Lembranças
Cicatriz
Às vezes marcas deixadas por pessoas que passaram em nossas vidas podem durar eternamente ou desaparecer com o tempo.
Que a minha cicatriz em sua vida seja eterna como o amanhecer e rara como o eclipse.
O Primeiro Encontro
Era tarde
Pôr-do-sol
Quando ele chegou
Foi ela quem o encontrou
E do lado ficou
Ele virou, e não acreditou
As pernas sambou
O coração parou
E com um abraço apertado
Assim chegou
O dia tão esperado
Segurou forte as mãos
Até o último segundo
Pois ninguém sabe ..
Pode ser o primeiro
E também o último.
É assim foi
O primeiro encontro
Nós dois no Porto
Segunda-feira
Primeiro de Dezembro.
Ose rêver
Ouvir sua voz seria sublime. Ver como o
entrelaçar de suas palavras as aglutina.
Ver como você exprime seus sentimentos, seus
pensamentos com palavras singelas e uma fala
roufenha.
Uma imperfeição. Sua perfeição!
Nos seus sorrisos, lábios entreabertos.
Sua vontade de ganhar o mundo. Minha
vontade de fazer parte do seu mundo.
Tentei chamar sua atenção, tentei trazer você
para mim.
Não pude fazer muito.
Hoje sonhei com você. Estava lindo como
sempre.
Era a beleza de um sonho. Uma realidade que
eu inventei.
Acordei. Você não se foi. Você está aqui como
sempre esteve.
Não vou deixar que se vá.
Hoje você está mais vivo.
Amanhã será verdade.
Certas coisas a gente até perdoa, mas é impossível esquecer, deixam marcas eternas em nossos corações, e no fundo todos somos feitos disso: marcas. Marcas de bons momentos que passaram e não voltam mais, marcas de pessoas que nos magoaram, marcas de pessoas que entraram e saíram da nossa vida. Marcas de sonhos que não se realizaram, de objetivo que não se alcançaram e de promessas que não foram cumpridas. E são essas marcas que definem quem fomos, o que fizemos e deixamos de fazer e elas que definem se o que passou valeu a pena ou não. E são essas marcas que nos impedem de cometer erros passados ou que nos incentivam a cometê-los. A vida é feita de marcas, de momentos, de decisões. Então procure fazer suas decisões com o coração, porque tudo que é de coração vale a pena, e tudo que vale a pena faz bons momentos, deixa boas marcas e as melhores lembranças.
O Passado
Bebe da sua própria vida...
Afogue-se em mágoas suas do passado,
revive dores antigas.
Dores que emergem das noites vividas
ou que pulsam latente
em plena a luz do dia.
Sabe as velhas feridas que tu tens medo de tocar?
Toca-as, com teu próprio dedo,
faze-as sangrar.
Transforma o teu escárnio em afeição
e deixa percorrer nas tuas veias cheias de nicotina,
o sangue encarnado que turva o teu coração.
Morrer já não basta para si,
viver assim já não é mais opção,
faze tu também o teu caminho:
- Resgata de dentro do peito tudo que há por lá,
mesmo que não possa ver agora,
tira o que puderes tirar.
Resgate a si mesmo de dentro do próprio peito
ou, enterre-se de uma vez por todas lá.
Faz o que tem de ser feito, não cabe mais reclamar.
Mate-se o dia inteiro, viva-se pleno, até o sol raiar.
Descubra como é importante enterrar-se no peito,
e depois desenterrar-se no dia em que bem desejar.
TUA LEMBRANÇA... MEU CANTINHO SECRETO
Tua lembrança... Meu cantinho secreto
Uma mistura de ausência e melancolia
A falta avassaladora do acalento
Que minha alma de ti extraía,
Sonhando acordada em teu silêncio...
Escondo-me nos pensamentos...
Onde nasce um sentimento bom
De tempos inocentes...
Nas mais simples lembranças
Moram doces risos
E como mágica você aparece...
Em tempos e tempos,
passeando pelos meus momentos...
Surges em meus silêncios,
Feito luz resplandeces vorazmente!!!
