Literatura de Cordel
Vamos semear a paz.
Mote
Escuta e tenha ciência
Paz é fruto da cultura.
Glosas
Para semear a paz
Tem que resgatar a ética
Plantar pacífica estética.
Mostrar que o amor é capaz
De expulsar mal que se faz
Base desta conjuntura.
Por o amor na estrutura
Dar a paz plena vigência.
Escuta e tenha ciência
Paz é fruto da cultura.
Cultura é uso, é costume.
Então é possível mudar
A ação, o viver e o olhar.
Fazer do amor nosso lume
A essência e o perfume
Da nova semeadura
Que dará paz em fartura
E à vida preferência.
Escuta e tenha ciência
Paz é fruto da cultura.
Sou poeta do gueto
Decanto a realidade
Não falo só coisa triste
Também falo a verdade
Uns tem tudo, outros nada
Um na rua de frio tremia
Outro em Dubai sorria
Eita injustiça danada.
Saudade é um sentimento
Muito parecido com a dor.
E pra sentirmos isso,
Temos que ter pelo menos um pouco de amor.
Dá uma vontade danada, de ver a pessoa amada,
Independente de onde ela for.
Seu menino, esse negócio
De plagiar os escritos
É coisa feia danada
Digo com sinceridade
Que toda parede tem olho
E todo mato tem ouvido!
A Cola nem na escola
É coisa de preguiçoso
E de mal intencionado
Até a professora sabia
Que algo ali estava errado.
Copiar muito pior
Pois você não é carbono
O bom leitor vai dizer
Que nesse angu tem caroço
Você pode até dizer
Que isso aqui é porcaria
Mas nasceu dos meus miolos visse?
Não é pra sua serventia
Peça licença primeiro
Não copie minhas poesia
E nem texto e nem nada
Largue dessa mania feia
Lhe aviso,
Quando eu morrer,
Venho morder o seu dedo
E azucrinar seu ouvido
Deixo seu cabelo em pé
Um poeta doido varrido
Aponto você com meu dedo
Aviso aos porteiros do céu
Lá vai ele o plagiador
Sem futuro e mascarado
Não tem consideração
É um la lau pegue ele!
Vive morto dentro das calças
Ou de saia, ou de vestido
Copia as coisas dos outros
E tibungo: coloca o nome
Sujeitinho sem miolo
Esse tal de plagiador
Não sabe criar uma virgula
Inda dá uma de doutor
Tome tento plagiador!
A Senhora dos Túmulos observa
O vaivém da tacanha mocidade,
Que despreza a virtude e a verdade
E dos vícios se mostra fiel serva.
Porém, nada no mundo se conserva:
Sendo a vida infinito movimento,
É a Morte um novo nascimento;
A inveja é o túmulo dos vivos –
O herói repudia esses cativos,
Galopando o Cavalo Pensamento.
Os olhos quando se amam,
Atraem como os brilhantes,
A lembrança traz saudade
Desses mimosos instantes,
Que o amor dormiu no leito
Dos corações dos amantes.
Resistência só se tem
Quem sofre constantemente
Quem aprende a descer
E a subir rapidamente
Aquele que nunca perdeu
Resistência não concebeu
Pra seguir a vida em frente
FEIRA DE ITABAIANA
(Guibson Medeiros)
É aquela gritaria
é barraca de verdura
é doce de rapadura
tem melão e melância
uma gata dando cria
debaixo de uma xopana
um tabuleiro de banana
que as vezes amadurece
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
Chapéu de couro e gibão
fumo de caipora
sete légua e espora
cangalha e matulão
chicote pra peão
pão doce e caldo de cana
conga e chinela havaiana
e beata fazendo prece
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
Frete num carro de mão
bicicleta que só a gota
veio olhando garota
carroceiro de prontidão
jogador do conceiçãoe
e promessa de cigana
rico gastando grana
e tem rifa pra quermesse
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
Mendigo pedindo esmola
menino vendendo manga
vendedor de buginganga
e passarinho na gaiola
cantador de viola
e umas pimentas baiana
as irmãs prebisteriana
pedindo pra quem carece
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
querosene pra candinheiro
garrafa de aguardente
disco de antigamente
e espingarda pra cangaceiro
matuto lá de Mogeiro
de braços com a puritana
pratos de porcelana
e político que não agradece
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
Rolo de miaiá
uma mesa de sinuca
uns parente de Sivuca
e castanha do pará
jumento com caçuá
cheio de rolete de cana
mel de abelha africana
chega o açucar endurece
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
Cofrinho feito de gesso
amolador pra tesoura
espanador e vassoura
véia vendendo terço
pirrai chorando no berço
e bebo tomando cana
crente numa caravana
orando pra quem padece
isso tudo acontece
na feira de itabaiana
Côco ralado e farinha
estatueta de carranca
roupa lá da sulanca
e enfeite pra lapinha
caritó que vai sozinha
se achando Ly Daiana
piniqueira de bacana
que nem do carro desce
isso tudo acontece
na feira de itabaiana.
