Literatura Brasileira

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⁠" À AQUELE "

Buscai os altos céus, braços erguidos,
ciente que é um presente, o dom da vida,
e graça gloriosa recebida
os dias que nos são oferecidos!

E que a palavra sábia proferida
nos seja em gratidão pelos pedidos
quer tenham sido, ou não, nos concedidos
por benção sempre, aqui, imerecida.

Erguei as mãos… Louvai! Hoje estais vivo!
Teu coração não mais se faz cativo
dos erros, do pecado, do passado…

Assim, com fé, braços erguidos, louve
mostrando que ao teu coração aprouve
servir à Aquele que te tem amado!

⁠" AVANÇA "

O tempo avança, as horas, nossa idade,
o mar avança à praia por barreira…
Avanços se darão a vida inteira
por bem, por mal ou por necessidade!

Avança a morte, certa e derradeira,
o julgamento para a eternidade…
Até a ciência avança em liberdade
de forma firme, clara, costumeira.

Avanço o meu olhar à tua procura
com fome de paixão nessa loucura
de te querer pra mim cada vez mais…

E até o amor que, outrora, era criança,
tomado de desejos mais, avança
pra me atracar no amparo do teu cais!

⁠" IMAGINO "

Te cravo os olhos meus! Eu te imagino
no mais secreto do meu pensamento
onde, em registro, crio ali, fomento,
a sede de querer-te e, ainda, assino!

Não tens ideia deste meu intento,
sequer de tudo o mais que aqui maquino
provendo, ao meu desejo, o seu destino
que, sem qualquer pudor, risco e o invento.

O bom do imaginário é que em secreto
o pensamento fica ali, discreto,
oculto aos olhos de qualquer pessoa…

Eu te imagino como quero, então,
na força redentora da paixão
e nem percebes que isso, em mim, ressoa!

⁠" RARO "

Envelhecido fui do jeito certo;
aprimorado ao tempo decorrido!
Melhor fiquei por tudo o que vivido
enquanto o amor manteve-se por perto!

Melhor na consistência, no sentido
de bem mais encorpado, assim, decerto,
e, ao paladar, de opiniões liberto
fazendo-me, pro trago, o preferido.

Quem me provou atesta a qualidade,
o bom buquê, a essência e intensidade
de uma paixão sem preço e sem medida…

Do jeito certo envelhecido, raro,
ainda, à juventude, me comparo
e bem mais caro me tornou a vida!

⁠" FELIZ "

Feliz se pode ser, como é o intento,
nas coisas simples, sim, do dia a dia…
É como livre, leve, em harmonia
se dança, num momento, junto ao vento!

Qualquer pequeno instante de alegria
vivido intensamente e a contento
se faz, para a alma, um eficaz sustento
e nos envolve pleno em sua magia.

O essencial (aos olhos, invisível)
se torna assim, perante nós, possível
mediante um coração terno e feliz…

De instantes breves de felicidade
se pode aqui viver, na intensidade,
o bom da vida que sempre se quis!

⁠" PERSEGUE "

Persegue-me o olhar, discreto ou não,
de críticas composto em sua essência,
disposto ao julgamento sem clemência
e pronto para dar condenação!

Se, eu, alvo sou aqui dessa imprudência
sinal que estou bem forte e vivo, então,
e não vesti, ainda, o meu caixão,
mas sigo a poetizar essa existência.

Bem visto ou não bem quisto, estou na luta
deixando a minha marca na disputa
que há de permanecer à eternidade…

O olhar que me persegue me desculpe,
mas nada vale a ideia que ele esculpe…
E ainda terá de mim (verás) saudade!

⁠" PORTEIRA "

Espero, na porteira desta vida,
o meu destino de antemão traçado
que logo há de chegar-me, abençoado,
conforme a escrita já me prometida!

Vou me alegrando dele no traçado
pois que o avisto vindo na medida
me despontando aurora em paz, florida,
a perfumar de amor o meu roçado.

Assim, de mim, mais perto a cada instante
me traz felicidade em seu semblante
e novos horizontes na bagagem…

Da vida, na porteira, espero vindo
o meu destino de um prazer infindo
chegando a me ofertar nova paisagem!

