Lisboa
Algumas coisas me fizeram crer em algo que odiava aceitar, o tempo de fato é o melhor remédio.Talvez não cure todas as feridas mas as fazem cicatrizarem
me deito à noite e começo a chorar
me sinto tão só rodeada de pessoas
me olho no espelho, mas não me sinto bem
me dá uma dor no coração
só queria fugir pra longe
escapar do mundo
peço socorro às almas que me rodeiam
peço perdão àqueles que me odeiam
estou com medo, medo de isso tudo não passar...
É difícil aceitar e perceber que muitas vezes o livramento vem através de uma decepção, de um plano que deu errado, de situações que choramos sem entender as razões, mas que no fim, Deus nos surpreende nos mostrando um caminho mais saudável e melhor. É difícil engolir remédios amargos, mas sem eles não teremos a cura. 🫀
Angélica Nunes Lisboa
"Minha filosofia é: o que as pessoas dizem sobre mim não é da minha conta
Eu sou quem sou e faço o que faço.
Não espero nada e não aceito tudo.
E isso torna a vida mais fácil.
Vivemos num mundo onde os funerais são mais importantes que os falecidos, o casamento é mais importante que o amor, a aparência é mais importante que a alma.
Vivemos em uma cultura de embalagens que despreza o conteúdo.
Bom dia, meu amor. Desejo-te um feliz Natal cheio de amor, paz, solidariedade; e que o seu dia seja de muita alegria, sorrisos, etc.
Poderia passar meus dias escrevendo,
Lembro quando minha mãe me viu sofrendo.
Lembro das lágrimas do meu pai,
Quando me viu desistir da paz.
Lembro de minha irmã me ouvindo,
Aquele fim de tarde, todos os meus gritos.
Lembro das pessoas que deixei,
Histórias que nem mesmo sei...
Lembro das frases que foram ditas,
Lembro de levar marcas sem deixar pistas.
Foi no momento que joguei fora minha podridão,
Larguei marcas escuras no meu coração.
E quando o mundo enfim me derrubar,
Ainda tenho motivos pra outra vez sonhar.
E hoje me considero um vencedor,
Eu misturei a inteligência com o amor.
Ouvi pra não ter esperança,
Mas o tempo gira como uma dança.
Eu fui mesmo quando estive aqui,
Lembrei dos bons momentos e apenas sorri.
As frases que escrevi nunca saíram do papel,
E as da minha cabeça estão no céu.
E quando achei que ia cair,
Minha alma disse: "estou aqui".
O forte não é aquele que esta sempre de pé,
Mas aqueles que levanta quantas vezes puder.
E se alguém ouvir essa canção,
Saiba que em mim nao existe mais escuridão.
E quando o mundo enfim me derrubar,
Ainda tenho motivos pra outra vez sonhar.
E hoje me considero um vencedor,
Eu misturei a inteligência com o amor.
Talvez você saiba a melhor coisa que existe,
Mas assim mesmo minha duvida persiste.
Queria voltar no tempo, mas não posso,
Iria aproveitar esse tempo nosso.
História: Dois monges atravessando o Rio da Discórdia
Recontada por Fabio Lisboa
Dois monges se preparavam para atravessar um rio, conhecido como o Rio da Discórdia, antes de subirem uma montanha, chamada de Montanha da Fé.
Um deles era novo e o outro velho.
Ao chegarem às margens do rio, os religiosos ficaram ao lado de uma moça muito bem vestida, que também queria chegar ao outro lado do rio, mas com um detalhe: sem se molhar!
Com um olhar, ela pediu ajuda ao monge mais novo.
Este desviou o olhar e seguiu pelo rio.
A mulher arrumou os cabelos, se abanou com um leque e dirigiu o seu pedido de ajuda com um profundo olhar para o monge mais velho.
Este não teve dúvida: pôs a moça nos ombros e atravessou o rio, carregando-a.
Do outro lado, satisfeita e seca, ela agradeceu o velho e olhou o novo com desdém.
E o novo olhou com indignação e raiva para o velho!
O monge retribui aos dois com um olhar de compaixão e tranquila alegria. Nem é preciso dizer que aquilo irritou ainda mais o mais novo!
Os monges continuaram seu caminho rumo a Montanha da Fé.
O novo carregava um semblante pesado e carrancudo e o velho levava com ele sua expressão de leveza e serenidade.
De acordo com as regras de sua fé, os monges não deveriam tocar as mulheres.
Caminharam por horas, mas o monge mais novo ainda estava perplexo com a atitude do mais velho.
Quando chegaram ao pé da montanha da fé, o jovem não agüentou mais e expressou seus pensamentos em voz alta:
- Você sabe muito bem que os monges não devem tocar as mulheres!
Por que carregou aquela moça pelo rio?
- Naquele momento, julguei que ajudar um outro ser humano, sem julgá-lo , fosse mais importante do que não tocá-lo.
No entanto, eu larguei a jovem há três horas atrás e a deixei às margens do rio.
Por que você continua carregando a moça?
O Regresso de IELONO
Liko Lisboa
Cavalo que não berra é boi
Cabrito que não voa cai
A serpente da pernadas
E as abelhas nas pedras de sal
Mas depois daquele dia
Pelo filho e pelo pai
Cavalo que não berra é boi
Cabrito que não voa cai
E na varanda os seres devorando os seres
Em perfeita harmonia
E o viajante Ielono
Vai regressando pro jardim
E as estrelas no quintal
Levando o filho ao encontro do pai
Eu fiquei sabendo da sua pressa
Sei que é certa que nos devora
Mas nos eleva no caminhar.
Água Preta
O rio da minha infância
liko Lisboa
No velho água preta
Subia e descia canoa,
Era a coisa mais bonita
Água quebrando na proa,
Homem rio fauna e flora
Conviviam numa boa.
