Literatura
Poucos livros bons haviam aparecido. Entre eles, Literatura e Humanismo, de Carlos Nelson Coutinho; Os equívocos de Caio Prado Júnior, de Paulo Cavalcanti; Ferro e Independência, de Osny Duarte Pereira. Voltava-me para as revistas de cultura; apresentavam-se com dois tipos, pelo menos as universitárias, as dos docentes e as dos discentes. Eu concluia, por isso: "Em suma, provam os três exemplos alinhados que existe contraste, e até antagonismo, entre o pensamento novo, que se levanta nos meios estudantis, e o pensamento velho, que se aninha nas cátedras universitárias. É evidente que as exceções servem apenas para confirmar a regra. Nem tudo que surge do meio estudantil é de alta qualidade cultural, evidentemente; mas a esmagadora maioria do que surge do meio docente universitário é de qualidade inqualificável. Como pode haver respeito, numa atividade ligada ao conhecimento, quando os que aprendem sabem mais do que os que ensinam?
A FÚRIA DE CALIBÃ, pág. 226-227
Pensei no lirismo; quis ser poeta. No vale do Mucuri, um menino se inspira e a literatura agradece.
As mulheres na literatura são como estrelas no céu noturno, cada uma brilhando com sua própria luz, trazendo profundidade, beleza e perspectiva a um universo de palavras.
A literatura é uma versão da realidade.
Só tornei a literatura possível quando a retirei da solenidade.
A literatura artística tem esse nome justamente porque retrata a vida tal como ela é na realidade. Seu objetivo é a verdade incondicional e honesta.
Por que razão as humanidades, por que razão a ciência, a arte, a literatura não nos deram nenhuma proteção diante do desumano?
Por que razão podemos tocar Schubert à noite e cumprir o dever, no dia seguinte, matando nos campos de concentração? Nem as grandes obras, nem a música nem a arte impediram a barbárie total.
Como era possível tocar Debussy, escutando os gritos daqueles que passavam pelas cercas de Munique, a caminho dos campos de extermínio.
Por que a música não disse não? Por que as humanidades não nos humanizaram, por que as culturas não nos libertaram?
Francis George Steiner, professor, crítico e teórico da literatura e da
cultura.
Por que razão as universidades não nos educaram e não nos pacificaram? Onde estavam as universidades diante das duas guerras mundiais e frente às mais de duas centenas de guerras do século XIX e XX?
Não é quem desconhece a Literatura que lhe causa danos e sim aquele que a instrumentaliza. No primeiro ela ainda não geminou, no segundo, já está morta.