Literatura Brasileira
Descasque qualquer bom escritor e você verá que, no cerne, ele apenas elabora tudo que gostaria de viver, as pessoas que gostaria de ser, o mundo como apenas ele enxerga.
A escrita tem as suas próprias leis de perspectiva, de luz e de sombras, como a pintura e a música. Se nasces com elas, perfeito. Se não, aprende-as. Em seguida, reorganiza as regras à tua maneira.
Eu queria que ficasse essa coisa para a frente e para trás. Não estou inventando nada de novo. É mais ou menos como funciona a memória, apesar de não ser como um fluxo de consciência.
Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.
É apaixonante ver como o trabalho realizado em solidão se transforma numa experiência partilhada com muitíssimas pessoas que convergem num mesmo ponto.
Eu creio que escrever é o que nos mantém jovens. Qualquer arte mantém as pessoas como novas, porque nunca se reformam.
As palavras são como parafusos, porcas e chaves de fenda. No caso da crônica, a palavra errada vem da pressa e você vai descobrir se é a chave Philips ou a chave tetra que vai abrir aquele significado. Essas chaves são as palavras. Meu interesse na literatura é este: a literatura como chave para entender o mundo e chave para explicar o mundo.
Quando comecei a escrever, não tinha noção de que seria publicada - eu estava escrevendo para mim e não imaginava que alguém mais fosse ler.
Eu gosto de ler o mundo através dos olhos de um escritor, ao invés de ver um escritor olhando para si mesmo como se estivesse no centro de gravidade do mundo ao seu redor.
[...] não me recordo de nenhum livro que tenha lido, a tal ponto eram minhas leituras estados de minha própria mente [...].