⁠" DEIXO "

Quando um olhar me corta, assim, ao meio
e me reduz ao pó, sem compaixão,
eu deixo-me levar pela ilusão
de que é o amor que, cortejar-me, veio!

Permito que me dispa ali, então,
que me descubra, livre, sem receio,
e que se manifeste num floreio
me arrebatando, ao fim, o coração.

Talvez o olhar me engane, sorrateiro,
e se disfarce num tiro certeiro
apenas pra me ver sofrer o drama…

Me deixo, pois, levar pela magia
e faço-o se intrigar na fantasia
de como que será me ter na cama!!

⁠" IDADE "

Beleza, charme, eu sei, não tem idade!...
Quem bem se cuida é prova contundente
de ser possível, fato que é evidente,
manter-se o belo até à maturidade!

É na alta estima que se vê patente
que o belo vai além da mocidade
e se preserva, sim, é bem verdade,
até o envelhecer, naturalmente.

Não te descuide, pois, nem te abandone
ou deixe que o viver te desmorone
no que há de belo em ti, dado em herança…

Presentes ficam, pois, charme e beleza
seguindo o que é normal da natureza
quer mesmo quando o tempo atroz avança!

⁠" ERRADO "

-“Mas, olha… Tá fazendo tudo errado
e tens, tu, de mudar esse teu jeito!...
Esse quem és precisa ser refeito
pra gente ver, por fim, o resultado!”...

Se repararmos bem, é mesmo aceito
que é da mulher querer mudar o estado
do homem que puser-se do seu lado
e for por companheiro do seu leito!

Parece instinto, sina, maldição
querer ser mãe do outro na edição
em vez de ser por cúmplice e parceira…

Ninguém muda ninguém, é este o fato,
a menos que o outro queira, é o que constato!
De resto, vai esperar a vida inteira!

⁠" DISTANTE "

Se foi! Distante vai na longa estrada
e já não tem mais volta ao que antes era!
Se fez simples momento, uma quimera
a ser posta de lado e abandonada!

Deixou, como registro nessa esfera,
resquícios, cicatrizes da jornada
porquanto a alma inquieta, ali, marcada,
neste abandono insiste, em triste espera.

As gotas de um riacho correm, leves,
cientes que os instantes curtos, breves,
não mais retornarão ao leito de águas…

Distante vai, na longa estrada, o amor
deixando, aos lábios teus, o dissabor
e o gosto tão amargo de tuas mágoas!



@poetaesoneto - @s.juniorpaulo
https://poesiaemsonetos.blogspot.com
https://aquisonetos.blogspot.com

⁠" VEREI? "

Verei, de novo, a noite enluarada
silenciar-me a alma em seu suspiro
e despertar-me à carne outro vampiro
no veio da poesia em mim sangrada?

Debruçarei por sobre o sol no giro
de um ano a mais na solitude dada
ou deixarei que a luz da madrugada
descanse em mim o verso em que respiro?

Contemplarei, de outra nudez, o encanto
ou, da paixão, a voz em acalanto
chamando-me à união uma vez mais?

De novo, já nem sei se o esplendor
verei, de reluzente e incauto amor
a se atracar no escuro do meu cais!

⁠" NOTADA "

Se faz, com graça e charme, ser notada
e não tem como não dar-lhe atenção
se a traz a chama intensa de paixão
assim, tão docemente, apresentada!

Não há quem não se encante da visão
por bela, inebriante, ali postada
e assim se faz, por tantos, desejada
tal como a mim que dei-lhe o coração.

Eu lhe admiro as formas, bem traçadas,
expostas e, com graça, reveladas
sem medo de se expor ao meu querer…

No fundo ela bem sabe da vontade
que, sem pudor algum, me chega e invade
por tanto que lhe tem a oferecer!

⁠" SEM "

Foi longo o tempo sem de um terno abraço,
sem beijos, sem carinhos, sem paixão,
sem de outro corpo a fim de uma união
que, do viver, tirasse esse cansaço.

