Literatura Brasileira
Quilos de maquiagem
em seu pescoço
para apagar as marcas
dos meus beijos.
Litros de bebidas alcoólicas
em sua despensa,
para detonar a solidez
do meu gosto.
Roney Rodrigues em "Contusão"
Oh mãe,
eu já sei escrever.
Acumulei tristezas mãe,
tenho pauta pra sofrer.
A vida aqui não é fácil,
como você disse que seria.
Eu devia ter ouvido mãe,
eu podia ter mergulhado
no seu abraço.
Podia ter chorado
no teu colo quente,
não nesse piso gelado.
Roney Rodrigues em "Ladrilho"
É fato que já é noite
e que a madrugada se arrasta
para dentro de mim.
Eu fico girando o mundo
que levo nas costas
vagando minha memória
à procura de sono.
Antes de adormecer
eu fico repetindo
os fatos do dia
O vento atravessando
meu tênis rasgado.
O rancor exibindo
sua cara lavada no noticiário.
A 'vodka' voltou para minha mão.
É fato que os malditos fatos
afetaram o meu afeto.
Roney Rodrigues em "Os fatos te afetam?"
Esses meus ombros magros
foram feitos para carregar você
e todos os seus problemas,
não hesite em me chamar,
eu volto correndo
eu me aconchego
em qualquer lugar.
Roney Rodrigues em "Meu Corpo Seu"
Lembro-me de quando a vida
me acertou a primeira rasteira,
a morte de alguém importante.
Que coisa mais irritante,
andar de bar em bar
tentando encontrar
um pouco de quem partiu
em goles lentos e objetivos.
Que coisa mais incoerente,
tentar sanar um enorme buraco,
abrindo outro maior ainda.
É aí que as coisas costumam
sair do controle e a correnteza
começa a te empurrar
contra as rochas, te seduzir ao fundo
com promessas de lindas donzelas
que provavelmente nunca existiram.
Roney Rodrigues em "O laço da confusão"
Por tanto tempo
eu olhei suas fotografias.
Acariciei a pele do papel,
colei sua foto no meu travesseiro
na esperança inserir você em meus sonhos.
A eternidade que passei aqui
fez meus olhos arderem
e desregulou meu coração.
Segurei suas fotos junto ao meu peito
como uma criança faminta
segura um prato de refeição,
como um astronauta aposentado
admirando de longe a lua
que um dia lhe pertenceu.
Roney Rodrigues em "Câmara escura"
Meu bem,
não deposite suas fichas
em mim.
Sou feito
das mesmas matérias
desse solo,
e corro o risco de ceder
com a chegada
do mau tempo.
Roney Rodrigues em "Deslizamento"
Pássaro preso
não canta, lamenta.
Coração acorrentado,
não bate, só vibra.
Roney Rodrigues em "Cativeiro"
Ele escolhe a solidão da praça
para acalmar a mente (inflamada).
O amor, essa desgraça
que tende a se envergar,
ao ponto de estourar,
ao ponto de estragar.
Ela fita ele à distância,
atravessa a rua, apressa os passos.
Ela evita todo tipo de laço,
Foi condenada em primeira instância,
a viver reprisando o gosto dele
todo dia, em todo lugar.
Roney Rodrigues em "Réu"
Meu passo torto e trêmulo,
minha camisa mal passada,
meu tênis sujo,
pedaços de vidro
chovendo do céu,
tudo é tão ruim,
quando não me visto
de você.
Roney Rodrigues em "Intempérie"
A rosa já murcha
perdeu sua voz de clarim.
Pétalas derramadas,
vestida de espinhos,
caiu bem longe do jardim.
O aroma se foi,
a tormenta alcançou a mente.
Ela implorou por carinho,
mendigou pra muita gente.
A sujeira grudou na roupa,
na mente e no coração.
A rosa descobriu aos poucos:
a beleza é nada
além de aflição.
Roney Rodrigues em "Alameda das Rosas"
Lembrei do seu abraço apertado,
falhei ao te manter longe
dos cacos da minha memória.
Hesitei ao apagar
os teus registros de mim.
Não quis jogar
fora teus livros.
Aquele poema de Drummond
que você narrou pra mim
ricocheteia no
fundo da mente e vem
atormentar
meu gole de cachaça,
meu último gosto de amor,
o começo
da minha loucura semanal.
Roney Rodrigues em "Brain Damage"
Faltou algo no meu céu,
o brilho de estrelas mortas
levando anos luz para me acertar.
Eu fico vagando por aí,
sendo golpeado por meteoritos,
cometas e
olhares apaixonantes.
Em uma noite de céu turvo,
olhei no fundo da sua galáxia,
na profundeza que é você,
eu soube nesse instante:
Seu abraço seria meu:
Seu corpo, minha morada;
Seu carinho, a chave dessa jaula.
Eu vou chegar perto da sua pele,
vou me encostar, vou me perder.
você sempre soube,
estive doente aguardando
a cura cair do céu.
Me tornei dependente desde que
me mudei para o seu sorriso.
Em dor eu sempre ofereço:
Meu corpo ao seu lazer;
Minha poesia à sua memória.
Roney Rodrigues em "Lágrima Láctea"
Eu dirigia na estrada da vida.
Lembro que a tempestade rugia lá fora.
O pavor era vibrante, o medo era palpável.
Eu guiava com cautela e temor
sempre a vigiar o retrovisor,
Lia com atenção as placas.
Ao entrar na curva do teu corpo,
eu virei o volante, o corpo não respondeu.
Os pneus não tiveram aderência, eu capotei.
Os estilhaços, o horror,
a dor de saber tarde demais
que o melhor a fazer era ter esperado
o mau tempo passar.
Roney Rodrigues em "Aquaplanagem"
Não quero sucesso
não procuro fama
desde pequeno
eu prefiro o canto do palco
nunca gostei do holofote
eu gostava do papel da árvore
da nuvem ou da estante
eu derramava lágrimas
ao ver Romeu e Julieta
mortos por causa do amor
eu não almejo o mundo
pra mim um banco
de madeira
um bom rock
e uma cerveja
já compensam o stress
que me espancou
a semana inteira.
Roney Rodrigues em "Sou da turma do canto"
Tenho medo das pessoas que temem a volta de Cristo: o que será que elas têm de tão terrível dentro do coração para temer Sua volta?
Existe uma grande falta de valor nos autores de livros contemporâneos do Brasil. São tratados como um nada. Eu faço parte, até então, destes autores. Críticos vem com sua arrogância menosprezando a mensagem devido erros ortográficos, e devido a modéstia de minha simples pessoa. Isto é um crime. Crime mais seria, se eles não observassem o esforço para alcançar a perfeição de minha gramática. Mas não me intimido. Os grandes manuscritos da humanidade vieram da mesma forma como estão sendo publicados os meus livros. Esse é o meu objetivo, mudar o mundo por meio dos livros e da mensagem. Mudar o mundo por meio dos livros é uma tarefa auspiciosa. Mas já vi pessoas salvas por meio de palavras.