Arrancando de mim um sorriso
E o mais doce olhar
Como se estivesse a sonhar.
Ah! Esse tempo!
Que copiosamente se diz sem retorno
Desejo explode de falácias arrogantes.
Não chega a ser triste...
Porque em momentos mais atroz,
É a memória das suas saudades
Que acariciam a tua ausência.
Enquanto minha alma desfalece em soluços
A tua Lembrança chega me abraça.
By Joelma Antunes
Quando o aquário - construído por nós mesmos com ajuda de outros - se quebra, não há outro caminho, senão nadar em direção ao mar aberto, ainda que as nadadeiras pesem pelo martírio das lembranças.
Nademos sem medo! Bem sei que o mar é perigoso, mas o aquário, de tudo, nos limitava.
Dia 02 de novembro, dia de finados, uma data para rememorar pessoas que passaram pela nossa vida e partiram como é da natureza, ela dá e ela tira.
Mas eu como romântica incurável, que sente com a pele antes do coração mandar, não consigo me conformar com esta data, pois o choro de saudade, a lembrança rememorada, e os sonhos sem fim de momentos não vividos, não se reduzem a uma data, é infinito.
Ao som da chuva e balançar das árvores, me pego pensando em todos os nossos momentos juntos...
... Aqueles sorrisos inocentes que ninguém jamais imaginaria onde acabaria.
Tudo isso por que fui um garoto bobo
Bobo pelo seu sorriso,
Bobo pela sua personalidade,
Bobo pelo seu jeito de me persuadir,
Bobo por pensar que um dia isso daria certo.
Bobo por imaginar um futuro;
Entendo que tenho uma boa parte em não conseguir fazer isso acontecer,
Por não te escutar,
Por não aceitar a sua ajuda,
Por ser esse, cara orgulhoso e teimoso,
Por não ser o suficiente para você.
E eu sinto muito por isso...
Mas eu não me arrependo de nada, e se tivesse oportunidade voltaria desde o início e aproveitaria cada segundo perdido.
Porque a verdade é nunca me senti tão bem em minha vida.
Mas aqui estou eu nesta madrugada chuvosa, lembrando daquele seu belo sorriso, aqueles seus curtos, porém cheios cabelos cacheados, aquela pele morena e macia.
Pensamentos que me atingem de uma maneira agressiva e o máximo que posso fazer é aprender conviver com eles.
Amizade
Pela manhã o sol brilha no oriente
O dia promete ser quente.
Toda vez que saio pela cidade
Eu planejo muita atividade.
Minha alma busca um preenchimento
Não consigo este sentimento.
Sinto que estou perdido
Meu coração está partido.
As lembranças da minha infância
Me trous-se mais arrogância.
As pessoas que buscam me entender
Não consigo corresponder.
O tempo passou sem eu notar
Os anjos apareceram para me acalmar.
Agora entendo o que faltava
Ser sozinho não bastava.
Tinha muita dificuldade
Precisava de uma oportunidade
Para poder fazer amizade.
Ela corria por instinto. Um alerta inconsciente de que precisava continuar, independente do que acontecesse. Até já tinha esquecido o porquê. As memórias de cinco, dez, quinze minutos atrás tinham desaparecido. Se sua vida dependesse de lembranças daquilo que motivou sua fuga pela mata, ela tinha certeza de que morreria bem ali no solo da floresta.
No fim da vida você estará em alguma cama velhinho - se assim Deus quiser - esperando a hora chegar; seja numa mansão ou num casebre, a diferença não será o que juntou mas sim o que viveu!
E talvez o da mansão não tenha tantas boas histórias para recordar como o do casebre.
Sua lembrança da vida que viveu será sua única e última companhia!
ENTÃO, QUE SEJA BOA!
Para Jane...
“Dentre muitas coisas que não fiz, algumas delas me entristecem,
a jura secreta que não fiz, o beijo de amor que não roubei...”
Adaptado do poema “Jura Secreta”, de Sueli Costa e Abel Silva.
Era um dia qualquer de Agosto de 1965, no intervalo de aulas da classe do terceiro ano primário. Aguardando a Prof.ª Terezinha a qualquer momento, um grupo de alunos entra e sai da classe aproveitando o momento.
