Limpar a Casa
Infância roubada
Nasceu em silêncio, a menina esquecida,
no canto da casa, uma vida sofrida.
Entre gritos e sombras, crescia sozinha,
aprendendo do mundo a parte sombria.
Era o lar um campo de dor e tormento,
onde brigas e mentiras voavam ao vento.
Os sorrisos escassos, a ternura faltava,
e em cada olhar duro, seu mundo murchava.
Um dia sombrio, aos oito, perdeu
a inocência que em sonho, talvez, floresceu.
Um ato brutal que apagou-lhe o brilho,
e fez da menina um doloroso estribilho.
Alvo de aliciamento, de olhares sujos,
eram seus dias cheios de fardos injustos.
Tios e primos, num círculo doente,
roubavam seu riso, seu ser inocente.
E ali, tão pequena, sem voz, sem escudo,
perdeu-se na dor, num silêncio mudo.
Seu mundo ferido, marcado de espinhos,
tornou-se um deserto de poucos caminhos.
Mas ainda que a vida lhe impusesse açoite,
e a infância sumisse em noites sem noite,
carrega no peito uma chama que arde,
de quem sobrevive, ainda que tarde.
Fracassamos quando a xícara bonita é para os visitantes, mas para quem está em casa, a xícara quebrada.
Fracassamos quando tentamos agradar aos outros, mas fazer um favor a mãe é um fardo.
Fracassamos quando nas rodas de amigos ou nas redes sociais, demonstramos amor incondicional por nossa família, mas em casa nos recusamos a trazer um copo d'água para eles. A família é o maior bem do ser humano.
A casa parecia em ordem, mas decidi organizar, comecei desapegando de muito do que estava lá! Percebi nesse desapego o quanto estava apegada, mas consegui me libertar.
Foi difícil, dói na alma.
Deu vontade de guardar, mas necessário foi deixar ir para o novo poder entrar.
Uma faxina bem feita, deixa o perfume no ar
Leveza ao respirar
Não adianta querer se enganar
Solta o que precisa soltar
Respire bem devagar
Agora está tudo em ordem
Está tudo em seu lugar
O coração está leve
Então consigo pensar
Reflito com clareza
Como faz bem relaxar
Após um dia difícil
Sinto a brisa me tocar
Pensamento de mulher
Que sabe se amar
Maturidade alcançada
Laços fortes construídos
Com base no familiar
Gente que é gente
Que faz e acontece,
Mas que jamais deixou de amar
Como faz bem ao coração
A reflexão do verbo
O sentido da ação
O viver a emoção
O conseguir recomeçar
Poesia de Islene Souza
Devoto um segredo (somente)
Aos que conhecem o degredo
Distante de casa, e do seu mundo:
A Via Láctea é a casa dos poetas,
Dos mambembes e dos vagabundos.
Envolvo com fitas de cetim,
Faço uma rosa, um enfeite,
Para colocar no cabelo,
E lado a lado do seu cetro,
Sigo em frente...
Perpetuo um sonho (persistente)
Aos que desconhecem o inexorável
Distante dos olhos, e não do íntimo:
A poesia é capaz de aquecer a frieza
De qualquer coração autoritário...
Executo o conserto derradeiro
Do destino fora do trilho,
Caminho sobre cascas de ovos,
Levanto voo, e aterrisso eternamente.
Porque eu sou dona da minha loucura,
Se a minha poesia no firmamento fulgura,
Significa que de ti jamais sairá o anseio
De voltar para acariciar-me com ternura.
Imagine alguém entrar dentro da sua casa, se apossar de tudo o quê você tem e depois declarar a sua incapacidade civil durante séculos, foi o quê aconteceu com a população indígena. Preciso desenhar?!
Nos encontraremos
festeiros saindo
da casa de festas
na noite dos nossos
destinos porque
o amor está escrito
nos nossos caminhos.
Quando os homens
do arco acenderem
as luminárias você
me reconhecerá fácil
e feliz entre as damas.
Não tenho dúvidas
que te reconhecerei
ainda muito melhor
no meio dos nossos
amigos e galãs eleitos.
Na Entrada ou Cavalinho
o teu olhar de carinho
me segue sem desviar
sem titubear do caminho.
Na Primeira e Segunda,
o teu olhar me revista
inteira mesmo como
de fantasia ali na rua
frente não estivesse;
Para nos seguir nesta
Dança dos Mascarados,
Três homens formam
a baliza e assim se espalha.
