Literatura Brasileira
A culpa não foi do leão. Por longos anos, não conseguia entender um ditado popular que diz: “Temos que matar um Leão por dia”. Fiquei anos à procura de uma resposta para esse ditado. Com o passar dos anos é que fui entender bem o que é matar um leão por dia! Quando somos jovens, e com filhos pequenos, damos tudo para eles, como uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em grandes empresas. Mas ao darmos tudo a eles, esquecemo-nos de dar o mais importante, que seria a estratégia para lutar. Pois são raras as chances que temos de absorver grandes experiências nesta vida. Somos o resultado de nossos desafios. Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Mas com pequenos desafios, nos tornamos pequenos. Foi daí que pude entender esse ditado popular. Matar um leão por dia é enfrentar a adversidade a cada dia e cuidar do nosso sucesso, para que possamos crescer e enfrentar os desafios, ser mais fortes e saber nos virar na vida. Quando chegamos a certa etapa da vida, é hora de descansar e deixar, para os filhos, nossos negócios. Mas qual não vai ser nossa surpresa, ao percebermos que nem sempre saberão tocar para frente o que deixamos. Daí que vamos perceber que, demos tudo para eles, mas o principal, que seria ensinar a lutar, não fizemos. E com esse fracasso, vamos pensar: o que foi que fiz de errado? Em que ponto eu falhei? Será que não ensinamos como matar o leão? Se assim aconteceu, a culpa não foi do leão!
Mas, vamos colorindo os nossos passos, com o verdadeiro sentido da autoestima... Transformando, todo passo dado, em tranças, que se cruzam nas andanças, enlaçando-se e criando história, pelos caminhos...
Nunca haverá tristeza, se conseguirmos entender os caminhos da vida, com elação. Poderão, claro, ser confusos, mas conhecendo o verdadeiro sentido da soberba, jamais nos perderemos de nós mesmos, nesses trajetos, que a vida nos mostra...
Não vou contar o tempo, nem os passos, quero apenas que chegue aquele abraço, que fica entre o nó e o laço. Entre o ficar e o depois. Não quero medir o espaço, entre o esperar e o cansaço. Quero corrigir todos os traços, vindo de um abraço. Marilina Leão no livro "Pelos Caminhos do Viver"
fenda da ausência, é isso que torna todos extraordinariamente frágeis...É como se estivéssemos em um labirinto, com ruas escuras sem possuirmos uma lanterna em nossas mãos... Lá estava eu procurando entender ...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Corre Como um Rio"
Mergulhei no tempo, revendo minhas fragilidades,ainda que em pensamento... Em silêncio, mergulho nas minhas sutilezas, como durante toda a minha vida...Continuo, sigo... Permaneço sendo frágil...
Marilina Baccarat no livro "Corre Como Um Rio"
Você se lembra quando havia só um telefone na casa? Quando estávamos aguardando o telefonema do namorado ficávamos plantadas ao lado do aparelho,impedindo quem fosse de se aproximar, pois a qualquer momento poderia chegar a ligação.
Por causa de somente um telefone na casa, aprendíamos a esperar e a respeitar o direito do outro.
Éramos mais maduras e não crianças mimadas, que querem tudo para si.Sabíamos estar juntas e aproveitar o momento familiar. Era gostoso escutar o disco na vitrola trocando de faixas e sempre alguém pedia: "Poe aquela agora, a terceira".Todos escutavam juntos!
Não sou saudosista nem louvo o passado. Pelo contrário. Acho a tecnologia ótima e agradeço a DEUS por todos os avanços que temos. Estou apontando para um exagero comum entre nós. A falta de partilha e a recusa de viver em sociedade.Essa mania de tornar tudo pessoal e não comunitário, nos precipita a um abismo solitário. Que tudo seja "meu" e nada seja "nosso",com isso ficamos sós e, nos tornamos solitárias e vazias.
Estamos solitárias porque escolhemos não dividir nada, nem coisas, nem espaço e nem nosso coração!
Mude seus hábitos e tente fazer muito mais em companhia dos outros. O resultado vai ser alegria e o prazer que o mundo nos roubou.
