Limpar a Casa
O escritor é dono do seu próprio mundo e, como tal, vive num mundo à parte, diferente e bem distante do mundo de todo mundo.
A mulher é para ser por todos nós respeitada, idolatrada, admirada, cortejada e endeusada. E não por todos os homens criticada, menosprezada, ridicularizada e rebaixada.
A voz de um escritor nunca vão calar, por que, mesmo se o matar, as palavras dele para sempre vão ficar.
Ignorar qualquer tipo de preconceito é ser livre para viver em qualquer lugar como se fosse a sua casa.
A casa da esquina
A casa ficava logo na esquina. Não era uma das melhores, ficava em terceiro lugar no quesito pior decoração. As folhas do jardim estavam completamente queimadas do Sol, as flores e plantas mortas. O telhado estava meio quebrado, algumas janelas sem vidro, uma parte do muro caída... O criador da casa resolveu que deveria aluga-la, pois ele não poderia e nem teria condições de mantê-la. Mudou completamente a decoração da casa, cuidou do jardim, deixou em perfeito estado e logo tratou de colocar a placa de “Aluga-se”.
A casa se tornou a mais bela de todo o quarteirão. Impossível passar sem nota-la! Muitos até tinham medo de perguntar o preço por medo de ser muito caro e assim como o criador, não conseguir mantê-la. Até que apareceu o primeiro interessado. Conversou com o criador. Prometeu manter a casa em perfeito estado, cuidar como se fosse única, como se não existisse casas melhores que ela. O criador resolveu mostrar o lado de dentro da casa. Mas que bagunça! Paredes arranhadas, escada quebrada, lâmpadas quebradas... Um caos. Logo o interessado tratou de desistir. Mas e as promessas? Que promessas? Adeus.
O criador ficou bastante chateado, achou até que não deveria mais mostrar o lado de dentro da casa antes de receber a primeira parte do aluguel. Nada feito... Segundo interessado. Não prometeu nada, apenas disse que queria passar uns dias. O criador bem que tentou fazer com que ele ficasse por bastante tempo, mostrando somente o lado de fora da casa e contando vantagens sobre a mesma. Mas o interessado não mostrou nenhum interesse. Antes mesmo de entrar, já tinha desistido, pois havia encontrado uma casa melhor.
Cansado de receber pessoas sem interesses verdadeiros, o criador resolveu demolir a casa. Muito emocionado, enquanto preparava os explosivos, o criador pensou que sua escolha em alugar a casa era a pior que já teve. Quem iria se interessar por uma casa que só era perfeita por fora, que por dentro era um verdadeiro caos?
- Por que chora? –Perguntou um desconhecido.
- Não consigo alugar minha casa... Não consigo melhora-la. –Respondeu o criador.
- Mas ela é tão perfeita! Olha como ela é linda, olha o jardim com as mais belas flores! Que varanda aconchegante!
- Não, meu caro amigo... A beleza de minha casa só se encontra por fora.
- Posso dar uma olhada por dentro?
- Sim pode. Mas vou logo avisando: Lá dentro é um verdadeiro caos, você não irá gostar. Os pisos estão quebrados, paredes arranhadas, vidros espalhados por todo o lado... –Disse o criador enquanto soluçava em prantos.
- Bom... Não posso concordar porque ainda não sei como é lá dentro.
O criador com muita vergonha abriu a porta principal. E assim como havia dito, a casa estava um caos.
- Hummm. Como você é dramático. Sua casa continua sendo perfeita para mim. Nada que uma varridinha e alguns acabamentos não resolva. Quer saber? Eu quero sua casa. –Concluiu o desconhecido.
- Mas ninguém se interessa por essa casa quando a vê por dentro! –Disse o criador inconformado.
- Eles não ficaram com a casa porque não a virão com o mesmo olhar que eu. Essa casa era pra ser minha há muito tempo...
Eu não preciso de grandes espaços.
Um pouquinho de conforto já basta,
afinal, eu não moro em nenhum lugar.
Eu moro em mim.
E isso já está de bom tamanho.
As curvas de uma casa são como a poesia dos movimentos de uma dança, suas inúmeras composições criam sensações únicas capazes de aflorar os sentimentos mais profundos, são como os livros mágicos onde nós fazemos parte do enredo.
Cada um ganhou o direito de se experênciar aqui na terra como "O melhor que pode ser", porém, a escolha é de cada um querer ser melhor aqui ou não, pra sua própria realização, querendo ou não, depois retornamos todos para a casa.
Ah,Meu Amor,
Você Sabe Que Desde Sempre Optei Pelo Bem
E Que Me Recuso A Andar Por Caminhos Que Não Da Sinceridade E Do Amor.
É Neles Que Me Sinto Confortável,
Como Se Todo Mundo Fosse A Minha Casa...
... Tal Como Fazia Da Sua, Minha Também.
Então...
... Não Esqueça...
Que O Meu Abraço É Quente E Apertado,
Que O Meu Sorriso É Também De Olhar,
Que O Meu Melhor Lugar Do Mundo É Em Você
E Que O Meu Beijo...
... Ah, Você Sabe, É De Olhos Fechados...
Que É Pra Eu Sempre Poder Sonhar Mais Um Tantinho...
... Depois.
E Aí, Se Possível,
... Sorria, De Cantinho...
E, Se Der, Senta Aqui Do Meu Ladinho,
Senta...
Que É Pro Meu Olhar Tornar A Conversar Com O Seu...
E, No Silêncio Das Nossas Palavras,
Faz Meu Coração Perdoar A Sua Boca...
... Faz...
Porque Embora Ainda Ouça O Que Você Me Disse...
E Esteja Doendo, Muito...
Tudo Que Eu Ainda Mais Quero
É Repousar A Minha Mão Na Sua
É Ouvir A Gente Se Dizer...
...Mais Uma Vez...
...Simplesmente...
Denunciar pecados ou erros é uma ordem divina, senão o mundo cercará a casa daqueles que os praticam.
Casa de madeira
No alto dos Montes de Minas
Nas terras de Joaquim Dalélio
Uma velha casinha de madeira:
- Cruzada nas árvores
- Telhado amarelo
- Vistas para cachoeira d’alça d’água.
Ao redor da casa - mata virgem-
E uns pés de goiaba de morcego
Cerca feita de mourões e arame farpado
Com dentes grandes e ferrugem dourada.
Por Todo lado
Mourões de cerca dormente
- (daqueles de “trem”) -
Protegendo a casa dos sonhos de muita gente.
Mas, não protegendo de gente!
Protegendo de bicho:
- Onça do tipo Pintada.
Uns pés de fruta
Na porta da cozinha,
Um pé de rosa cor de rosa
Na porta da sala e
Outro de “Ora-pro-nóbis”
A dar de esmola na cerca dourada.
Vida tranquila
Vivida devagarzinho no
Sossego da serra de Minas!
Um pito de fumo de rolo
No papel de milho e
Um trago de cachaça
Feita no alambique daqui
Com cana cavalo colhida no quintal,
Doce igual mel!
.
Um pedaço de queijo branco
Com cafezinho (novo):
-Adoçado com garapa!
Humm...
Vida sossegada
Do tipo dessas que se vive
- (enquanto se sonha) -
Nas terras de Minas.
Nem folia nem retiro. No Carnaval vou ficar mesmo é em casa, coçando uns sacos e costurando outros!
00677 | 31/10/2013