Literatura de Cordel

Cerca de 3202 frases e pensamentos: Literatura de Cordel

Escrever ⁠é uma maneira de localizar minha fome, e a fome não passa de um vazio.

Inserida por pensador

Um bom livro poderia transportá-la para muito, muito longe, para um mundo diferente, outro país, outra cultura, onde o clima era mais quente e a vida era mais fácil.

Inserida por pensador

⁠Nus

Estávamos despidos, nos cobrindo de algodão sem o mundo descortinar nosso pecado.
Seus pelos haviam arranhado minha pele e sem dizer que te amava, perguntei:
- Ate quando?
- Até algum dia. Nos vemos por aí.
Disse palavras sem hora, jogou displicência na minha cara.
Mastiguei sua elegância sem defeito e desapareceu pelo corredor.
Me vesti de transparência, masquei meu pecado. O celular tocou, era você novamente.
Atendi e verbalizou:
- Saia daí, ela vai chegar.
Não alterei meus passos entrei nas teias das mentiras e embriagada de culpa, “traguei “meu último pensamento:” isso não vale nada.”
E saí sem esperança e avancei rumo ao FINITO.


Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Sonhos
Todo sonho
De quem sonhou
Velho ou novo
Não se realizou
Vira assombração
Fica assustando os outros
Mandando avisos
Indecifráveis
Para terminarem
Os sonhos
Que Sonharam
Dá um trabalho enorme
Decodificar sonhos
Não realizados
Para edificar
Sonhos sonhados.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Com Que Cor Vou Vestir?

Não me vês
Meu bem
Visto Azul
Tudo Azul
Como o céu
E não me vês
Visto rosa
Tu discordas
E não me vês
Visto vermelho
Tu avermelhas e duvidas.
Visto estampas
Tu espantas.
Visto negro
Tu exclamas!
Onde estão as estampas?
E digo:
Espantastes?
Com tantas cores meu bem
Qual seria a minha estampa?
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Eu - Tu - Ele

Não chores menina
Vamos rezar
Contemplar os mistérios
Eu
Tu
Ele
Eu quero
Tu condenas
Ele Navega
Eu
Tu
Ele
Mistério
Conto
Metáfora
Eu
Tu
Ele
Eu quero
Eu devo?
Eu posso
Única pessoa
Único verso
Em um único desejo
Eu
Tu
Ele
Quem viajou nessa conjugação?
Eu
Tu
e Ele
Sem condenação
Gosto de todos
Eu
Tu
Ele
Somos uma realidade
Tu criticas
Ele foge
Eu fico sozinha
E no plural?
Nós
Vós
Eles
Nós eu desembaracei
Vozes não me escutaram
Eles sempre existiram
Vamos recomeçar (de novo)
Eu
Tu
Ele
Eu desejei
Tu estornou
Ele recolheu
Mas quem emende?!
Nós desembaraçamos
Vozes se apagaram
Eles nunca escreveram
Na realidade
Só sobreviveu
Eu para escrever
Tu para apreciar
Ele para me atormentar.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠"Vende-se"
Já pensou em amanhecer de carga vazia sem ter o que oferecer e ser dispensada de todos os favores, pois você mais parece água de um lago revolto e coloca a todos em desespero e sem rumo.
Já pensou em abrir sua bolsa e lá estivesse vazia e sua carteira como se fosse nova e você sem identidade?
Imagine abrir um livro em que todas as consoantes fossem banidas do dicionário.
Imagine contar infinitamente só os números ímpares, pois os pares não existem mais.
Cristalize falar e não ser compreendida.
Chorar e parecer estar sorrindo.
Soprar e tudo virar ventania.
Imagine:
...que tudo é realidade.
É o escritor
O que ele vende
Poucos compram.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Impressões
Noite de céu crespo sem lua. Silêncio sedicioso derramava em seus pensamentos agonias. O travesseiro ficara quente, as tábuas estalavam a secura do Mês de Setembro. Os ventos frios adentravam sem convites por todas as janelas. A rua já havia se esvaziado da festa e os papeis vagabundos e coloridos faziam folia com o sopro da madrugada.
Caminhou pela casa, pegou um livro, as letras não acolchoavam sua cabeça. Acomodou as malas na soleira da porta. A esta hora ainda estava sem sono. Revirou suas anotações, tentou dar curso e poesia aos guardados e a página permaneceu imaculada. Olhou pela janela e viu que a cidade repousava.
Parecia que já era hora de amanhecer e acendeu todas as luzes e esquadrinhou todo o lugar como se o mapeasse para a sua memória. Deitou com seus pensamentos vazios e muitas perguntas. Revirou na cama e talvez fosse o estômago vazio esta insônia.
Foi à cozinha. Açúcar queimado com canela e leite cheirou, aguçou suas papilas. Os biscoitos de queijo ajeitaram o doído do vazio. Limpou os dentes pacientemente um a um com pasta de hortelã. Passou creme de nozes nas mãos e percebeu que durante sua estadia não havia tocado o piano.
Foi até a sala onde ficava o esplêndido. O lustre iluminou junto o recinto. Talvez fosse o lugar mais austero da casa, moveis delicados com instantâneos das descendências em poses agoniáveis. Todos pertencendo ao passado com histórias confusas e nunca narradas. Mirou cada face como se retirasse de seus olhares suas existências. Tudo mudo. Todos impassíveis.
Abriu a maravilha, o piano, teclado amarelado em marfim liso e gelado; soltou seus tons que espalhou pela casa, e todos valsaram. A cortina dançou, o vento parou para escutar, os papéis se esconderam nas esquinas, os pensamentos acalmaram e os instantâneos dependurados pelas paredes se pintaram. Sua insônia se demitia e na última valsa sentiu um vulto se aproximar. Fechou os olhos sem medo e dedilhou a última melodia.
No avião sua mãe comentou:” Que foi aquela andação à noite pela casa?Agora virou assombração?”
–Foi só indigestão.
–O que comeu?
–As assombrações não digeriram bem os biscoitos de queijo e ficaram por lá brigando, dançando com azias. Brancas, aparentes, empoadas de farinha...
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Saudades em poesia
Seu cheiro derramado em poesias
Seu cheiro arrastado nos versos
Cheiro espairado
Repartido
Cheirando espalho
Vetado
Revive em mim seu corpo em perfume
Flui
Esparrama a sua vontade
Somos mistura
Dos céus e dos ares
Somos nós e nó
Você existiu
Para... sempre...
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Escrever é a arte de transpor -se em versos.

