Lareira
Em meio a turbulência, fecho os olhos, vejo um bom livro, uma taça de vinho, uma lareira e neve lá fora.
Você se foi; despediu-se rápido, fora do tempo. Guardei lenhas, fiz o fogo, mantive a lareira aquecida para te deixar lá fora e fazer da minha morada interna um lugar mais aconchegante. Que venha a primavera, o recomeço. Mas fique tranquilo; guardei combustível, lembranças e livros suficientes para sua próxima visita.
(Victor Bhering Drummond, para o senhor Inverno).
Ainda vai me lembrar, de tudo que aqui esta
da poeira, do vento e da lareira
ainda um dia será lembrança
do que ignoro a viver
você dirá que eu estava
e eu direi que era mentira
lá talvez estava eu, não sentindo e nem vivendo
apenas isto meu amor, apenas viva isto
esqueça do amanhã, esqueça dos outros dias
acorde do que lhe faça mal, viva aqui comigo
depois parecerá um sonho, acorde de tudo
acorde e veja o mar, não vá embora sem isto
Acorde e veja o quanto é bonito meus olhos
acorde neste azul-mar, neste imenso sonho
acorde agora e viva comigo, viva comigo este sonho
vamos viver enquanto sonhamos, pois amanha talvez estejamos
em outras e outras lembranças, e quero me lembrar apenas disto
quero me lembrar das espumas e das pedras
das águas e da chamas arderem na pele
Vamos viver o que parece não ter fim
e o fim é apenas quando abrimos os olhos
então não abra, então veja, mas veja de olhos fechados
veja que estamos perto, que estamos perto de cada final
não acorde antes de sentir, acorde sentindo...
acorde após pensar em tudo, pensar em tudo que vai lembrar
agora meu amor, esqueça tudo que lhe fiz lembrar
e leve a lembrança para o fim, leve tudo que te fez de mim um dia
esqueça os dias que fomos felizes, lembre de cada dor
lembre de cada vez que te fiz esquecer
lembre de tudo que te faz esquecer
esqueça de tudo que me faz lembrar.
Aquela horinha que a lareira
do insano acende
a boca tem sede
o corpo pede
os olhinhos sentem desejo
e eu
preciso embriagar-me
de novos ventos .
Senão morro ! rsrs...
Agora que minh'alma alvorece.
É quando a lareira da lua
me doma
me beija
me banha e
de poesia me aquece.
Este inferno que amordaça-nos
Do silêncio da lareira.
Onde arde o carvão que grita o infinito
Cego de dor
De angústia
Vicio feito em egoísmo.
Ironia sem fumo.
Sem raízes
Vedado
Condenado
Enganado
Em gestos de palavras
Da própria dor, onde rasgam os lábios
Pedra sôfrega sem nome.
Terra impura sem flor.
Sacia a fome entre os muros.
Do sofrimento e felicidade!
Era noite naquela sala e isso era certo, não pela varando olhando o céu, mas pela lareira acesa e os pés juntinhos.
Cobertos com o mesmo lençol dos primeiros dias relembravam naquele instante os primeiros beijos, as primeiras risadas juntos.
Os dentes ficaram pra trás, assim como o tempo ruim. Agora era festa, pois as bodas de vidro era comemorada com profundidade e amizade.
A cor do cabelo combinava com a pele dela e ele achava isso lindo.
O fogo era o clarão dos seus olhos ao encontrar por mais uma noite o dele. Não precisava da lareira. O vinho sobre a mesa e as taças nas suas mãos. Esperando o momento pra dizer adeus, mereciam por seu bonito amor mais tempo na vida. Por ser sua ele a tinha como um vidro verdadeiramente. Cuidava e quando cortava-se em seus pedaços de orgulho restaurava a pele do corte e o coração dela do ego indecente.
A cada toque, lento, e repleto de imensidão amorosa, ela acreditava que amanhã não estivesse mais perto do fim. A história dos dois não merecia o castigo do tempo. Superaram tantos bocados e tantos males de outrora que a pena existia nos seus olhares sábios.