Sentado na segunda carteira da fila do meio, copiava atrasado, a tarefa da lousa, com um olho no peixe outro no gato. É que pelo canto dos olhos observava o movimento na porta. Era você indo e vindo, com aquele seu sorriso lindo, emoldurado por tranças Maria Chiquinha, Blusas brancas, saia plissadas e meias ¾..., brancas. Dali poucos anos, saberia o porquê do atraso em copiar o texto da lousa... e também o de uns pensamentos marotos sempre que espreitava um desvão por entre os botões das blusas.
Me lembro do calor que subiu, quando me levantei e fui até você decidido, e lhe entreguei aquela cartinha com uma letra de música modificada, inspirado por você. Vou levar comigo para sempre a imagem de seu rosto, seu cheiro, o calor de seu corpo, de tão perto que estava. Me lembro ainda, pouco antes de virar estátua, de sua espontaneidade, dos seus olhos buscando os meus, questionando-me ali.. No breu...cara a cara.
“Você fez prá mim, fez?”. (Com o olhar de cima, como a induzir a resposta), Hoje compreendo o que foi aquele “turu, turu” no meu peito. Era seu coração cutucando o meu, prá dizer...- “Diz que sim, vai...”
Ah Jane! Vocês meninas, sempre a frente dos meninos! Enquanto brigávamos por bolinhas de gude, vocês já estavam fazendo casinhas, conversando com “kens” imaginários e vestindo roupinhas nas bonecas... Perdoe-me por amarelar e fugir daquele olhar... Sei que esperavas um “sim”... Eu também...
Em minha alma de menino, do alto dos meus dez anos de então..., me senti nu, como que lido por dentro. Não atinei para o que hoje lembro com clareza ter sido você a primeira a me provocar o olhar prá enxerga-la de um jeito diferente. Você despertou instintos adormecidos. Fez-me imaginar coisas do não sei o que, vindas não sei bem de onde e despertaram sentimentos desconhecidos até então.
Junto com sua doce lembrança, um temor, um lamento. O de ter estragado seu momento também. De que você, assim como eu, por um capricho do destino também estivesse despertando. E esse momento estivesse marcado num despertador, ajustado lá atrás, num tempo em que ainda éramos genes se organizando para nos tornar o que viríamos ser. E assim tivesse sido eu, causa de frustração prá você!
Um dia antes daquele apagão fatídico, fazendo as tarefas ao pé do rádio, ouvi aquela música do Roberto, Sei lá, de repente procurando entender a letra, pensei em você. E rolaram imagens suas junto com ideias ainda por amadurecerem. Não pensei duas vezes, passei a tarde buscando em outras rádios, anotei a letra e a modifiquei, como a conversar com você.
Naquela noite não dormi! Pensando no momento de entregar e ter um pretexto para ficar ali pertinho de você, ver sua reação enquanto lesse... O que diria... E o que viesse depois seria como atender um chamado, mesmo não tendo a menor noção de prá que seria...Só sei que queria. E fiquei ali olhando prá você... E agora? E quando perguntou, deu tilt, não reagi, fiquei ali, “de dois de paus”. E diante do seu olhar perscrutador, eu tremi...! E nada disse. Hoje, cá com meus botões, penso naquele tempo e digo prá mim mesmo como se estivesse lá...
Sim, Jane, foi prá você que fiz! Foi pensando em você e eu...
(E num relance, aproveitando o vacilo, lhe roubaria um beijo)
Hoje, sei que nenhuma força nesse universo pode trazer de volta aqueles momentos de pura magia, do despertar... do descobrir, o que algum tempo depois compreenderíamos o quê. As emoções que não conhecemos naquele dia, embora lamentadas na lembrança, com certeza nos prepararam para muitas outras tantas que viríamos conhecer depois...
“Às vezes a melhor coisa é estar sozinho na praia, e ter por companhia apenas as gaivotas, a toada do mar e a solitude, e deixar sair aos poucos do pensamento tudo o que faz doer a alma...”
-Michael Hayssus, “A Morte Das Borboletas.”