editora, 2017, p. 49)
"E a palavra suicida
precipitou-se,
desesperadamente,
da boca
e caiu
no mundo...
Estraçalhou-se
em verbo
e foi ser Vida."
"Verbum"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017)
Não posso impedir que coisas ruins aconteçam. Sei que não tenho como te
proteger do mundo, mas posso e vou estar ao seu lado para o que der e vier. Pra
suportar sua dor, te ouvir se precisar...
Dante Montini
Tudo é jogo de cintura no final.
Sorria e espalhe graça
porque o riso escancara portas,
transmite luz e paz,
aviva as horas mortas,
é atitude audaz.
"O Riso"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
"Quero abraçar meus medos
e conhecê-los a fundo.
Quero dar todos os beijos
que os guardei em segredo
nos dias moribundos."
"Quereres"
(CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
A caridade é uma coroa que o capitalismo exibe para lembrar ao dono do dinheiro que a miséria existe como virtude do seu espírito e não como consequência nefasta do seu egoísmo.
Não me dê o fim!…
Quero entrelaçar o infinito
No nosso gozo
Quente, fulgurante de chamas.
Quero me ausentar,
Presentear
Quando preciso.
...
Não bata os olhos,
E não me dê o fim!...
Se você pudesse
ouvir meu olhar,
evitaria a verdade
que, em minha boca, tropeça.
Se você pudesse ver
a alegria de minha alma,
quando a aurora começa,
amaria o menino
que a noite flecha.
Nada do que crio
serve ao ócio,
serve ao ópio,
serve ao cio.
Nada do que sou
serve a mim,
serve à míngua,
serve ao engano.
Prossigo adeusando
tudo que vejo,
tudo que desejo,
esperando o fechar das portas,
o apagar das luzes,
o descer do pano.
No fim da estrada,
estarei sozinho.
Os amores, os amigos,
os parentes, os saudosos inimigos
já terão me esquecido no caminho.
Terei os olhos vermelhos,
marca de letras nos joelhos
e as cicatrizes dos carinhos.
Sempre aprenda poemas de cor. Eles têm que se tornar a medula em seus ossos. Como o flúor na água, eles tornarão sua alma imune à decadência suave do mundo.