Limpar a Casa

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Não precisamos que você nos salve. Não precisamos ser consertados. O que temos não é uma maldição. É um dom.

Sua fraqueza é a moralidade. Ele está sufocando você.

Salvamos meio universo juntos. Não me chame de senhor.

O multiverso é um conceito sobre o qual sabemos assustadoramente pouco.

Quando interferiu no feitiço para esquecerem que Peter Parker é o Homem-Aranha, começamos a receber visitas de todos os universos.

Às vezes eu não sou eu mesmo. Sou… outra pessoa. E sempre que essa pessoa está no controle, eu não consigo me lembrar das coisas.

Depois que você me mandou limpar os óculos.

A mesa rodava, as luzes insistiam, os barulhos iam cessando como um prêmio e as pessoas tentavam me aquecer. Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas só tinha olhos para os pêlos do seu braço. Eu olhava como quem não olha e me dizia baixinho: olha eles lá, olha lá os pêlos que eu tanto amo sem mais e sem fim.
Matei finalmente a saudade do seu dedão. Seu dedão meio largo, meio torto, com a unha que preenche todo o dedão. Eu amo o seu dedão, amo sua unha meio roxa, amo a semicircunferência branca que sai da sua cutícula e vai até o meio da sua unha, amo a sua mão delicada que sai de um braço firme. Amo que os pêlos da sua mão pareçam meio penteados de lado.
É isso, sei lá, mas acho que amo você. Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos.
E por fim te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano.
Ninguém acredita na gente: nenhum cartomante, nenhum pai-de-santo, nenhuma terapeuta, nenhum parente, nenhum amigo, nenhum e-mail, nenhuma mensagem de texto, nenhum rastro, nenhuma reza, nenhuma fofoca e, principalmente (ou infelizmente): nem você.
Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. Estúpida. Cega. E eu acredito na gente. Eu acredito que ainda vou voltar a pisar naqueles cocôs da sua rua, naquelas pocinhas da sua rua, naquelas florzinhas amarelas da sua rua, naquele cheiro de família bacana e limpinha da sua rua. Como eu queria dobrar aquela esquininha com você, de mãos dadas com os pêlos penteados de lado da sua mão.
Outro dia me peguei pensando que entre dobrar aquela esquininha da sua rua e ganhar na mega-sena acumulada, eu preferia a esquininha. A esquininha que você dobrou quando saiu da casa dos seus pais, a esquininha que você dobrou chorando, porque é mesmo o cúmulo alguém não te amar. A esquininha que você dobrou a vida inteira, indo para a faculdade, para a casa dos seus amigos, para a praia. Eu amo a sua esquininha, eu amo a sua vida e eu amo tudo o que é seu.
Amo você, mesmo sem você me amar. Amo seus rompantes em me devorar com os olhos e amo o nada que sempre vem depois disso. Amo seu nada, apenas porque o seu nada também é seu.
Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz. Deixo você se virando sozinho, se dobrando sozinho. Virando e dobrando a sua esquininha. Afinal, por ela você também passou quando não me quis mais, quando não quis mais a minha mão pequena querendo ser embalsamada eternamente ao seu lado.

Tati Bernardi
Crônica "Depois que você me mandou limpar os óculos" publicada em 16/12/2006 no site Blônicas
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A mulher, quanto mais olha a cara, tanto mais destrói a casa.

Uma mulher que se casa com uma jovem por dinheiro rebaixa a si mesma a categoria de concubina.

Uma acumulação de fatos não faz uma ciência, tal como um conjunto de pedras não faz uma casa.

Outono -
uma folha úmida
cobriu o número da casa.

Tão pequena
E desbotada de chuva
A casa da infância!

Na minha casa um nabo é mais saboroso... do que o tordo, o faisão ou o porco da mesa alheia.

não tenho país
nem casa nem riqueza
e como me sinto bem!

Quando estamos decididos a ver as nações como queremos, não precisamos de sair de casa.

Entre pernas guardas:
casa de água
e uma rajada de pássaros.

Para os que não conseguem governar a própria casa nem os povos, uma boa desculpa é dizer que estes são ingovernáveis.

um gato perdido
olha pela janela
da casa vazia

Susto na colheita:
em vez do cupuaçu
cai a casa de vespas.

A imaginação é a louca da casa.