Venha, puxe uma cadeira e sente-se aqui ao meu lado!
Marilina Baccarat no livro "Com o Coração Aberto"
É preciso um esforço consciente, para não permitir que o sofrimento nos torne cegos � beleza da vida, não permitindo que possamos aproveitar o momento de sermos felizes... Sempre é possível recuperar a alegria de termos momentos de felicidade, basta que desejemos isso com toda nossa vontade.
Marilina Baccarat no livro "VIvas Emoções"
Trilhando novos caminhos:
Os novos caminhos escolhidos podem nos levar à vitória... Continuar é preciso, sempre, mesmo enfrentando o vento, que está contra... A elação, em nossas caminhadas, é necessária... Tantas e tantas vezes, se for preciso, caminharemos... Assim, não cederemos à indignação de observar, pelos logradouros, falhas, que, muitas vezes, podem dar uma certa beleza nos andamentos da vida e observaremos que não mais erramos os caminhos... Mantemos a nossa personalidade, com a presunção, que habita em nossa essência... Os tropeços, pelas trilhas, são inevitáveis, em várias situações da vida, mas, por causa deles, não podemos nos acomodar, dissipar a chance de que, com sobrançaria, descobriremos o caminho certo, esquecendo os fatos ruins da vida e trilhando em frente...
Marilina Baccarat no livro "É Mais Ou Menos Assim"
Sinto saudades da minha juventude, o tempo passa muito
rápido como se fosse um foguete e não percebemos que
temos mais passado que futuro.
Está chegando meu aniversário e eu ainda estou aqui,
longe dos abraços e felicitações.
Cada vela que coloco no meu bolo de aniversário todos
os anos, fico mais exigente, pois cada vela representa mais um ano que eu ganhei de vida...
Os anos voam e me fazem lembrar quem eu sou e quem
eu fui quando jovem. Sinto falta... Muita falta de ter minhas
frases completas antes mesmo de eu saber o que ia dizer. Ah!
Como a juventude é gostosa! Sinto falta das conversas repetidas,
das mesmas histórias, dos medos de sempre. Falta das
amigas que nunca mais eu vi. Falta do futuro, pois o passado
é bem mais longo que o futuro.
Sinto falta de casa, do cheiro de café, do colo, do riso,
sinto muita falta do eco que as alegrias daquela época faziam,
alegrias antigas. Sinto falta da porta da rua, por onde eu, ainda
jovem, saltava sem medo para o futuro! Sinto falta da jovem
que eu sabia ser. Sinto falta da conversa no portão, das
brincadeiras no quintal de casa. De não ter medo e desejar
fazer de tudo!
Sinto falta das vozes de crianças correndo na rua. Da
minha criança que correu e ficou jovem. Sinto falta do cheiro
de menina, falta do grande aconchego com os pais.
Falta de saber os percursos da cidade em mim, que eu
conhecia como a palma da minha mão, como se a qualquer
momento fôssemos voltar naquele tempo e voar por onde outrora
andei na juventude. Como se a qualquer momento fosse
colocar o meu mundo no lugar. Sinto muita falta da minha
juventude! É... Está chegando meu aniversário e eu estou aqui
longe de mim, longe da minha juventude!
O amor que lhe desejei
O amor sempre esteve presente no silêncio da
nossa alma...Já lhe desejei que a vida lhe traga delicadeza
e beije a sua face com ternura, no desejo silencioso
da minha alma...
Esse anseio de sentir o silêncio do amor, para
dormir e sonhar, para despertar-se por dentro ao
acordar... Vontade de que você tenha o silêncio, para
olhar para trás e refletir sinceramente, como a vida foi generosa, enviando no silêncio da madrugada, o amor, que lhe desejei...
Amor que lhe aspiro, para que a saudade de tempos queridos e de todos os silêncios que se foram das nossas vidas...Silêncio para colher palavras ditas no passado, gestos e discernimentos do amor, que no
silêncio, gritou ao seus ouvidos...
Desejo-lhe, silêncio para se emocionar e aquietar a alma, que se abate dentro de seu peito...
