Literatura Brasileira
A linguagem verbal é o milagre maior do Logos, oceano comum-comunicante, mare nostrum antrópico onde a prosa nada enquanto a poesia navega.
Ser escritora em um país árabe significa ser forçada a ser astuta e ambígua, mostrar um pouco aqui e esconder um pouco ali. Ser escritora em um país árabe significa escrever em código, para que um "amante" se torne um "bom amigo".
Ser escritora em um país árabe significa ter que enfrentar a suspeita ofensiva de que um homem nas sombras está escrevendo o que você publica em seu próprio nome.
Escrever é uma das formas mais antigas de oração. Escrever é acreditar que a comunicação é possível, que outras pessoas são boas, que você pode despertar sua generosidade e seu desejo de fazer melhor.
O que a cigana não costumava dizer
“Eu vi o seu caminho
Uma mão difícil de se ler
Um mapa complexo e imprevisível
Mas os seus olhos ..
Seus olhos mostrava o que poucas pessoas conseguiam entender
mas não existe cara feia para um bom leitor ..”.
Escrevo, antes de tudo, por amor, mas também como uma necessidade incansável de ressignificar os pensamentos, a realidade, a vida, o meu estar no mundo.
Através da tecnologia artistas transfiguram suas unidades de memória e assim tornam suas vivencias reais ou irreais, seus sonhos ou pesadelos em Arte! Quanto mais sincero o sentimento mais verdadeira é a Arte!
Tic Tacolear
Eternidades em Pasárgada,
Mostro-me frente ao tempo,
Relembrando momentos
Do tempo que deixei passar
Não se pode deixar
Tic Tacolear sem
Ao menos, aproveitar
Dia todo, tempo pouco,
Amar demais deixou-me louco
De amor, do tempo perdido,
Eterno ou finito?
Não se pode deixar
Tic Tacolear sem
Ao menos, viver,
Dúvida cruel matarás o EU
De quando irei morrer
Mas enquanto vivo estou,
Vejo Tic Tacolear à vontade,
Aproveitando a liberdade
De um tempo que não volta,
Como um movimento retrógrado
do Tac Tic, quem dera...
Goiaba de todas as goiabas
Pão com todos os frangos
Desde o Primeiro ano
Compreendo as razões das flores rejeitadas
Me fascina as análises
Me trancas em sua dialética
Loucamente em busca da luz frenética
O LADRÃO E O FILÓSOFO
De João Batista do Lago
Se perceberes teu quintal invadido
e nele um ladrão afoito a furtar,
não o abatas ao chão com um tiro,
convide-o para contigo jantar.
Oferece o teu melhor vinho (e)
faze-o comer da melhor iguaria
deixa-o perceber todo o teu carinho
e fá-lo um amante da sabedoria.
Aconchega-o e fala-lhe da democracia, (e)
diz-lhe das vidas que a ditadura furtou
mas, sempre moribunda, nada logrou.
E depois de deixá-lo saciado, enfim,
convida-o para dançar sob a chuva, (e)
com a noite saudar o novo dia assim.