Sem compromisso… Alguém… Só solidão…
Sem parceria alguma pra um amasso,
nem coxas se buscando num enlaço
nem toques, nem carícias de outro, então…

Foi toda a eternidade sem amor,
sem vínculo qualquer, seja o que for,
nem sonhos, nem encontros… Sem razões…

Um tempo longo, eterno e infinito,
sem preces para o coração contrito,
sem, de qualquer promessa, as ilusões!

⁠" ANELO "

Ao longe vês, o amor, chegando a ti
em seu cavalo branco, então, montado,
e o riso teu se põe emoldurado
nos grossos lábios teus cor de rubi!...

O coração palpita acelerado
como a querer fugir mesmo, de si,
num galopar, qual o corcel, ali,
de encontro ao peito teu enamorado.

Percebes que chegou o fim da espera
tal como a cartomante te dissera
que, um dia, ele viria ao teu castelo…

Chegando vês, de longe vindo, o amor
para atender, de vez, ao teu clamor
e saciar ao que te foi o anelo!...

⁠" EU DUVIDO "

Te quero! Mas… Me queres? Eu duvido!
Não tenho aqui cacife ao teu dispor
nem nada além de mim pra te propor,
o que não te parece ter sentido!

Por que darias, pois, qualquer valor
a quem, na vida, só tem padecido
embora, bravamente, resistido
a não se dar, se não for por amor?!...

Deixei meus sonhos todos pela estrada,
os bens, os familiares de jornada,
e só tenho a poesia em companhia…

Me queres, pois, como te quero, enfim?
Duvido! Não há mais valor em mim…
Não sou aquilo que eu já fui um dia!

⁠" ARREPENDIMENTO "

Te bate forte o arrependimento,
porém não há regresso nesta estrada
que possa desfazer o mal! Mais nada!
Escrita fez-se a voz do sentimento!

Chorar não deixará a alma lavada,
sequer te livrará deste tormento
de ter a consciência e o pensamento
pesando a decisão que foi tomada.

Te ergas, pois, e siga teu destino
levando o aprendizado e o que de ensino
ficou da história toda deste amor…

Teu arrependimento veio em hora
que não te ajudará chorar agora
e só provocará tristeza e dor!

⁠" MATREIRO "

Ah! Esse olhar secreto, malicioso,
jogado em entrelinhas de suspense,
trocado só pra ver quem é que vence
o jogo do querer, tão delicioso…

Me dado em reticências, não convence
mas faz-se aberto ao que lhe é prazeroso
de um jeito esfomeado, assim, guloso,
de forma que não há quem lhe dispense.

Me atrevo a mergulhar na insinuação
de que me acolherás, e com paixão,
apenas pra provar qual o meu gosto…

Secreto, o teu olhar me diz matreiro,
do jeito teu, assim, tão costumeiro,
que me darás de ti no amor proposto!

⁠" GUERRA "

Por vezes é o amor quem pede guerra
e invade o território, mina o chão,
se põe como em tocaia, em prontidão,
e, de querer, a minha paz desterra!

Se impõe à mente, ardente de paixão
e, qualquer sensatez, lança por terra,
reluta, avança, espera a hora, enterra,
e nesse embate vai até a exaustão.

Me arrasta inconsequente nessa luta
buscando que eu desfrute da disputa
e traga, por espólio, o outro cativo…

E entre suspiros fartos e gemidos,
sem que os desejos fiquem reprimidos
o amor se faz cruel, forte, lascivo!...

⁠" CONTO "

Agora é tarde! Todo o mal foi feito
e já não cabe o arrependimento,
qualquer desgosto teu, nenhum lamento
latente, inconformado, no teu peito!

Na história já se põe, o livramento,
depois que o distanciar se fez aceito
e não mais te derramas sobre o leito
em lágrimas ao ter-me em pensamento.

O amor se preservou como lembrança
enquanto o tempo sobre nós se entrança
e se perpetuou como canção…

Assim, ele será nos preservado
apenas como um conto relembrado
que damos tom de afeto e de paixão!