No rio da minha infância
Pesquei traíra e beré,
As antas e capivaras
Corriam de jacaré,
Passarim batia asas
Com medo de caburé.
Meu anzol de linha longa
Ia onde não dava pés,
Era no poço dos anjos
Entre os verdes aguapés,
Que morava o temido
O maior dos jacarés.
No rio das estripulias
Numa tarde eu vi Bita,
Fugindo dos soldados
Rumo a Manoel Batista,
Um salto mortal da ponte
Num mergulho sumiu Bita.
Guilermina e o água preta
O água preta e Guilermina,
Confundem a minha cabeça
Mas depois tudo germina,
O que fizeram com o rio
Fizeram com Guilermina.
Mas que pecado cometeu
Pra receber tal castigo,
Quando era um rio bonito
Tinha o povo como amigo,
Hoje velho e decrépito
É sinônimo de perigo.
O velho água preta
Era de utilidade pública,
Servia todos e a cidade
Como isso hoje explica
No seu leito perecendo
E ninguém vê a sua súplica.
O meu rio de contos
De belezas naturais,
Era o mais bonito
De todos mananciais,
Hoje agonizando
Em coliformes fecais.
O rio água preta
Velho triste e doente,
Mesmo morrendo a míngua
Ainda serve humildemente,
Carregando dia e noite
O lixo de nossa gente.
O novo quando chega
O que tá vira passado,
É preciso evoluir
Mas que fique explicado,
Rio é como provérbio
Nunca fica ultrapassado.
Liko Lisboa.
Bem ás portas de Lisboa
a terra dos combatentes
os heróis sobreviventes
lá está ela, imponente
a Torre de São Vicente.
Erguida nas margens do Tejo
n´antiga praia de Belém
o glorioso monumento
erguido com sentimento
do mais lindo que se tem.
Bela torre inaugurada
no reinado de Dom Manuel
é um castelo medieval
defendendo esta barra
do maior rio nacional.
Quando lhe batem as luzes
se veem inscrições de cruzes
lembrando a potencia global
deste país que é Portugal.
Hoje Património mundial
Honrando as nossas armas
à entrada da cidade
defende a ordem de Cristo
desde tempos passados
onde já fomos lembrados
até à eternidade.
Neste dia de outono
Ainda com olhos de sono
Bem no centro de Lisboa
Visando aquela canoa
Sentado numa esplanada
Numa cadeira cansada
Por aves acompanhado
Fica o poeta inspirado
Nutrindo felicidade
Nos ares desta cidade
A brisa fresca da tarde
Suflada na sua face
Se um café não tomasse
Perante tanta beleza
Dormindo talvez ficasse
Se o dia não acabasse
E o anoitecer não chegasse
Um pensamento somente
Fico aqui, eternamente.
Ainda agora, a terra grita em mim, tão perto como antes, tão distante como Lisboa, tão igual quanto à toa, são essas tuas loas.
Alberto Pereira - nasceu em 1970 na cidade de Lisboa; licenciado em enfermagem, participou em diversas antologias, tendo obtido, em 2008, o 1.º Prêmio de Poesia "Ora, vejamos".
A 6 de Dezembro de 2008 foi apresentado em Lisboa, a obra poética "O Áspero Hálito do Amanhã" de Alberto Pereira, com prefácio de Xavier Zarco.
Obra e autor foram apresentados pelo emérito poeta Firmino Mendes. O prefaciador e o apresentador foram distinguidos com o prêmio Vítor Matos e Sá, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Esperando você
Liko Lisboa
Eu tenho medo
de sair de casa a noite
Medo que o dia
não amanheça pra mim
se o dia não amanhecer
não vou ter você
na sala de aula
perto de mim
a noite
eu durmo e sonho
com os querubins
com você chegando
de asas no jardim
do palácio azul
dos Serafins
sou eu esperando você
a tarde
ensaio um canto novo
enfeito danço
e visto a melhor roupa
só pra te ver
não sei
se vou pra BH
no ano novo
ou fico aqui sozinho
pensando em você.
Amo-te ! Lisboa.
...das colinas de Lisboa
vejo a lua beijando o mar
O Tejo conta as lendas num silêncio
...um barco corre solto, a navegar
No cais um poeta, canta e chora um fado triste
com ciúmes da lua, se torna tão bravio o mar
... enquanto a brisa namora aquela princesa de rara beleza, no seu castelo de areia, a encantar...
Das colinas de Lisboa
Onde o sol se põe, me faz sonhar
uma gaivota paira num silêncio
num imenso firmamento a voar
Nos trilhos a vida passa sem sentir essa magia
enquanto toda uma cidade se prepara para sonhar...
ouvindo o sino das tuas rústicas catedrais
a entoar um canto, de amor e paz.
Amo-te! Lisboa.
Ai quem me dera, na primavera, poder te abraçar!
No Algarve dos sonhos, regar natureza
Nos campos do Alentejo, aventurar.
De aço, são meus amores
Açores, epopeias ! Vou contar para o mundo tua beleza
sem par.
Ao serrar das estrelas
a noite me trás os montes
no frio se aquece a Madeira, uma ilha no mar
Vejo alegre e cantante
O fadista de outrora, tão presente agora,
a te enamorar
Até o Porto eu navego
nas tuas caravelas, que fizeram a história
e novos mundos brotar
Tua juventude renasce, minha querida Lisboa
a cruzar novos mares, a novos rumos tomar
... sem caravelas ! pois hoje, já é nova era
e o futuro de espera numa nave estelar
E o meu coração, continua sendo um Tejo
a desaguar nas estrelas, por entre serras e montes
beijando os teus céus e o teu mar.
Amo-te ! Lisboa.