Cordelzinho Nordestino
Oxe cabra da peste...
voltei do nordeste
cheia de pantim...
só porque aprendi uns vuvuvú por aí
mas não soube rala buxo
nem amarra fivela...
pois lá na minha terra
num tem isso não!
Então por favor
num mangue comigo!!
Pois sou teu amigo..
E na maciota vou capar o gato
Sem ficar macambúzio
Pois a vida é um luxo
E um dia sem gastura forrózearei...
Família Animal
Meu tio é um boi
Minha tia uma vaca
Não sabem dizer "Oi"
E toda bosta do chão cata
Um é morto de fome
A outra é triste da vida
O "Morto" é o que mais come
A outra é a mais exibida
Tenho uma parente Baleia
E um parente Sapo
Uma fica olhando a vida alheia
E outro é bom de papo
Essa é a família animal
Vieram da Natureza
É perigo total
Nenhum deles tem beleza.
A encrenca
Alguém disse que o amor:
"É uma flor roxa"
Parece a fala de um perdedor
E trouxa
Quem disse foi o Peter Pan
Veio da Terra do Nunca
O qual ele é superfã
E tem problema de junta
Tá olhando o quê, Indiona,
Nunca viu não?
E essa roupa cafona
Encontrou em liquidação?
E você, Pajé,
Volta para a tribo
Qual é?
Por que encrencou comigo?
E você, Ursa?
Se acha bonita
De tudo abusa
Parece uma cabrita
Tem na classe um pagodeiro
Não para de cantar
É um bagunceiro
Só sabe falar.
Que a fome não seja somente de pão,
que a sede não seja só de Coca-Cola:
a fome de livros, a sede de escola
contêm a semente da revolução.
Com Braulio Tavares, amigo e irmão,
esgrimo palavras no meu poetar,
que têm dois poderes: ferir e curar
e na noite escura são nossos faróis;
parecem centelhas, mas são arrebóis,
nos dez de galope na beira do mar.
O cosmos é uma orquestra
Regida por braço destro,
Os planetas e as estrelas
Aos quais dirijo meu estro
São sinfonias compostas
Pelo Divino Maestro.
Agora, eu vou dormir
Que amanhã tem entrevista
Pensei que era mais fácil
Essa vida de artista
Mas não rende nem dinheiro
Que saudade de Monteiro
Estou já pegando a pista.
Vou contar uma história precupante
Que ocorreu na justiça Federal
Uma mulher com problema emocional
sai correndo sem o seu acompanhante
ainda bem que o nosso vigilante
tava atento a abordou e fez parar
e deu tempo a família controlar
e o pior se evitou, foi por um triz
cabe agora aguardar que o juiz
veja todo processo pra julgar.
Thiago e Eliézia
Hoje é um dia especial
Que merece ser lembrado
Na justiça Federal
Tendo em vista a importância
Da função do oficial
Quase sempre viajando
Pra cumprir cada mandado
Muitas horas de trabalho
As vezes subestimado
Os perigos são diversos
Pois ninguém quer ser citado
A missão é bem maior
Impossível eu te contar
Com estes versos de cordel
Quero só poder mostrar
Que está data é valiosa
Temos que comemorar