A Trança Fitas nas nossas
mãos se desenrola,
por um momento sinto
a quentura da sua
mão roçando na minha,
o desejo e toda a poesia.
Entres as passagens
da Joaquina para a Arpejada,
É na Caradura que
aumenta a insinuação.
No Maxixe de Humberto,
flutuando de Carango
e juntinhos no Lundu,
Sentimos o perfume
do amor nos inundando.
Na Dança do Vilão
percebi o seu cuidado
comigo na medida
da potência do seu coração;
Vamos de Retirada
se despedindo da festa,
porque daqui para frente
só o amor é o quê interessa.
"Santo de casa faz milagres; o maior deles é a paciência com quem, estando por perto, se recusa a vê-los".
Uma libelulazinha entrou na sala da minha casa.
Mal aprendeu a voar, ainda treinando o movimento de suas asas.
Fica sobrevoando, cuidadosamente, próximo à janela e portas de entrada.
Pousando no alto das paredes, quase no teto.
Libelulazinha esperta! Nem parece que há pouco ainda era um feto.
Um pouco inquieta voa, mas tranquila pousa.
Confiante de que em breve irá encontrar a saída.
Ou talvez nem queira ir embora e esteja apenas se familiarizando.
E aqui continua ela, de um lado a outro, ziguezagueando.
Dizem que simboliza mudança, prosperidade, amor e felicidade.
Que insensibilidade a minha, querer que ela vá zanzar em outro canto.
Pode ficar quanto quiser e enquanto isso vou te admirando.
Como é bela essa pequena libélula!
Trazendo elegância e esperança para esta Primavera.
Levar um girassol para casa, plantar e depois ver o florescer de vários girassóis é uma emoção inimaginável.
Sempre o mesmo
Quem disse que me mudei?
Continuo o mesmo,
Na mesma casa,
Na mesma rua.
Às vezes até vou na casa ao lado,
É melhor para ver a lua,
Continua pura...
E eu o mesmo.
Vou alinhavando meus defeitos
Nos retalhos da vida!
Às vezes ferida outras solução.
Esse meu jeito me agonia,
Sempre o mesmo
Mas nunca em vão...
Aquele era um mundo em que uma garotinha podia voltar andando para casa sozinha, mesmo depois de escurecer, e se sentir segura.
Não existe uma igreja forte, sem um lar forte.
Cada Cristão precisa arrumar a sua casa. Todos temos este compromisso.
A igreja Evangélica é fraca em muitos aspectos, mas vejo um povo sem intimidade com Deus em sua casa.
O Culto começa na sua casa.
A mensagem pregada deve ser pregada para sua família primeiro.
meu peito se fez casa para a sua chegada. se fez a moradia mais tranquila e confortável para te abrigar.
espero que você goste da hospedagem e decida permanecer.
“A beleza á passageira, por isso que o casamento é temporário, mas quem se casa pela janela da alma sabe o que é a eternidade”.
ESPELHO DA LUA
Cabelos soltos, casa esquecida, perdida do monte
Árvore de folhas mortas em pés descalços
Corações partidos no espelho da lua
Nevoeiro esquecido na mente estragada
Rasteja nos corredores, nas escadas de ferro
Casa escura húmida desabitada ou talvez habitada
Medo do fumo das chaminés da nossa alma
Tempestades de um velho conhecido em cinzas
Casa vazia de sonhos, de pessoas, de palavras
Vento do leste, camas solitárias de ferro vazias
Ruminar no interior ou ainda a contar as sílabas
Sobreviver onde morre a carne, amolece o coração
Alimentam as sombras, sombras coalhadas
Que ferem e machucam o corpo tantas e tantas vezes
De joelhos em repouso reza o terço, num rosário velho
Objeto da sua alma confidente de cada dia, de cada noite.
Acho que vc começa a entender o verdadeiro sentido da liberdade quando chega em casa e se sente a pessoa mais livre do mundo. Desconfio que liberdade tem alguma coisa haver com tranquilidade.
Estou saindo de casa.
Vou trafegar no ror sonoro
dos bares habituais.
Encontrarei ainda uma vez
alguma alma perdida que me falta.
E te digo com a sensatez
daquele que acordou:
a vida é feita disso.
De olhares,
remorsos,
mágoas.
De sorrisos engarrafados,
de alegrias gozosas..
E, num átimo,
voltamos à torpeza do adormecer
quando abrimos os olhos.