Literatura Brasileira
“Dizem que só se ama uma vez
E uma vez eu amei
Mas tanto esse homem amei,
Que a mim mesma deixei de amar.”
“Eu era apenas uma criança carente
Sem esperança à minha frente
Eu queria amar e ser amada
Uma paixão por Deus amaldiçoada.”
“Lembro-me dela na escola
Chorando de decepção
Com uma xícara de café na mão
Uma senhora ao seu lado lhe dizia:
- Fique calma!
Foi naquele instante que
Partiu-se minha doce alma.”
“Meu coração encheu-se de dor
O ódio delicadamente matou o amor.
O Inferno instaurou-se na Terra
Em meu interior havia uma silenciosa guerra.”
“Ajoelhava-me pedindo para ser poupada
Sentir-me-ia viva
Se não houvesse mais nada.
Hoje o que me resta é o que já não há
Perdoa-me, ó Senhor, por amar.
Eu tinha tão poucos anos...
Esses tempos, ó Senhor, eram insanos.”
Em Busca De Certezas
O simples nem sempre é simples... Certezas?... Certeza de
nada, pois, o difícil, muitas vezes, é fácil, o feio, às vezes, é lindo!
O belo, muitas vezes, é horrível, medonho! Mas vamos em
busca da certeza de que existe o verdadeiro amor...
Em gaiolas aprisionadas, não está o amor... Em florestas,
quem sabe? Elas podem até ser prisões do amor, pois,
verdades nascem para serem ditas, apesar de que nem sempre
são benvindas.
Os ouvidos se acostumam às mentiras, que dizem que
não há amor, pois, elas inflam o ego e são o que não desejamos
ouvir... Não queremos ouvir que o amor está logo ali, ao
alcance de nossas mãos e precisamos alcançá-lo...
Podemos ter a certeza, tal qual o ar que respiramos,
que o amor existe, é só buscá-lo... Em gaiolas, ele não está
aprisionado...
Certezas podemos ter, sabemos o que pensamos, claro
que hoje pode ser diferente do amanhã, mas, o amor está hoje
aqui, como podemos encontrá-lo, também, lá, mais à frente,
quem sabe?
Assim como o céu, estando azul agora, poderá se transformar
em tempestade no próximo segundo, assim o amor
poderá aparecer e poderemos vivenciá-lo. Tudo é instável e
incerto, mas o amor não!
Podemos ter a certeza de que, mesmo que as estrelas
não apareçam à noite, o amor aparecerá, com um sorriso, que
jamais poderá ser mau... E uma lágrima de ódio ou inveja não
surgirão, pois o verdadeiro amor não pode sufocar um abraço
e, muito menos, impedir que um olhar seja carícia...
Nem tudo é o que parece, mas, tudo o que não aparece, é certeza de que o amor está vivo! Ou isso não é uma certeza?
Marilina Baccarat no livro "Andanças Pela Vida"
Felicidade em suas mãos.
É difícil definir a felicidade e ainda mais difícil definir
as suas medidas. A felicidade, para mim, provavelmente, não
é a mesma para você. Para cada um de nós a felicidade tem
suas emoções e seus sentimentos conjuntos. Há uma grande
diferença em estar feliz e ser feliz.
Sempre parto do princípio de que podemos fazer o que
quisermos com a nossa vida. Assim, quando algo ruim nos
acontece, podemos aceitar o fato com uma triste resignação
ou nos rebelar contra ele, com muita força.
Estar feliz é sentir alegria. A felicidade está em nossas
mãos e ser feliz é viver sorrindo!... Cabe a nós, fechar a boca
ou não, para sermos felizes. A felicidade depende exclusivamente
de nós, ela não está na pessoa que está ao nosso lado,
não está nos elogios que recebemos, não está em nossos desejos
ou metas, mas, sim, em nós. Isso tudo são caminhos que
nos trazem felicidade e cabe a nós estarmos nesses caminhos
ou não. Felicidade é diferente de alegria, ela vem e fica, a alegria
é momentânea e normalmente vem acompanhada com
empolgação e adrenalina . A felicidade é pura empolgação, é
prazer que nunca passa.
Podemos encarar a vida com entusiasmo ou desânimo.
