Literatura Brasileira
Uma noite. Uma única noite. Será que foi só isso? Talvez para você tenha sido, mas para mim não. Ah... pra mim significou muito mais. Aquela taça de vinho, aquela lua cheia (de vida), aquele olhar que sorria, as palavras que voavam... detalhes assim não saem da minha retina. Ficam cravados.
Eu ainda posso sentir o cheiro, a mão na nuca, sua boca na minha, o gosto de álcool e de desejo. Ainda posso sentir o coração pulsando acelerado, os pelos arrepiados e a cabeça perdida em pensamentos. Eu ainda posso sentir você aqui porque a intensidade de uma noite dura muito mais que doze horas. Foram toques que dançaram ao som de sussurros, beijos que gritaram em liberdade, sorrisos genuínos. Ainda que breve, foi real. E não posso acreditar que tenha sido unilateral. Seus olhos me contaram, seu corpo comprovou, as palavras não mentiram e um sorriso se abriu. Confessa, vai, você também sentiu.
Foi um espetáculo. Não, talvez só um ensaio, mas no palco da sorte. Não gosto de falar em sorte, mas não sou capaz de dizer o que aconteceu ali. Sorte, azar, acaso, destino, loucura... É foi uma loucura, mas não foi só uma noite. E ainda que não se repita, não foi só uma noite. Não foi.
As mesmas pessoas aparecem com suas roupas domingueiras, as mesmas pessoas de todos os domingos. A igreja tem o mesmo cheiro, o padre a mesma voz e o sermão a mesma monotonia.
A vida é muito curta
Às vezes ela nos testa
Se desfaça de um mal
Viva a vida numa festa
Dê valor a quem lhe dá
Carinho e bem-estar
Seja consigo honesta
É preciso ter forças para seguir em frente
quando o chão desaparece debaixo dos pés.
É preciso ter coragem para encarar o sol da manhã
quando a noite ainda mantém seu peito no breu.
É preciso ter coração para lutar pelos seus sonhos
quando todos dizem que você nunca vai conseguir.
É preciso ter fibra para reconhecer os erros e desvios de rota
quando todos te apontam o dedo julgador.
É preciso ter pulso para se perdoar e
assumir que nem todas as escolhas foram acertadas.
É preciso
mesmo que não baste.
Minha arte é como um jardim, onde qualquer pessoa pode passar e pegar uma flor, pode dar para alguém, pode receber de alguém. Por enquanto é assim que tem sido, o jardim está crescendo, e ficando cada vez mais perfumado.
Não tenho medo de me repetir, porque o que escrevo, o que eu digo, não atende às exigências da literatura, mas às da necessidade e da urgência, às do fogo.
CANTO II
Janela d'alma, visão
Íris líquidas pingantes
Longe, longe, coração
Ah, distâncias distantes.
Na ronda teu juízo
Envolto em madeira e terno
No bosque paraíso?
Na floresta inferno?
Se com luz,
Voo alto
Asas de Ismália.
Se na cruz,
Não falto
Mortalha.
RUSH
Quando passei nas Andradas
Uma quinta-feira dessas
Caminhando com pressa
Vi os carros parados
Olhando pros lados
Ansiosos
Rosnando.
E no meio da rua
Um mulato vestindo verde
Com a carne nua
Sangrando
Morto.
E nas calçadas, nos andaimes
Doze menos um operários
Todos temporários
Trabalhavam.
E os caros com pressa.
E o mulato não saiu.
E como não saiu,
Passaram.
Oi amor! Parece incansável todo o seu carinho, toda a sua atenção. Em cada canto, em cada som, junto as árvores e folhas, junto aos frutos caídos no chão, junto as águas que caem do céu, junto as águas sujas que se acumulam nas ruas e calçadas. Parece incansável a sua fantasia de me ver chegar para nunca mais partir, mas o fato amor, é que eu não te quero mais.
Porque você, minha querida, sabe melhor que ninguém como uma livraria pode ser um lugar mágico e que todo mundo precisa de um pouco de magia na vida.
Gosto de escrever
Eu gosto de escrever
Eu não sei o porquê
Fico encarando o papel
Sem saber o que fazer
Fico encarando o celular
Sem saber o que digitar
Eu gosto de escrever
Ainda não sei bem porquê
Tenho muita coisa na cabeça
Que preciso despejar
Eu não devo esquecer
Eu não devo ignorar
Eu preciso registrar
Eu preciso escrever
Nenhuma idéia é inútil
Não há conhecimento fútil
Tudo é importante
Tudo é potência
Tudo é constante
Sempre em desenvolvimento
Sempre em crescimento
Como as idéias na cabeça
Giram como um cata-vento
Eu gosto de escrever
Não sei bem porquê
Só sei que sei escrever
Só sei que sei ler
Não sei se sei entender
Compreender as idéias do autor
Ver não é ler, ler não é entender
Entender não é compreender
Compreender não é aprender
Aprender não é conhecer
Ler a escrita é ler a mente
Ler a mente é ler o coração
O coração da gente
Tão impulsivo e ardente
É ler alma do agente
Que escreveu o sermão
Eu gosto de escrever
Eu não sei porquê
Mesmo se não há nada pra escrever
Escrevo mesmo assim
Um poema bem simplório
Que nasceu dentro de mim
O verdadeiro caráter é revelado nas escolhas que um ser humano faz sob pressão - quanto maior a pressão, mais profunda a revelação, mais verdadeira é a escolha da natureza essencial do personagem.
Em nome da folha
Nenhuma folha vive sem raiz, quando ela se solta da árvore achando que vai ser livre, ela voa e a cada vôo apodrece ainda mais, seja livre, mas jamais esqueça de fincar raízes A'Kawaza
Parece celebridade
Esse povo da cultura.
Com tanta diversidade,
E quanta desenvoltura.
É uma gente sabida,
Falante e desinibida,
E rica em literatura.