Literatura
Não se limite
a dizer coisa com causa.
Não beba o eco ou o cio
que brota de versos alheios.
Não se banhe duas vezes
no mesmo vazio,
mesmo estando cheio.
Não caminhe por estradas conhecidas
nem queira novas perguntas
para suas velhas respostas.
Não se imite,
perca-se no caminho da volta.
Acreditar na alma e no espírito foi há um longo tempo atrás agora apenas uso esses termos como uma metáfora.
Uma traição na amizade é duramente dolorosa, assim como no amor, mas cabe o tamanho da tolice do indivíduo em querer passar pelo mesmo círculo vicioso de um ser sem caráter e maturidade.
Existência é dor, mas contudo um mérito do acaso daqueles que sofrem sendo livres não aos presos e tolos de evolução e intelecto.
Não tenho visão, sou visionário
no dicionário dos pequenos.
Não tenho calma, trago na palma
a alma dos mais, a alma dos menos.
Não tenho fama, sou difamado
pelos mais amados, pelos mais amenos.
Não tenho abrigo, sou amigo das estradas,
das madrugadas, do sereno.
Não tenho dor, vivo doendo.
Não faço versos,
os versos, em mim, vão se fazendo.
Quanta coisa me trava:
o medo, a solidão, a palavra.
Quanta coisa me cala:
a dor, o desejo, a fala.
Quanta coisa me cria:
a palavra, a fala, a poesia.
Palavro termos ternos,
buscando no efêmero
o que tenho de eterno.
A solidão vocabulizo
e, em cada rima perdida,
em cada rumo que tomo na vida,
eu me poetizo.
Quanto maior for sua bondade pior será massacrado pelos demais ao seu redor, a dica é ser ruim, maltratar e ser amargo com os outros pois a moda deste século é ter a conta bancária alta e a alma pequena.
"Amar, amiúde,
é infinda aprendizagem.
É fechar-se em ataúde.
É abrir-se à eternidade."
"Pétalas"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso". Gramado (RS): Porto de Lenha Editora, 2017, p. 44)
"Se nosso amor é tão sólido
por que me escorre pelos dedos?
A liquidez do teu sentimento
deságua em mim igual tormento..."
"Enigma"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso". Gramado (RS): Porto de Lenha Editora, 2017, p. 49)
"E a palavra suicida
precipitou-se,
desesperadamente,
da boca
e caiu
no mundo...
Estraçalhou-se
em verbo
e foi ser Vida."
"Verbum"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017)
Não posso impedir que coisas ruins aconteçam. Sei que não tenho como te
proteger do mundo, mas posso e vou estar ao seu lado para o que der e vier. Pra
suportar sua dor, te ouvir se precisar...
Dante Montini
Ele não era o príncipe encantado que eu havia esperado a vida toda.
Definitivamente não era a pessoa certa para mim. Mas quer saber? Eu não queria a
pessoa certa. Não queria alguém que chegasse no momento certo, que fizesse
sentido. Não, eu queria a pessoa errada! Queria perder a cabeça e o sono, fazer
loucuras das quais me arrependeria mais tarde, brigar, gritar para em seguida chorar
e rir em seus braços. Queria alguém que gaguejasse por medo de me perder. Que
me jogasse de um penhasco, me dopasse para me acalmar, preparasse comida
intragável e que ainda me parecesse o melhor dos banquetes. Queria alguém que,
de tão diferente de mim, me completasse.
Luna
Eu não sei desbloquear o que me foi dado no passado uma amargura de seres promíscuos de índole duvidosa que por alguma razão me tornei odiada por ter um coração que não se corrompe pela ambição ou é capaz de ter a alma torta como tais pessoas. O que quero exemplificar é que todos aqueles que são bons perante a sociedade escondem um segredo sujo e todos que são odiados por tantos certamente são os que vivem na verdade ou sabem questionar
A dor regenera pensamentos enquanto a felicidade torna se completa quando ambos buscam o mesmo propósito,não é sadio devolver o lixo sentimental para o outro ou desprezar. O mundo precisa de humanidade e independente de como será o futuro a resposta é seguir o coração e ser ágil e cauteloso.
"Deixe o amor entrar
e fazer ninho no seu querer.
Deixe a alma transbordar
a vida acontecer.
(...)
Se jogue na corrente.
Abrace quando sinta afeto
sem os medos que ceifam mentes
e geram profundos desafetos."
"Simplidade"
(CORTEZÃO, M. B., "Banzeiro Manso". Gramado (RS): Porto de Lenha Editora, 2017.)
Tudo é jogo de cintura no final.
Sorria e espalhe graça
porque o riso escancara portas,
transmite luz e paz,
aviva as horas mortas,
é atitude audaz.
"O Riso"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
"O Tempo é o arrebato sutil
do inesperado vento.
O Tempo é o despir da alma
do que já não faz falta.
O Tempo é enxurrada
que leva o desalento.
O Tempo é o sopro divino
que dita nossa Sina."
"O Tempo"
CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)
"Quando eu crescer,
quero ser pequena.
A minha grandeza
desejo levar
em minha essência,
na imortalidade da alma.
Os falsos elogios
abandonarei pelo caminho,
como quem nunca os possuiu.
Ambicionarei apenas
a simplicidade da vida,
porque tudo o que é efêmero
é fardo para a alma."
"Quando eu crescer"
(CORTEZÃO, Marta, B. "Banzeiro Manso. Gramado (RG): Porto de Lenha Editora, 2017.)