Cada um tem o livre arbítrio para escolher como agir
em cada momento de felicidade. Quanto mais para baixo nos
colocarmos, diante das dificuldades, mais os problemas pesarão em nossos ombros e nos sentiremos infelizes. Já quando passamos a encarar os percalços com confiança, as soluções surgem dentro de nós, transformando o que parecia ser infelicidade em algo mais simples de resolver, sentir a felicidade.
Então, já que você tem as rédeas da vida em suas mãos, que tal seguir pelo caminho da felicidade? Os obstáculos vão
surgir sempre e isso é inevitável, mas você vai se angustiar bem menos, se olhar tudo com os olhos e o coração cheios de
esperança por novos caminhos.
Felicidade não é algo concreto e absoluto, mas depende e muito da perspectiva com que vemos as situações. Mas a
felicidade precisa ser sempre renovada, a felicidade plena e absoluta não existe. A felicidade não é sonho, cuidado!...Às
vezes transformamos sonhos em felicidade e quando voltamos,para a realidade, a queda é grande.
Pessoas felizes chamam atenção, são admiradas, tem um brilho diferente. A felicidade está em suas mãos, pegue-a
logo, antes que venha um vento e a roube de você....
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Pelos Caminhos do Viver" página 147
Nunca desistirei do amor
Esse é o meu tempo de amar, de ficar mais doce,
apurar sabores, que vêm do fundo da alma, com sabor
de amor verdadeiro...
Eis que entro em plena safra de afetos, sumarenta,
perfumada de mim mesma, a perfumar a noite...
Nesta noite chuvosa, gostaria de ser mimoseada
com afetos... Não deixar de fazer pequenos agrados a
mim mesma... Presentear-me com amores possíveis...
Enquanto a chuva cai, lá fora, e o verão começa
a dar os ares de sua graça, gostaria de dormir e sonhar
com o amor, nem que fosse eu mesma a inventar
esse sonho...
Já que me faz tão bem amar, que eu possa sentir
esse amor, caminhar com ele e poder concretizar essa
vontade de amar... Gostaria de me dar esse prazer...
Olhando a chuva, que cai, penso que a vida é feita de amor, pois ele é fundamental, para que eu viva...
Quantas vezes, por conta de um desprezo, desistimos de nossos amores e cometemos um engano quando escolhemos recuar...
A decisão pode até parecer acertada, mas, logo depois, vem o arrependimento e a certeza de que jogamos fora a oportunidade de amar, obter a felicidade, naquilo que nos é importante. Afinal, desistir de amar é perder a luta sem, ao menos, tê-la enfrentado...
Muitas vezes, os problemas são mais ameaçadores do que reais. Portanto, não devemos entregar os pontos toda vez que algo não vai bem, correndo o risco de ficarmos parados e não amarmos...
Não podemos deixar as conjunturas nos fazer desistir de nossos amores...Temos que encontrar a solução para os problemas e continuar correndo atrás dos nossos apegos e não permitir que a vida passe em brancas nuvens...
Devemos enxergar a grandiosidade, que é a vida. Certamente, seremos mais felizes e entenderemos que amar á valiosíssimo e, portanto, vivê-lo é o que podemos fazer para agradecer o fato de podermos amar...
Quanto mais a gente busca o lado bom do amor, mais aprendemos e nos tornamos mais felizes. Pois, muitas possibilidades boas se abrem...Nunca desistirei do amor...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Sempre Amor" página 133
Saudade
Poderia lembrar uma partida, uma dor, brisa
fria, contudo, sou a saudade, que fica na lembrança.
Posso ser branda e, também, como um vapor de
luz, que passa, rapidamente, deixando, na lembrança,
a saudade de alegrias ou de tristezas.
Sou conhecida de muitos e desconhecida de alguns,
porém, sou aquela, que habita em seu coração,
deixando um rastro de lembrança, de tristeza ou de
alegria, que ficou lá atrás.
Sou confiável, entretanto, depende de quem eu
habito... Posso vir escura, em sombra fria e, talvez,
você nem queira me conhecer, mas, posso lhe guiar
pelas lembranças do passado, que, em desertos sem
sol, abafados, trazem lembranças. Sou a saudade, talvez
seja um bom nome para me dar.