Almejo-lhe, o silêncio no amor, para que possa enxergar melhor, sentir mais amor, mas, acima de tudo, silêncio para fazer as pazes com problemas que foram mal resolvidos, com os barulhos do amor,que vieram com sombras negras, com seus dias de tormenta, seus malvados instantes de claudicações e incerteza...
O amor que lhe desejo é que haja silêncio para que possa compreender, que vivemos o nosso amor, da melhor maneira possível, fizemos o que foi de melhor para ambos...
Na vida, não há ensaio e apreendemos o melhor, dentro do silêncio de nossas forças... Acertamos, erramos e começamos tudo novamente...
A alegria pode até ser barulhenta, mas o contentamento é silencioso...
A comemoração poderá ser ruidosa, mas a felicidade é silenciosa... Pois no silêncio da alma, estamos a recordar...
A hilariante emite som, mas o sorriso é silencioso... O querer é um lugar comodado e silencioso dentro de nós, e que ele passe por aqui esta noite...
Esse é o amor que lhe desejo, no silêncio dessa noite escura e céu sem estrelas, a embalar o silêncio de nossas almas...
No livro "Sempre Amor", editado pela editora Scortecci ISBN 976-85-366-4770-8
que poderá ser encontrado aqui: www.asabeça.com.br
www.livrariascuritiba.com.br
A MENINA QUE UM DIA EU FUI
A menina, que fui, era sábia, vivia a se encantar com as
belas histórias e a vida se alegrava na sua voz de criança...
A menina que, um dia, eu fui, entretanto, ficou adormecida,
cerrou os olhinhos, abraçada ao tempo, que lhe fora de
sonhos e canções... Fechou seu livro de histórias e calou-se na
quietude do tempo. Mas ainda brilha, em sua essência, esperando
que a vida lhe traga doçura e lhe devolva, simplesmente,
o seu bem maior, sua condição de menina.
A menina, que, um dia, eu fui, sorri para mim e me ensina
que a vida é fácil, os obstáculos podemos vencer... É só
deixar a alma falar... Como o dom da escrita, como o vento
que embala a flor...
A menina, que, um dia, eu fui, caminha agora comigo, e
é, de novo, o meu alento, minha melhor forma de expressão...
minha fé de continuar a sonhar com histórias de príncipes e
princesas!
A fé dessa menina, que, um dia, eu fui, me contagia!
Sigo de mãos dadas com ela e, em mim, sinto sua melodia,
a sua alegria, minha melhor forma de expressão...
E é, na sua alegria, que continuo a ser aquela menina...
Agora ela caminha junto a mim e nela repouso as minhas
recordações.
Marilina Baccarat, escritora brasileira, no livro "Caminhos do Viver" ISBN 976-85-366-3227-4
Nesse mundo tão estranho, ali, habita os pesares de dor, de saudade, que vamos ter que aprendermos a conviver com eles, não é fácil, mas é possível, apesar da saudade ter um olhar muito triste em nossa direção...Mas, a despeito de tudo, é possível ver a minúscula chama e fazer o viável, para que ela não se apague...
Marilina Baccarat
Somos muitos, para sermos nós mesmos, em fases da vida, que mostra a sua face, pois há fases e faces da existência...
E esses muitos todos, esses outros nós, que coexistem, querem, anseiam, comovem-se e gostam das faces da vida, descobertas, cada uma a seu tempo, ou mesmo respetivamente, ao seu modo...
As fases e faces da vida, não cobram coerência, que é o fantasma das mentes pequenas...
As fases e faces da vida, exigem idas e vindas, mergulhos, voos... Invasões...
Marilina no livro "É Mais Ou Menos Assim
Pois, quanto mais pertencemos a um tempo, mais espelho dele somos...
São meros reflexos, e com o tempo desbotamos ou ficamos arcaicos...São faces da vida, a nos mostrar o certo...
Se esperarmos superar a dor, achando que, ocupando o tempo com uma nova atividade, diferente, vamos mandar a dor embora, seria uma doce ilusão. São fases da vida, que temos de enfrentar...
