Literatura
"E a palavra suicida
precipitou-se,
desesperadamente,
da boca
e caiu
no mundo...
Estraçalhou-se
em verbo
e foi ser Vida."
"Verbum"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017)
Não posso impedir que coisas ruins aconteçam. Sei que não tenho como te
proteger do mundo, mas posso e vou estar ao seu lado para o que der e vier. Pra
suportar sua dor, te ouvir se precisar...
Dante Montini
Ele não era o príncipe encantado que eu havia esperado a vida toda.
Definitivamente não era a pessoa certa para mim. Mas quer saber? Eu não queria a
pessoa certa. Não queria alguém que chegasse no momento certo, que fizesse
sentido. Não, eu queria a pessoa errada! Queria perder a cabeça e o sono, fazer
loucuras das quais me arrependeria mais tarde, brigar, gritar para em seguida chorar
e rir em seus braços. Queria alguém que gaguejasse por medo de me perder. Que
me jogasse de um penhasco, me dopasse para me acalmar, preparasse comida
intragável e que ainda me parecesse o melhor dos banquetes. Queria alguém que,
de tão diferente de mim, me completasse.
Luna
Eu não sei desbloquear o que me foi dado no passado uma amargura de seres promíscuos de índole duvidosa que por alguma razão me tornei odiada por ter um coração que não se corrompe pela ambição ou é capaz de ter a alma torta como tais pessoas. O que quero exemplificar é que todos aqueles que são bons perante a sociedade escondem um segredo sujo e todos que são odiados por tantos certamente são os que vivem na verdade ou sabem questionar
A dor regenera pensamentos enquanto a felicidade torna se completa quando ambos buscam o mesmo propósito,não é sadio devolver o lixo sentimental para o outro ou desprezar. O mundo precisa de humanidade e independente de como será o futuro a resposta é seguir o coração e ser ágil e cauteloso.
"Deixe o amor entrar
e fazer ninho no seu querer.
Deixe a alma transbordar
a vida acontecer.
(...)
Se jogue na corrente.
Abrace quando sinta afeto
sem os medos que ceifam mentes
e geram profundos desafetos."
"Simplidade"
(CORTEZÃO, M. B., "Banzeiro Manso". Gramado (RS): Porto de Lenha Editora, 2017.)
Tudo é jogo de cintura no final.
Sorria e espalhe graça
porque o riso escancara portas,
transmite luz e paz,
aviva as horas mortas,
é atitude audaz.
"O Riso"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
"O Tempo é o arrebato sutil
do inesperado vento.
O Tempo é o despir da alma
do que já não faz falta.
O Tempo é enxurrada
que leva o desalento.
O Tempo é o sopro divino
que dita nossa Sina."
"O Tempo"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
"Quando eu crescer,
quero ser pequena.
A minha grandeza
desejo levar
em minha essência,
na imortalidade da alma.
Os falsos elogios
abandonarei pelo caminho,
como quem nunca os possuiu.
Ambicionarei apenas
a simplicidade da vida,
porque tudo o que é efêmero
é fardo para a alma."
"Quando eu crescer"
(CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
"Quero abraçar meus medos
e conhecê-los a fundo.
Quero dar todos os beijos
que os guardei em segredo
nos dias moribundos."
"Quereres"
(CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
A caridade é uma coroa que o capitalismo exibe para lembrar ao dono do dinheiro que a miséria existe como virtude do seu espírito e não como consequência nefasta do seu egoísmo.
Não me dê o fim!…
Quero entrelaçar o infinito
No nosso gozo
Quente, fulgurante de chamas.
Quero me ausentar,
Presentear
Quando preciso.
...
Não bata os olhos,
E não me dê o fim!...
Verdadei minhas mentiras
de tal modo no abismo
mais profundo de mim
que as flores viçosas de plástico
coloriram e perfumaram meu jardim.
Sucumbi às minhas verdades
de modo tão íntimo, tão intenso
que construí com lágrimas
e com lenços
minha torre de marfim.
Vivi de tal modo
todos os meus eus,
que já não sei quem
me dirá adeus
quando eu chegar ao fim.
Se você pudesse
ouvir meu olhar,
evitaria a verdade
que, em minha boca, tropeça.
Se você pudesse ver
a alegria de minha alma,
quando a aurora começa,
amaria o menino
que a noite flecha.
Nada do que crio
serve ao ócio,
serve ao ópio,
serve ao cio.
Nada do que sou
serve a mim,
serve à míngua,
serve ao engano.
Prossigo adeusando
tudo que vejo,
tudo que desejo,
esperando o fechar das portas,
o apagar das luzes,
o descer do pano.
No fim da estrada,
estarei sozinho.
Os amores, os amigos,
os parentes, os saudosos inimigos
já terão me esquecido no caminho.
Terei os olhos vermelhos,
marca de letras nos joelhos
e as cicatrizes dos carinhos.
Minha voz é o modo como vou buscar a realidade; a realidade, antes de minha linguagem, existe como um pensamento que não se pensa, mas por fatalidade fui e sou impelida a precisar saber o que o pensamento pensa. A realidade antecede a voz que a procura, mas como a terra antecede a árvore, mas como o mundo antecede o homem, mas como o mar antecede a visão do mar, a vida antecede o amor, a matéria do corpo antecede o corpo, e por sua vez a linguagem um dia terá antecedido a posse do silêncio.