Quando viajo pelas recordações boas, como
saudade de um amor, que ficou na lembrança, todos
me aceitam.
Mas, quando entro em lembranças de tristezas,
ninguém quer me conhecer. Contudo, quando a minha
viagem for na memória de uma menina, venho travestida de fada, anjo, ou faço melhor, envio-lhe um príncipe encantado e as lembranças serão como ela
imaginar, como possa pensar...
Quando a minha viagem for nas lembranças de um menino, envio-lhe uma pipa, para ser levada pelo vento e ele se alegrará!
Quando eu viajar nas lembranças de uma adolescente, virei travestida de sonhos, que vão aflorar a mente daquela jovem... Mostrarei, em suas lembranças,
sonhos, que ficaram, quando ela se achava parecida com a Cinderela e perdia o seu sapatinho de cristal pelas escadarias do palácio.
Ninguém nunca conseguiu determinar como
sou e o que vem depois que chego ao caminho das lembranças, na mente de alguém.
Algumas vezes, trago lembranças alegres, de festas de noivados, lindas, maravilhosas!
Festas de aniversários de quinze anos, com a valsa dançada com o pai. Essa, sim, eu, com certeza, ficarei em sua memória.
Mas, em outras vezes, sem eu querer, posso trazer tristeza de alguém, que partiu e eu fiquei em suas lembranças... Nessa hora, sou a visita menos querida e sempre chego na hora errada, meu trabalho é pesado, não acho ser um castigo, o encaro como uma missão sem fim e, até no fim dos tempos, estarei em todas as lembranças.
Sou assim, não gostaria, mas existo em quase todas as lembranças... Sou aquela, que faz renascer todas as lembranças, sejam de alegrias ou de tristezas.
Seja do passado ou do presente...
Estou na terra desde o começo dos tempos e ninguém, jamais, conseguirá determinar como sou e o que vem depois que chego ao caminho final. Ou seria o início de um novo?...
Sou aquela, que se intromete em suas lembranças...
Sou a Saudade!
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Viajando nas Lembranças" página 33
O amor é assim, quando ele escreve dentro de uma melodia, que encanta e seduz milhares de pessoas, envolvendo-as com a doce e suave melodia, que traz a sedução, as encantando...
O amor é vaidoso sim, mas na sua essência, pois nos toca, para que outros fiquem com sua melodia em suas mentes e aprendam a amar...
O amor é assim, dá muito de si procurando receber de volta uma atenção, um carinho...
Marilina Baccarat no livro "Sempre Amor "
Estamos na revista Caras do dia 18/12/2015, com o lançamento do nosso livro coletivo "ENTÃO É NATAL" da Rede de escritoras Brasileiras.
SER E VIVER
Uma das maiores artes, de ser e viver, é saber abrir mão das realidades, que não servem mais, como o rancor, a inveja, para receber com gratidão uma nova realidade, e depois abrir o coração para se doar com amor... É estar aberto para receber e reconhecer as pequenas e grandes coisas, que chegam ao nosso caminho, com gratidão, mesmo que não estejam dentro das expectativas... dar atenção, carinho, uma palavra amiga, sem esperar nada em troca...
O dia se inicia, quando acordamos, qualquer que seja o horário... Nunca é cedo, jamais é tarde; simplesmente é o tempo. O passo atual é o mais importante, pois não há o último passo...
O próprio elo da vida, que é o amor e a paz, é mais importante, vital e livre...
Quando começamos a nos doar em amor e dar atenção, para os outros, começa a paz de ser e viver...
Ouvimos, com o coração, alguém, que esteja precisando de algo, sentimo-nos útil...
No final do dia, quando a noite chega, antes de colocarmos nossas cabeças em nossos travesseiros, experimentamos a paz, sobre tudo, como os momentos e oportunidades em que permitimos ofertar o nosso tempo, com carinho...
Depois, poderemos dormir com alegria e paz no coração, pois praticamos a arte de se doar e, de fato, somos privilegiados...
