Literatura Brasileira
Estava melhorando nisso, em dissimular os fatos, modificar a realidade e criar versões e mais versões.
O tempo avançava, implacável. Eu queria poder segurá-lo, pará-lo. Queria que aquele sábado fosse sábado para sempre.
Eu observava os ponteiros do relógio avançarem, imaginando como seria bom se conseguisse arrancá-los, destruí-los e apertar um pause no mundo.
Às vezes, as pessoas tentam construir uma barreira exterior, mas, no fundo, só precisam de um bom amigo.
Viver é difícil para todos; não é escolha de ninguém ter ou não ter problemas, mas é escolha de todos encará-los de cabeça erguida ou fugir deles e se entregar ao nada. Fiz a minha escolha.
Eu não tinha nada para fazer e percebi que era verdade o que diziam: passávamos a semana toda reclamando que não tínhamos tempo para nada, tão atolados que ficávamos com nossos compromissos e afazeres — e, quando o fim de semana finalmente chegava, reclamávamos por não ter o que fazer.