Inserida por ksmedrador

⁠A real felicidade, Está no brilho dos olhos de quem sabe viver.

Inserida por tbispo

⁠Quando


Quando morrer, não me espetem de flores, porque representam a vida e sua resplandecência é rápida: florescem, envelhecem e morrem.
Me alfinetem de palavras que sejam somente substantivo abstrato: felicidade, sucesso, angústia, desejo, prazer, cumplicidade, compromisso, inocência, perdão, amor, confissão.
Confesso que o perfume das flores paira no ar, mas as palavras perfuram e permanecem interpretadas por quem não tem preconceito, mas sonha.
Quero deixar esta herança.
Sonhos.
Sonhe e o os sonhos são proféticos, eternos como os céus e as estrelas que nos cobrem.
Cubra-se somente de sonhos.
E sonhe somente seus sonhos.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

O LEGADO QUE QUERO DEIXAR é a Capoeira como forma de profissionalização e vertente para o surgimento de novos empresários do segmento cultural e economia criativa,assim como a capoeira como meio de reflexão e filosofia através da literatura.

Inserida por GeisaBahiaGinga

⁠A poesia surge do desejo de ir além do finito e do histórico - o mundo humano da violência e da diferença - e de alcançar o transcendente ou divino.

Inserida por pensador

Dia do Escritor

[...] A gente começa a escrever por que não pode ou não consegue falar, continua escrevendo por que não quer se calar, daí se percebe escrevendo por que internamente os monstros estão grandes demais, incontroláveis e impassíveis, eles se tornam verdadeiros devoradores de silêncios que nos consomem dia após dia vorazmente.

Inserida por JWPapa

Quando Floresce a Alma ( de Cika Parolin)

⁠Uma Obra que nos remete ao Passado, nos faz sentir o Presente e nos lança esperançosos para o Futuro. Como não Sentir cada nota, cada cifra, cada vibrato e melodia da canção que nos embala a cada página percorrida. Como não Amar cada letra, cada palavra, cada ponto, cada vírgula, cada aspas, cada rima e cada verso...
É a Sabedoria de quem não apenas passou pelas Estações da vida, mas, que viveu e vive a Plenitude de todas elas. É o Encanto que nos leva a enxergar que a maior riqueza está na simplicidade dos pequenos detalhes que a vida nos mostra a cada amanhecer e entardecer. É a Pureza que revela a nossa pequenez diante de Um Ser Superior que nos chama de Filhos. É o Colo de mãe, é Abraço de pai e Peraltices de irmãos. É aquela Professora que nos marca pra vida inteira e o Primeiro amor que nos entonteia.... São as venturas e desventuras de quem entende que está neste mundo para ser Vida e... Transformar Vidas.
Quando vi este Tesouro e senti seu delicioso perfume, que invadiu todo o meu quarto e ficou entranhado em minhas mãos, Não tive dúvidas:
"Quando Floresce a Alma"... o Coração da gente Sorrí.