Então deixou a sua senhora no sofá e caminhou ao quarto. Apoiado em sua bengala retornou e trouxe consigo um laço.
Era 30 de janeiro de anos atrás...
Ela enquanto o amava e se entregava em seu aniversário deixou cair do cabelo aquele laço vermelho.
Sorrindo e cansada no momento não se levantou, mas abriu os braços e aquilo já era perfeito pra ele.
Voltou ao sofá.
Juntou os pés.
Bebeu o vinho.
Abraçou seu maior amor.
Pra sempre no último instante.
Depois de certo tempo não se ouvirá falar dos dois.
Agora falam do amor que eles deixaram.
Uma noite hilariante
A lareira está acesa, o vinho tá na mesa,
a chuva cai lá fora, na música sinto leveza,
as lembranças são uma doce companhia, as imagens repentinas são proteínas para a minha empolgação,
mais uma garrafa de vinho é aberta, alguns suspiros de alegria prestam reverência ao amor vivido a tempos, depois de minutos a saudade transforma as lembranças em um convite enviado por mensagens via celular...
Num dia frio, gostaria de estar contigo na frente de uma Lareira num momento aconchegante com chocolate quente, uma boa conversa, troca de olhares, nossas mentes distantes dos problemas por alguns instantes, por estarmos focados numa demonstração recíproca e sincera de afetos. Certamente, por tua causa, seria inesquecível, pois és uma mulher cativante de um lindo sorriso.
GELO
Quando te encontrei
Acendi toda a lareira carmim
do meu peito.
Vieste
Vieste assim...
Feito ventania e
mundo louco
Vieste
vestindo minh'alma de azul
e de fogo
Viste
coberto de encanto
de desejo e de alento.
Mas o tal do chamado tempo
fez um movimento
muito afoito
E fomos poeira
fomos rastro
fomos barreira
fomos silêncio
fomos vento fosco .
Hoje...
Nada mais resta
além de lamber
todo o líquido
amargo do avesso
in meus olhos.
E carregar dentro
peito o gosto insano
deste triste
poema com raiz de gelo.
Dentro de todo Poeta
Tem uma chama de sentimentos
A lareira da inspiração
E de repente o calor aumenta
E os olhos suam
Ao mesmo tempo que a mão escreve versos
Quase psicografados usando apenas o que vem de dentro
De olhos fechados as palavras vão surgindo
De coração aberto com alguém só alimentando
O fogo que arde por dentro
Fogo de sentimento
Nunca bons
Os grandes poetas escrevem felizes
Mas os maiores são os que molham o papel sem querer
Os que precisam das palavras
Precisam colocar pra fora
Na tentativa de se livrar desse sentimento
Com certeza esforço em vão
Inda bem
que a lareira da lua
me conforta
Uma hora o vento há de bater
de vez essa porta
Uma hora qualquer
hei de salivar com gosto inteiro
o meu sumo in sossego.
- Trecho do meu Poema TURVO !
Benfica
Na casa do meu avô estávamos à lareira,
Meus irmãos e eu, e um cão também,
O cão ao lume fazia asneira.
Mexendo no que o lume contém.
Meu avô era surdo, da muita idade.
Meu irmão, muito irado...
Ao cão repreendeu, com autoridade,
Pois já estava muito danado.
Põe - te quieto Benfica...
Sossegado, já fica!
O cão parou de inquietar,
e do lume estragar...
Mas meu avô perguntou:
O quê ? É uma cadeia Jacinta?
Porque o ouvido não escutou.
Que era o cão nome Benfica.
E nós rimos bastante,
Deste episódio emocionante.
Da cadela Jacinta...
Que era o cão Benfica.
Correndo atrás...
Em cada verso meu, um pedaço de você,
A lareira está acesa, o teu canto do sofá ainda parece aquecido,
Uma banalidade mal resolvida não pode ser o motivo para estragar o que já construímos,
Chove lá fora, aonde esta o meu guarda chuva?
Não a tempo a perder!
Taxi! Taxi! Taxi!
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