Literatura de Cordel
Esse é meu texto, minha forma de descrever:
onde Pixote grita mais forte, aqui Lampião não é herói nem vilão. É ser humano com fome de pão e arma na mão. Che vai viver e Marielle ninguém vai te esquecer. Este é meu estilo meu jeito de escrever!
Um dia, arriscou ir à biblioteca do palácio e ficou satisfeita ao descobrir como os livros podem ser boa companhia.
Os homens gostam das mulheres que escrevem. Mesmo que não o admitam. Uma escritora é um país estrangeiro.
Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga.
É a falta de noção do que estamos experimentando quando o vivenciamos que multiplica as possibilidades de escrever.
NEGRA MULHER
No rosto negro da negra
Pude ver estampado o sorriso
Aquela negra mulher
É de fato um paraíso
Quando a vi fiquei encantado
Confesso que apaixonado
Os olhos da negra
Deixaram-me extasidado
Quando vejo a negra passar
Fico bobo, não me controlo
A cadência, seu jeito de olhar
Essa negra eu carrego no colo
Os cabelos negros da negra
A cintura, os lábios carnudos
O perfume, o seu jeito de ser
Essa negra me leva à loucura
Conheci essa negra na rua
Tão linda maravilhosa
Essa begra cor da noite
Faz parte da minha história
Negra igual a essa negra
Confesso que não conhecia
Essa negra é minha princesa
Essa negra é minha alegria.
Eu gosto de livros. Eles são quietos, dignos e absolutos. Um homem pode vacilar, mas suas palavras, uma vez escritas, resistirão.
A vida é tão bela que a mesma ideia da morte precisa de vir primeiro a ela, antes de se ver cumprida.
E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me...
Há uma coisa que tenho feito muitas vezes ultimamente: olhar- me ao espelho. Em certos dias, chego a não me considerar real, tenho a impressão de que não é a minha imagem que está ali a meio metro de distância. Tenho de desviar o olhar. Volto a olhar para meu rosto, para meus olhos. Tento ver o que que meus olhos dizem... O que sou. Que razão me trouxe aqui.
Trecho do diário o de Miranda
(20 de Novembro)
Livro: O Colecionador - John Fowles
Acontece vermos de relance as cegonhas no horizonte, a brisa traz seus gritos triunfais e lamentosos, mas um minuto depois, por mais que você esquadrinhe ansiosamente o azul distante, não verá nem sinal delas, e não ouvirá um som sequer – exatamente assim as pessoas, com seus rostos e falas, passam de relance por nossa vida e se afundam em nosso passado, sem deixar mais do que ínfimos vestígios de lembranças.
Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas.
Já faz mais de duas horas
Que um cordel quero fazer;
Eu não sei no que vai dar,
Mas ousado eu sei ser
E espero obter sucesso
Nesse meu novo entreter.
Cá estou, em uma cama de hospital
internado há quatro dias;
só sabendo a data de vinda
e nem fazendo ideia da de ida.
Tento ser forte, mas a dor vence
a cada furada carne à dentro.
Remédios já não fazem efeito,
o jeito é rezar e pedir sossego...
O caso é grave,
mas não me faz medo;
porque pra tudo tem um jeito...
Mas o jeito que pra tudo tem
Não é jeito que eu gostaria.
Mas é como diz um velho ditado:
Se não tem tu, vai tu mesmo!
Firme forte vou levando, de barriga.
Que é pra não passar fome,
nem de noite, nem de dia.
Meu sofrer só Jesus Cristin sabe;
Mas minha vitória, todos saberão.
A vida é cheia de obstáculos,
É por isso que virei atleta,
que é pra passar com facilidade.
Cordel é o canto de cantos diversos,
A voz do poeta, que emana passados,
Presentes, porvires vividos, sonhados,
Pecados, rubores perdidos, dispersos,
O grito fecundo de mil universos,
A gesta bendita que é luz e sacrário,
Lembrança, desejo de ser relicário,
Mergulho profundo no inconsciente,
Cavalo do tempo correndo silente
Nos campos sem cerca do imaginário.