Limpar a Casa
A GRAÇA DA CAUSA
As causas que me causam causas
casa sem ter casa
voa sem ter asas
mesmo confinada, vaga,
Vaga por todas as vagas, vagas
... Vagam como passadas de boiadas
que corre pelos campos
e pelas águas, nada.
Voam pela chuva, pela garoa
pelas margens das estradas
pelo leito da canoa
voa que voa, voa de boa,
voa pela vida a toa.
Essas causas causam fogo
fazem brasas e quando abraça
o batom muda de tom
botam as caras na praça
tonteia, amassa e a massa
beberica cachaça e no pega-pega,
se agacha, se arrasta de graça
com sua graça, sem raça.
Antonio Montes
Diariamente saem de casa uma pessoa boa de papo e outra carente, se as duas se encontram dá namoro!
Pedro Marcos
Vi os dias passando e nada de você passar na minha casa.
Ouvi o barulho dos carros lá fora, mas não ouvi o barulho dos seus passos na minha escada.
Senti o perfume gostoso da primavera pelas ruas, mas o seu perfume não estava em nenhuma delas.
Li mensagens de pessoas alheias, desejando ver seu nome entre elas.
Me perdi em abraços, sabendo que apenas no seu eu me encontrava.
Ainda penso em casar, mas só quando eu ver sua imagem no altar.
Meu pensamento viaja
E vai parar na porta da tua casa
Em teus braços
Com beijos calorosos
E muito carinho
Aí me pego sozinho
No meio do meu caos
Mas bipa o celular
E é mais uma mensagem
Às nuvens me levar
E começa tudo outra vez
''uma casa branca,uma bela decoração...
uma mulher que amo, me traz paz ao coração...
E só o que eu queria , ver o mundo sem guerras
sem discórdia, sem fome,sem trevas..''
Não quero você mais na minha casa
Nem nos meus pensamentos...
Muito menos no meu coração.
Sai do meu corpo...da retina dos meus olhos...
Me fere pensar em você.
Eu não quero nada
Com seu riso indecente,
Com seu ar de cafajeste.
Já conheço o seu tempero
Seu segredo e seu suor
E seu cheiro que ficou grudado em mim.
Mas não consigo perder mais tempo,
Você tem que ir embora
Já começa a amanhecer
E eu preciso te esquecer...
Vá....
Você precisa ir embora de mim !
Cleide Machado - São Paulo - 17-09-2017- 18:18
Crianças...
Não há nada mais divertido em uma casa onde moram crianças que fazem uma cabana com um lençol, uma cachoeira com a mangueira que rega o pomar e o jardim que cultivam em potinhos de iogurte e sem nunca exaurir suas forças, conseguem fazer de qualquer espaço, uma ciclovia que leva até o quarto onde moram seus heróis.
by/erotildes vittoria
Coisas de casa:
1. Vê que a cozinha tá bem lavada quando chega na sala.
2. Vai construir uma casa? se precisar de terra eu empresto meu capacho.
3. A mágica de pegar na vassoura e fazer ventar
4. O misterioso poder de atração que tem embaixo da geladeira, do fogão, do sofá e dos móveis com tudo que é pequeno.
Cansado de se deitar à luz do sol,
Ficando em casa para ver a chuva,
Você é jovem e a vida é longa
Mas existe tempo para matar hoje.
E então um dia você descobre
Que dez anos se passaram por você
E ninguém lhe disse para onde correr
Você perdeu o sinal de partida
O mundo é uma casa sem paredes é uma luz que nos chama, é uma infinita estrada sem limites, onde quem nos impulsiona a caminhar é o vento !
Abandono
Quando você abriu a porta e saiu
A casa ficou morta e ruiu
Desabrigado e com a vida rasa
Meu corpo também ficou sem casa
Na primeira curva da estrada
Voltou-se, sorriu, acenou com a mão
Ofertou-me sua face amargurada
Herança de tristeza e solidão
Na sua partida a noite chegava
Cobrindo tudo de luto e agonia
Ainda esperando se você voltava
Alma e corpo penando em muda sintonia
Não suportando a terrível dor
Minh'alma seguiu você bem de mansinho
Coisa sem alma, vaso sem flor
Meu corpo perdeu-se pelo caminho
Cinco da madrugada
Me sinto como uma casa alugada
Dando morada a mente
Que de tanto pensar me deixa doente
Invadiu-me a casa, o pensamento, a vida e lá fez sua morada...Invadiu-me o quarto, o canto, minhas cores e transbordou tudo.Invadiu-me o tom, o tato, o dorso, a pele, virou-me o mundo ao contrário. Invadiu-me sem hora e nem lugar, entrou pela janela, tomou-me de assalto. Deitou-se no meu destino, riu-se do meu espanto... Foi assim sem tempo, num segundo de desatenção
Que desembarcaste em mim paixão.
Que o sol invada seu coração e a casa em que o coração que tua amas habita. E que as cores do seu sentimento mais bonito façam do anoitecer uma tela branca a ser colorida pelo que te fez suspirar ao perceber que ela te sorriu de volta.