Inserida por scheilla_lobato



Sobre o Livro de Zi Ferreira ! Um Tantinho de Mim"


Dias atrás eu cheguei em casa de viagem e, me deparei com este Mimo:
Era o Livro "Um Tantinho de Mim" da querida escritora Zi Ferreira...
Apesar do cansaço da viagem, aproveitei o ventinho fresco que corria na minha varanda e decidi me deliciar nesta leitura...
Ahhh... E como valeu a pena!
Zi Ferreira, uma nordestina que adotou São Paulo com o seu coração, é de uma nobreza sem fim...
Uma Remendadeira que com caneta e papel traça letras, versos e rimas e as transformam em poesia.
Um Tantinho de Mim... Nos remete aquela escrita raíz, que nos faz lembrar de Cora Coralina e também Manoel Bandeira poeta que muito li na minha infância...
Com igual singeleza e liberdade nos versos que Manoel desenhava sua poesia, Zi também compõe um Tantinho de si mesma... E assim como Cora que cozinhava Palavras e Doces, Zi com linhas de amor, Remenda o sol, a lua, o arco-íris, a flor, o mar, a terra, a chuva, o vento, a saudade, a alegria, a amizade e tantos outros sentimentos...
Juntando e ... alinhavando e.... Remendando tudo e .... os transformando em Um Tantinho de ...Poesia...

Parabéns Zi... Meu Amor...

Inserida por scheilla_lobato

⁠“Cozinhando”

Tinha cheiro perfumado
de cardamomo moído
no ar
nosso jeito de amar

Vermelho
Rubro
Intencional
Despido
Tomates descascados
despelados
refogados
sufocados no azeite
ferviam
esparramando desejos


Não dava para esperar
ervas benziam
alecrim
tomilho
mangericão
coentro
hortelã
para acalmar o mar de dentro


Esperei...
Abri um vinho...
Ele não chegou
MEU DEUS !...


Para AMAR
COZINHAR
Basta o Sal
do mar
e das lágrimas

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Meu amor de ontem
Ele havia chegado.
Foram 25 cinco anos de sertão. Barba por fazer, desodorante faltando, mal-cheiro falando.
Português capenga, só ficava rachando lenha, trabalho braçal mesmo. Verbalizar algumas palavras somente depois de uns goles de pinga.
Até que morava bem, num “igarapé” fresquinho às margens do Rio das Mortes, uns 100 quilômetros da cidade, na seca. Na chuva nem tiro ideia. Ventilação só do vento nos buritis.
Lugar bonito por lá. Tem duas estações: a seca e as águas. Ouvi dizer que vendem perfumaria nos alagados.
Vizinhança próxima, toda sorte de animais silvestres e rastejantes.
Ele me explicou bem como era feliz. E fez esta viagem com proposta de sermos mais unidos.
Na verdade fiquei embasbacada e pensando se o banheiro
tinha lixa de pé e “bidê”.
Olhei sua camisa de um algodão rústico e desbotado, seus pelos agora também descoloridos saindo revoltos entre os botões.
O vento derrubou meu chapéu panamá e ele não se inclinou para pegá-lo.
Disse que tinha hóspedes e muita pressa.
Saí da conversa com um calor sufocante e uma pergunta im- pertinente.
“Será ele o mesmo que tanto amei ?”
Ele virou Anhanguera e não o reconheci.
Lembranças, às vezes, é um lugar confortável.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠A última carta de amor

Sinto sua falta e as areias sopradas pelo vento frio batem em
meu rosto e acordo com as lembranças.
A chuva fina penetra em meu corpo e penso em seus beijos
tão quentes como ares do Equador.
Meu demônio infernal que arrasta meus dias em desejos
queimantes e fico cega.
Chamá-lo de meu amor é tão vulgar e abstrato e meu pensamento
se dirige a ti de forma tão concreta que sinto e quero sua
presença.
Fica tudo tão distante. Meu corpo, meu desejo, que nem as
cartas cobrem esta ausência.
Dizem que amores não tem corpo, mas do que é feito sua
intensidade sem seus contornos físicos,
perfumes perdidos sem seu cheiro?
E o vento apaga as palavras neste deserto de solidão e gasto
tanta pena e tinta e nem sei se verbos atravessam oceanos e intempéries.
Mas fica a força de meus punhos grafados, para contornar
seu corpo nesta carta.

Inserida por RosanaFleury