Afinal, as pessoas especiais não têm medo de ser vulneráveis, não temem dividir conhecimentos, compartilhar sonhos, ideias e alacridades... sabem que não são únicas, mas que fazem parte de um todo... elas têm prazer em estender as mãos... A qualquer hora, dia ou lugar, podemos agir com o coração...E tendo a certeza de que o amor e a paz, são o que faz a vida ser maravilhosa...
Se eu tivesse o poder de aumentar a noite, gostaria de enchê-la de sonhos...
Sonharia com a minha infância, iria passear na chuva sem molhar os meus cabelos...
Suprimiria os sapatos e molharia somente os pés, na enxurrada que descia, junto a sargeta ...
Sonharia que estava passeando em um jardim só meu, onde ali teria muitas borboletas de todas as cores e flores mil...
O sonho é uma experiência maravilhosa, que possuímos e devemos aproveitá-la...
Gostaria de sonhar numa noite que fosse só minha, ampliada adentrando o dia...
Ah, como seria bom poder ter a noite aumentada, somente para poder sonhar...
Dizem que até os bebês sonham. Mas, certamente, eles sonham com anjos, e, quando sonham, sorriem...
Como gostaria de ter o poder para aumentar a noite e poder presumir, durante todo o seu andamento...
Sonhar com campos verdejantes, onde as flores refletem o seu frescor e expelem o seu perfume...
Queria um campo que fosse só meu, para poder correr atrás de borboletas, entre as flores e sentir os seus vários perfumes...
Como são lindas as borboletas, com suas asas coloriveis e cintilantes, quando pousam nas flores e, o sol reflete em suas cores...
Se me fosse dado o poder de aumentar a noite, colocaria, no sonho de cada ser, somente jardins floridos, pássaros cantantes e paisagens maravilhosas, como se tivessem sido pintadas por grandes artistas...
Ah, se eu tivesse o poder de avolumar o crepúsculo, baixaria um decreto: É proibido ter pesadelos, somente devaneios...
Compraria todos os marasmos do mundo, os que estivessem acontecendo na vida de outras pessoas e os transformaria em aspirações...
O meu maior desejo, sempre, foi o de aumentar a noites, para que eu pudesse conseguir enche-las de fantasias perfumadas, como perfumadas são as flores...
Seria uma noitada aumentada somente de idealizações, onde as ilusões rolariam soltas, completa de percepções recheadas de felicidades e alegrias...
Marilina Baccarat de Almeida Leão Escritora brasileira no livro Com o coração aberto
A MULHER E A ESTRELA
Por Marilina Baccarat de Almeida Leão
Por uma porta aberta, olhava a bela mulher de cabelos cor de fogo e mãos com dedos
compridos, os olhos perdidos, buscando, no céu de fim de tarde, quando a noite já
começava a cair, uma estrela. Aquela estrela, que sempre parecia aumentar o brilho, para
que ela, encantada, pudesse estabelecer um diálogo com a Estrela.
Ao encontrá-la, abriria um sorriso, daria uma boa noite à estrela e a conversa começaria,como qualquer outra, contaria do sol ou da chuva, da família e das amigas, quando cansasse, sentaria no batente da porta e respiraria fundo o cheiro do jasmim... Várias vezes,descreveu, para sua amiga estrela, o que era o aroma, só que não adiantava muito,pois a estrela não entendia...Descrevia a aspereza da terra e a maciez da grama, do gosto salgado da lágrima, do doce da fruta, do amargo do jiló, do gelado do sorvete. E então a confusão estava feita:- O que é sorvete?
Sorrindo, a mulher dizia:- Esquece e me fala do que você vê. A estrela então dizia:-
Daqui, durante o dia, posso ver pouco, pois o sol me bloqueia, vejo nuances de cinza,
pontos coloridos, indo e vindo, lentos ou rápidos demais, os ruídos são tantos que me confundo, houve uma vez que quase caí, um vento muito forte passou por mim, senti um cheiro estranho, minhas amigas, que estão aqui, há muito tempo, disseram que são aviões de guerra, senti o cheiro da morte, você já sentiu esse cheiro?
A mulher respondeu que sim, mas, não queria falar sobre isso, era triste demais, não a morte em si, mas, sim, como se morre na guerra...