Até vampiro tem código de ética, só entra numa casa se for convidado. O que fazer quando invadem nosso messenger sem pedir?
COMIDA FRIA
Lá em casa, habitualmente, não cozinhamos aos sábados. Saí para buscar o almoço com a nossa fornecedora atual, Dona Maria, que nos últimos anos abriu o portão de sua casa e começou a entregar aos finais de semana uma deliciosa feijoada, nas versões tradicional e “light”. Sorridente, falante e cortês, Dona Maria atende a todos com o seu gorro e avental branquinhos, e faz questão de dizer que tudo ali é feito com qualidade, asseio e carinho. Motivada pelo pedido de alguns clientes, estruturou a sua garagem e agora mantém meia dúzia de mesas plásticas, forradas com um tecido rendado, quatro cadeiras em cada e um freezer cheio de cervejas e refrigerantes para que os clientes possam se deliciar com a iguaria ali mesmo, caso prefiram.
Estacionei o meu carro numa rua perpendicular. Peguei a minha filha pela mão, tranquei e acionei o alarme e fui me aproximando da casa de Dona Maria. Do lado do seu portão principal, estava estacionado um carro muito bonito, com cabine dupla, cor prata e recém lavado, denotando o capricho do dono. Em um piscar de olhos, vi um rapaz de boné baixo (acho que para esconder parte do rosto) ao lado do carro, na porta do passageiro. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, o rapaz retirou a camiseta branca, enrolou em algo (que depois fui descobrir que era uma pedra bem grande) e bateu com toda a força dos seus braços finos no vidro da porta do passageiro, fazendo cacos de vidro voarem para toda lado. Mais rápido que o The Flash, meteu a mão dentro do veículo violado, retirou algo e saiu correndo. O “algo” era uma bolsa feminina, da cor vermelho escuro. O alarme do carro bonito começou a gritar alto, chamando a atenção do dono que estava no interior da casa de Dona Maria, aguardando o almoço.
O senhor careca, proprietário do veículo, também demorou alguns segundos para entender o que havia acontecido. Já com as mãos na cabeça em desespero, ouviu o meu grito abafado. Eu apontava e sacudia a mão desocupada na direção onde o rapaz decidiu correr… Mas foi em vão. A nossa capacidade cerebral de entender a cena, agir, gritar, fazer qualquer coisa útil foi infinitamente mais vagarosa do que as pernas compridas do rapaz tomando a direção já calculada.
Na sequência, uma pequena senhora de cabelos alaranjados também apareceu e descobri que era a dona da bolsa roubada, esposa do calvo senhor. A mesma, chorosa e assustada, afirmava repetidamente que não havia dinheiro ou nada que um meliante pudesse aproveitar lá dentro, somente seus documentos, cartões, maquiagens, remédios e pertences pessoais.
Tentando concluir a minha missão ali, apesar do susto e da injeção de adrenalina, entrei na casa de Dona Maria (que nessa hora voltava da rua após procurar ajuda policial com o casal) e meu coração estremeceu diante da cena que vi. Em uma das mesas com forro rendado colocadas à disposição dos clientes, duas porções completas e caprichadas (e ainda nem tocadas) da deliciosa feijoada da Dona Maria. Aquele momento íntimo e sagrado da dupla havia sido interrompido pelo grito do alarme, e acredito que os dois, naquela mistura de emoções e sobressalto, haviam perdido o apetite.
Nessa hora, minha filha, sacudindo levemente o meu braço, pediu explicações:
– Mamãe, aquele era um ladrão?
– Sim, meu amor, era.
– Por que ele quebrou o vidro do carro do moço?
– Para pegar dinheiro, meu bem. Ele não tem trabalho e não tem dinheiro para comer. Por isso faz isso com as pessoas – Expliquei de um jeito que ela pudesse entender, sem entrar em detalhes sobre o que eu realmente pensava a respeito do destino do dinheiro (não) roubado. E ela continuou:
– Uai mãezinha, mas se ele estava com fome não era mais fácil ele pedir um prato de feijoada para Dona Maria? Ela é tão carinhosa e boazinha e faz um montão bem grande de comida…
Dizendo isso, ela pegou a sua bolsinha rosa e começou a retirar suas moedas:
– Mamãe, essas moedas aqui pagam uma feijoada?
Sem entender, respondi:
– Não meu amor, não é suficiente. Mas para quê você quer comprar outra porção? Uma só dá pra gente, mamãe já pediu e pagou.
– Eu quero comprar comida para dar para aquele rapaz. Vamos encontrá-lo. Daí ninguém fica triste. A senhorinha do cabelo engraçado não precisa chorar por causa da bolsa dela, nem o moço careca precisa ficar triste com o carro quebrado. E o rapaz não precisará mais fazer coisas ruins com outras pessoas.
Ajoelhei, abracei a minha filhinha, beijei a testinha inocente dela e nada mais consegui dizer.
Peguei a embalagem térmica com uma porção da deliciosa iguaria, busquei para mim a mãozinha miúda e fomos caminhando devagar, atravessando a rua, em silêncio.
Antes de sair dali ainda pude observar novamente a mesa posta para o casal. Corações aflitos e comida fria.