MarilinaBaccarat no livro "É Mais Ou Menos Assim "
Se você não se valorizar, ninguém o fará. Quanto vale uma nota de R$ 10? Ela vale R$ 10. Se você dobrá-la ao meio, quanto valerá? Os mesmos R$ 10. E se jogá-la no chão e pisar em cima dela? A nota continuará valendo R$ 10. Muitas vezes, nos deparamos com pessoas que tentam nos desvalorizar, mas, por mais que queiram nos jogar pra baixo, não podem tirar o nosso valor. Portanto, pare de se sentir diminuída por conta de críticas alheias. Se formos viver em função de opiniões destrutivas, coitadinhas de nós! É muito bom ser elogiada, mas é melhor ainda ouvir elogios de você mesma. Valorize-se! Se você vive esperando a aprovação do outro, continuará se sentindo frustrada, e o pior: correrá o sério risco de realmente passar a não ter mais nada de bom para oferecer a ninguém! Pense nisso. Marilina Baccarat de Almeida Leão
Escritora brasileira
As sombras
No pranto amargo, de seus olhares, as sombras não poderão permanecer, pois, as alegrias, que as faziam animar-se, trazem, com elas, o conforto, e o dia enxuga seus prantos, que, muitas vezes, tiveram nas sombras dessa noite escura... Quando a noite começa a esconder o entardecer, as pessoas descobrem que estão com saudade da luz,
e, então, os vales e as colinas se transformam na falta dessa luz, que são cada vez mais mirabolantes, mais ostentosas, que transformam, a moderada atmosfera, no alegre cenário de uma verdadeira festa... Mais que uma festa, parece uma forma de resistência... Resiste-se ao escuro, luta- se contra aquela sombra misteriosa, que está no fundo de cada um de nós, contra as trevas, que, cedo ou tarde, nos esperam...
Marilina Baccarat de Almeida Leão ( no livro "Corre Como Um Rio"
Você sabe quem é Marilina Baccarat?
Curiosidades da escritora brasileira Marilina Baccarat de Almeida Leão.
Nasceu em São Paulo - Capital, de família tradicional e nobre. Seu bisavô veio para o Brasil em 1870, para montar aqui, uma sucursal da fabrica de cristais Baccarat.
Neta de José Baccarat, que foi delegado e prefeito de Santos entre 1930-1940.
Marilina tem livros traduzidos para o francês e Inglês, é conhecida no mundo todo. Pertence a várias academias de letras, e a principal é de Valparaíso-no Chile.
É também musicista de renome.
Com mais de 16 livros editados, entre contos e crônicas, também é detentora de vários prêmios. Recebeu em Portugal, a medalha Luiz Vaz de Camões, o maior prêmio para os escritores portugueses.
Que não faltem flores
Hoje, nesta noite fria,
Enquanto o frio outonal
Está lá fora,
Prometo a mim mesma,
Não deixar que faltem flores,
Nem que seja eu mesma,
A dá-las a mim
Dar-me-ei esse prazer,
Já que me faz tão bem vê-las,
Senti-las, sentir o perfume,
Que exala delas.
Quero flores em cada canto da casa,
Pequenos gestos, fazem toda a diferença,
Algumas rosas em uma jarra,
Uma bacia repleta de amor-perfeito
Uma caneca com margaridas.
Em um dia de frio, como este,
Prometo jamais me esquecer de mim,
Nao deixar que os tropeços do caminho,
Me solapem, me sufoquem,
Ou me façam afastar de quem eu sou,
Nunca abrir mão do que gosto,
Que são as flores...Flores, muitas flores,
Para enfeitar o meu mural.
Das ínfimas coisas, sem importância,
Mas, que, para mim, são fundamentais,
Para que eu viva sempre com flores à minha volta.
Ainda que com meus tantos defeitos,
Falhas e idiossincrasias, que às vezes tenho,
Que não me faltem flores!
Marilina Baccarat de Almeida Leão setembro de 2020
Escritora brasileira.
Tudo o que a vida nos dá e dela adquirimos, permanecerá em nós...Sejamos pacientes, porque a vivencia, não é algo que se possa presentear ou obrigar a aceitarmos...Ou sequer a entender...
Ela é única e pertence exclusivamente a nós; do contrário, não seriamos o Eu de nós...
Marilina Baccarat no livro O Eu de Nós