Literatura de Cordel

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O que vê
espelho
fixado
na parede do quarto?

dia e noite
e rastro da insônia.
(...)
O que vê
senão
essa cara
sem dono
esse terno de linho
e esse lenço no pescoço.
(...)

Só gente muito ingênua acredita em autobiografia. E apenas hipócritas afirmam que estão contando o próprio passado.

Como o Brasil chegou a um número tão grande de romances que não incomodam ninguém?

Minha obsessão é dizer o máximo possível com o mínimo de palavras.

Enquanto as ruas pegam fogo, é difícil escrever sobre o amor.

MAIS UM

Ouvi tiros
no silêncio da noite
infelizmente mais um corpo
tomba no gueto.

Na minha mente
vem vários pensamentos
e do fundo do coração...
Lamento.

E como sempre
ninguém sabe ninguém viu
essa é a triste realidade
nas quebradas do Brasil.

Os moleques estão a mil
pelos becos e vielas
as coroas nos barracos
acendendo suas velas.

No silêncio da noite
muitas coisas acontecem
e esses tiros que ouvi
apagou mais um pivete.

NOVO DIA

Hoje é um novo dia
Não dá para ficar chorando
Hoje é um novo dia
Para realizar teus sonhos.

As coisas só acontecem
Se fizer por merecer
Se não acreditar
Nada irá colher.

Problemas todos têm
Quem disse que iria ser fácil
Levante tua cabeça
Passe por cima dos obstáculos.

Hoje é um novo dia
Coloque um sorriso no rosto
Agradeça pela tua vida
De manhã, à tarde e à noite.

Não faça corpo mole
Seja firme e vai em frente
É preciso ser mais você
Quebre a corrente que te prende.

Hoje é um novo dia
Para se erguer, se adiantar
Hoje é um novo dia
Para quem está disposto a lutar.

POEMAS

As vezes paro e penso
Nos poemas que compus,
Tanta idéias na cachola
Tanta glória, tanta luz.

Quando falam em poesia
Fico todo esfuziante,
É uma coisa magnifica
Que me enche de emoção.

Os poemas que escrevo
Na verdade são presentes,
Palavras ritmadas
Feita de coração.

Para crianças e idosos
Não importa a idade,
São tantos pensamentos
Muita criatividade.

São livres como o vento,
Nem um deles me pertence,
Os poemas que compus,
São presentes para o gueto.

NEM TUDO

Nem tudo que rima ensina
Nem tudo que voa é pássaro
Nem todo mundo sabe
O valor de uma grande amizade
Nem tudo que vai... Volta
Nem sempre fechamos a porta
Pecamos bastante
Somos insanos, as vezes hipócritas
Nem tudo que brilha é jóia
Nem todos sabem amar...
Não ajudam o próximo
Nem tudo é tão lindo
Como as flores dos bosques
Nem tudo é para sempre
Erramos periodicamente
Nem sempre estamos alegres
Nos queixamos de tudo e de todos
Nos estressamos por tão pouco
Nem sempre estamos dispostos
Sempre achamos defeitos nos outros
Seres humanos, seres loucos
Que vivem se matando
Não sabemos de nada
Somos como crianças recém nascidas
Somos pequenos, sementes, átomos
Nem tudo é tá fácil
Nem tudo que rima ensina
Nem tudo que voa é pássaro.

SAUDADE

Saudade sinto da menina
que roubou meu coração
que deixo - me na tristeza
na imensa solidão.

Sofro tanto nessa vida
pelo canto enfadonho,
que saudade da manina
só a vejo em meus sonhos.

Foi embora sem avisar
não deu beijos nem abraço
não deixou nenhum bilete
nem uma foto 3x4.

Quem déra se voltasse
pra ficar junto a mim
menina que saudade,
porque maltrata assim?

Volta ainda é tempo
não me deixe desse jeito
saudade doi de mais,
saudade doi no peito.

REVOLTA



Revolta!

Revolta!

Revolta!



Rê, volta

porque

te

Amo.

Eu nao sei quem sou
Sou uma metamorfose
Ás vezes sou
“Um louco filósofo“
Ás vezes sou
“Um negacionista“
Para mim
Tem vezes que sou
Um sonhador
turista espacial,
físico de quintal.
Às vezes sou Leão,
sou gato também,
que sai para ver a cidade
e não volta o mesmo.
Com o sonho de ter,
o mundo em suas mãos
Mas nada importa
O que pensam de mim?
talvez que sou destemido,
sem medos, talvez alguém
complexo. Eu sou eu,
e não sei quem sou
Sou eu. Sou Descobridor

Eu nasci uma contadora de contos de fadas.

"A superação
é a soma da luta determinada,
com o esforço continuo".

O ato de escrever é o ato de descobrir aquilo em que você acredita.

Todas as pessoas têm coisas importantes para contar. Se criarmos um ambiente de confiança, calmo, íntimo, surgem grandes histórias. Pessoas sem importância têm grandes histórias. Mas se faço uma pergunta banal, obtenho uma resposta banal. As pessoas têm uma grande necessidade de falar de coisas sérias. Mas acontece que não lhes dão oportunidade. Ninguém as quer ouvir. Vivemos num mundo de banalidade. O trabalho do escritor é resgatar as pessoas dessa banalidade.

⁠Li muitos livros, mas eles me leram mais.

⁠Gosto de escrever

Eu gosto de escrever
Eu não sei o porquê
Fico encarando o papel
Sem saber o que fazer
Fico encarando o celular
Sem saber o que digitar

Eu gosto de escrever
Ainda não sei bem porquê
Tenho muita coisa na cabeça
Que preciso despejar
Eu não devo esquecer
Eu não devo ignorar
Eu preciso registrar
Eu preciso escrever

Nenhuma idéia é inútil
Não há conhecimento fútil
Tudo é importante
Tudo é potência
Tudo é constante
Sempre em desenvolvimento
Sempre em crescimento
Como as idéias na cabeça
Giram como um cata-vento

Eu gosto de escrever
Não sei bem porquê
Só sei que sei escrever
Só sei que sei ler
Não sei se sei entender
Compreender as idéias do autor
Ver não é ler, ler não é entender
Entender não é compreender
Compreender não é aprender
Aprender não é conhecer

Ler a escrita é ler a mente
Ler a mente é ler o coração
O coração da gente
Tão impulsivo e ardente
É ler alma do agente
Que escreveu o sermão

Eu gosto de escrever
Eu não sei porquê
Mesmo se não há nada pra escrever
Escrevo mesmo assim
Um poema bem simplório
Que nasceu dentro de mim

⁠Tudo vai sendo jamais,
tudo é para sempre nunca.

Cecília Meireles
Poemas escritos na Índia. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1961.

Nota: Trecho do poema Zimbório.

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⁠Um escritor é alguém que escreveu algo hoje.