Para aliviar a tristeza da voz, que sentiu da mulher, a estrela então começou a falar:-
agora mesmo vejo muito bem, você e seus cabelos vermelhos, o branco do que se chama jasmim, e muitas luzes, que, daqui, parecem iguais a mim. A senhora então sorriu com a gentileza dela e descreveu que, da terra, ela via a estrela com um enorme brilho,que a distância fazia com que ela parecesse uma fada ou um anjo. A estrela ficou feliz e disse que poderia vir à terra morar e ser vizinha da sua amiga, sentir os cheiros, a aspereza da terra, o gelado do sorvete e o perfume do jasmim, sentir a vida...
Sábia, a mulher de cabelos vermelhos lhe explicou que, se ela viesse, maravilhoso
seria, contudo, como conseguiria voltar ao céu?
A estrela então respondeu que não poderia voltar, pois, na terra ficaria, mesmo que
fosse jogada ao mar, onde nasce a lua. Ainda, assim, não retornaria e nem sequer estrela do mar se tornaria...
Então a doce senhora lhe pediu que no céu ficasse e iluminasse as noites escuras,
junto com a lua e no dia em que, do céu, ela visse um rasgão de luz, correria e a abraçaria,juntando assim o céu e a terra em poesia única, onde a grama macia a faria repousar sobre os olhos de suas companheiras do céu...E então, eternas, na terra, seria a mulher e a estrela...
A nossa razão
Cada um de nós é responsável por construir a própria felicidade. Nós edificamo a nossa alegria, não podemos colocar, nas mãos de outros, a responsabilidade de concretizar os nossos devaneios... Constantemente, ouvimos pessoas dizendo que não conseguem concretizar seus sonhos, porque muitos não os deixam realizar... Está aí a forte tendência do ser humano, de ir além do permitido, do usável, do sensato, do coerente...Lógico que nem todos são assim, mas, que muita gente age dessa maneira, ah..., isso é verdade..
Quando nos faltar algo, não podemos viver em função dessa falta. Temos que dar uma chance a nós mesmos de sermos felizes, assim, poderemos enxergar bem mais longe, com uma paisagem bem mais bonita, da nossa razão... Muitas vezes, nos oferecem uma mão amiga, mas, mais tarde cobram-nos uma atitude diferente... Tudo tem o seu limite, somos nós os responsáveis pela nossa prosperidade, pois somente nós mesmos saberemos onde encontrá-la... Devemos fazer, para o outro, exatamente, aquilo que desejamos que façam para nós.. Muitos chegam, para agregar coisas boas à nossa vida e não para suprir aquilo, que nos falta...Tudo de que carecemos, isso somos nós que precisamos conquistar...Temos que colocar o nosso olhar, na direção da prosperidade, assim, o que parecia vazio se completará...A nossa razão, para alcançar a fatuidade, está em nossa motivação para transformar limites em novos horizontes... Se assim não o fosse, ele se perderia, se evaporaria e iria se afogar em mágoas e frustrações, não em satisfações de pura alegria, como se manifesta... Poderá sim, levar um dia ou, talvez um ano, mas conseguiremos, com certeza... Não podemos ser como os pessimistas, que dizem que a chuva resultará em lama. Temos que agir como os otimistas, que acreditam que ela servirá para assentar a poeira...
Muitas vezes dizemos que a jovialidade é a razão da nossa vida. Mas, só depois de um longo inverno, percebemos que nada poderá fazer-nos felizes ou nos completar se nós mesmos não nos dermos a chance de sermos feliz, por nós mesmos, com razão, ou sem razão..
Marilina Baccarat no livro "Alamedas do Coração".
Saudades Imagináveis
Saudades, que habitam em nós, são gravadas a ferro, dentro da nossa essência, ferindo-nos...
Muito melhor seria, se as tivéssemos gravadas a ouro, dentro do nosso peito, a tê-las, que explicar, para quem não as vê. Não sentem o que sentimos...
As saudades, somente nos pertencem e só nós sabemos como se apresentam, dentro do nosso imo...
É como se a nossas mãos estivessem escrevendo, em um papel imaginário, tudo o que o nosso eu sente... São saudades sinceras, temos certeza..
Elas nos assustam, nos dão as mãos e nos levam a viajar por caminhos frios e tristes... E lá vamos nós a percorrê-los, sentindo uma apunhalada no peito...
