Literatura Brasileira
Minha audição é falha,
Levo a bengala na mão,
Já vivi oitenta anos,
Já perdi tanto irmão,
Vivo fazendo lambança,
Ajo como uma criança,
Dos filhos levo sermão.
Estou ciente de que, sempre que converso com um livro, me beneficio da decisão de alguém de lutar contra o silêncio.
Gosto do desejo dos outros que surge do meu desejo e o modifica, gosto dessa projeção, gosto de desaparecer atrás dela, não gosto mais de escrever, mas gosto dessa falsa liberdade.
O livro é o único presente que você abre muitas vezes e a cada vez é surpreendido com uma novidade.
" Desejo a todos nós, livros,
que nos deixem sem palavras,
e repletos de sabedoria,
de tão bem escritos."
Não gosto da palavra ficção, porque é demasiado redutora. Prefiro dizer: isto é um texto inteiramente livre, onde posso usar os elementos que me apetecer. Neste caso é um conto, podia ser um romance. A fronteira é sempre a liberdade. E o pacto que eu estabeleço com o leitor é esse.
Poetas, romancistas e dramaturgos se dedicam, contra terríveis resistências, a entregar o que o resto de nós mantém trancado em segurança em nossos corações.
Eu meio que criei um personagem odioso. Nesse conflito dele com a natureza, eu torceria pela natureza. Tive um certo receio de que essa antipatia pelo personagem prejudicasse a leitura, que os leitores abandonassem o livro por isso. Mas fico feliz que os leitores têm apreciado o livro, mesmo detestando o personagem, e que alguns até conseguem ter simpatia ou atração por ele.
Meus temas e meu universo não são convencionais no meio literário. Minha aparência também não. Por um lado, essa desconfiança vem diminuindo, porque já tenho mais de dez anos de carreira, oito livros, não sou mais um garotinho. Mas também me sinto mais confortável para ousar, tanto no discurso, na aparência, quanto no texto.
Separo-me, porém, de ti; já passou o tempo. Entre duas auroras, me iluminou uma nova verdade. Não devo ser pastor nem coveiro. Nunca mais tornarei a falar ao povo; pela última vez falei com um morto.
Pesquise. Alimente o seu talento. A pesquisa não só vence a guerra contra o clichê, é a chave para a vitória sobre o medo e a sua prima, a depressão.
As histórias são a conversão criativa da própria vida em uma experiência mais poderosa, mais clara e mais significativa. Elas são a moeda do contato humano.