Literatura
Acreditava que o maior conhecimento, especialmente para uma mulher, eram as palavras. Fatos, histórias, fantasias... o que importava era estar com fome e abraçá-las quando a vida se tornava complicada ou vazia.
Circulo muito por diversos bairros. Esse caminhar pelas ruas te dá a oportunidade de experimentar a alteridade, fazer uma outra leitura dos lugares.
Eu nasci e cresci no subúrbio, sou da Madureira. Quando eu fui fazer faculdade, comecei a escrever e eu sentia falta na literatura contemporânea brasileira desses personagens suburbanos. Eles pouco aparecem como protagonistas e, entretanto, representam a maior parte da economia do País.
Me sinto menosprezado pelo seu sentimentalismo frio! Sinto-me como um poço sem fundo com seu silêncio pertubador. Ignorado ou rejeitado? Qual palavra definiria esse sentimento retroverso...?
Não há novas histórias. Tudo depende de como você lida com elas. Nos romances, os personagens vão se apaixonar; você sabe disso quando vê a capa do livro. É como chegar lá que é divertido.
Gozação poética
Papel em branco
Dia poético,
Palavra medida.
Eu que não penso
Que figura de linguagem
Eu vou usar.
Deixe o poema
Fluir de forma natural,
Que cada um interprete
Da sua forma.
- Eu não tenho nada a explicar!
Se eu escrever sobre paz - você ver amor
Se eu escrever sobre paixão - você ver guerra
Se eu escrever sobre natureza - você ver sexo
Se eu escrever sobre vida - você ver...
Você ver no poema o que você
Quiser, o poema agora é seu!
O eu lírico? Não sou eu!
Faz de conta
Que as palavras veio de longe...
- Eu psicografei!
A realidade sempre me atraiu como um ímã; me torturou e me hipnotizou. Eu queria capturá-la no papel.
Afinal, uma história não pertence apenas a quem a conta. Pertence, em igual medida, a quem está ouvindo.
Meus livros são meus e ainda assim são estranhos para mim - como uma criança pertence a um pai e ainda tem vida própria. Eu posso guiar, torcer e cutucar meus personagens desta e daquela maneira, mas no final, eles se tornam o que se tornam. Nem sempre gosto do que eles se tornam, mas, como pai, há momentos em que simplesmente não sei o que fazer.
Em consonância com essa estranha contradição humana, muitos livros serviram para espalhar torrentes de palavras de sabedoria sobre amor, bondade e compaixão por todo o mundo.
Sempre me assusta escrever as primeiras linhas, cruzar o limiar de um novo livro. Depois de percorrer todas as bibliotecas, quando os cadernos explodem de notas febris, quando não consigo mais pensar em desculpas razoáveis, nem mesmo tolas, para continuar esperando, ainda retardo vários dias durante os quais entendo o que é ser covarde. Simplesmente não me sinto capaz.