As saudades são tão sinceras, que nos espantam,nos magoam e acabamos acostumando-nos com elas.Por não saber abandoná-las, dizemos a nossa verdade, o que estamos sentindo e aprendemos a conviver com elas...
Não a aceitamos, mas, convivemos com essa dor, que, a cada dia, tira-nos um pedaço da nossa vida, levando-nos por vales escuros...
Todos nós temos uma definição, que nos permite existir, e esse rótulo é a nossa tábua de salvação.
Graças a ele, navegamos pelos tumultos da saudade, do dia a dia... Conseguiremos chegar ao estuário,onde nos encontraremos com as marés calmas, sem enlouquecermos... Pois não as aceitávamos...
Nos longos invernos da solidão do nosso “Eu”,muitas vezes, perguntamo-nos, a nós mesmos, com a alma dorida: – Como seriam os dias à nossa volta, se fossem vistos pelos olhos alheios?...
A saudade é como um vento, que surge sem que estejamos esperando, levando a alegria e trazendo a nostalgia...
Quando a noite começa a devorar a tarde, as pessoas, de repente, descobrem que estão com saudade da luz. Então, as ruas, as casas, colinas e vales se transformam no sinal dessa falta de luz...
Luzes, cada vez mais espalhafatosas, transformando a comedida atmosfera da noite, no alegre cenário de uma festa, que é iluminada pela luz das estrelas...
Tudo é silêncio, quando a saudade habita em nós.A nossa natureza fica mergulhada numa espécie de estupor. Até o barulho, mais próximo, parece vir de bem longe. Mais que os ruídos, são as nossas dores...
Não queremos lembrar de muitas delas, mas,elas chegam, sem a gente querer... Elas saem num turbilhão de seus esconderijos, e se alojam em nosso eu, pois, são frias, como o inverno na montanha...
No entanto, machucam-nos, embora, às vezes,o façam sem que desejemos... Que nos mostrem a verdade, que traz, com ela, ferindo o nosso ser...
Os pesares, que sentimos, muitas vezes, nos assustam, não que estejamos sempre preparados para recebê-los. Não! Não estamos. Apenas, aprendemos a conviver...
Ninguém tem coragem de se lembrar da saudade, é melhor deixá-la esquecida, em um canto qualquer de nós mesmos...
Pois não gostamos de lembrar de certos acontecimentos, certas nostalgias...
Quando nos lembramos, o nosso coração fica dorido, com uma dor profunda... Talvez, a lei da saudade não seja tão diferente das leis da metereologia...
Assim, como o ar tende sempre a passar de uma área de alta pressão, para uma de baixa, da mesma forma, cria-se, em nós, de repente, esse vazio... E é um vazio, que atrai a melancolia...
Não gostamos de lembrar da saudade. Os longos meses de solidão, até aprendermos a nos acostumar com ela... Preencherem o nosso eu...
Então, preferimos fechar os olhos e viver em um mundo irretocável, sem lembrar dela, sem pensar...
Acontece, porém, que as saudades não se escondem, gostam da solidão... Procuram companheiras, para não ter que ser hipócritas, enfrentando pessoas, que não querem aprender a conviver com elas...
A sinceridade das saudades é absoluta. Igualmente, elas querem mostrar a verdade, para todos...
Por isso, às vezes, as pessoas se cansam de sentí-las, querem comandar seus quereres, deturpando-as, não querendo sentir a sinceridade, que há nelas. Preferem esquecê-las, a pressentí-las dentro de si...
É certo que cada um sente saudades diferentemente. Ou as camufla. Ou, simplesmente, as deixam
lá, quietas. Procuram não as sentir... E, a cada dia,
afastam-se um pouco mais desse mundo frio, que é
o das saudades... Sendo que elas são sinceras e nos
mostram tudo, com muita clareza...
Muitos preferem o ópio do silêncio, que corre
em suas veias, à sinceridade das saudades,
que nos remetem a lugares, por onde, antes,
caminhávamos com as alegrias, mas, agora,
temos a franqueza das saudades, a nos
acompanhar...
Marilina Baccarat, escritora brasileira, no livro "O Eu de Nós" página 29