Lâmpada
Quando Deus foi me buscar eu era como uma velha lâmpada a óleo... os meus vidros estavam tão pretos pela fuligem do pecado que toda a minha luz eram trevas. Eu não iluminava nem para dentro, nem para fora... era uma lâmpada inútil, sem luz e sem óleo.
A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! (Mateus 6.22-23)
Quando o Espírito começou me limpar eu reclamei e protestei. A luz que aos poucos começou entrar feria meus olhos cegos, e o esfregar para tirar a sujeira grudada foi um processo lento e doloroso. Até que a luz começou a brilhar através dos vidros...
Sejamos todos nós cada vez mais transparentes, cada vez menos nós, cada vez mais vasos de luz, lâmpada para o caminho dos outros, onde brilha a única Luz verdadeira...
Vós sois a luz do mundo...(Mateus 5.14)
“ Graças a Deus eu não vim a terra como um Gênio, pois se não estaria preso a uma lâmpada atendendo os desejos de Cético, Ignorantes e Preguiçosos. Isentando assim eles do trabalho de conseguir o que desejam através dos seus próprios esforços e méritos.”
A LÂMPADA MÁGICA
Para meu filho Arthur
Vives em mim e tenho mais que uma alma
Sinto que escrevo um novo movimento
Flor que invento estranha e pulsante
Semblante mágico e aceso
Tenho-te preso planeta por um fio
Sou teu céu e cio, tua luz marítima
Meu ventre escuro de pão e de argila
É tua breve casa numa clara ilha
Estás em mim e tenho mais que uma pátria
Chegam-me equinócios, outros cromossomos
Somos eu e tu o pacto e o sangue
Silêncio e salto de naves acopladas
Sonhas meu sonho e sobe uma estrada
Perfeita e líquida lenta modelagem
Enquanto te construo prossegues em viagem
Por minhas labaredas, sol dentro de águas
Abstrato ser feito de anjo e ritmo
Sinto teu galope através de minha noite
Sinto-me inflar e sinto que sou vento
Sinto sou a Lua em sua face inchada
Quando desprendo a nuvem de uma escada
A cada mês a cada madrugada
Sopram-me as luzes e os discos e as dunas
Sou quase um sono imenso de inverno
A identidade de um rio sabe-se pela flauta
O quanto ele gira o quanto ele sonha
Saberei de ti quando desaguares
Quando aterrissares pássaro e menino
Eras só palavra agora és acorde
Música no ventre que lateja
Mesmo que ainda não te vejas
Te imagino Sol se repartindo em raios
Estava consciente da distância
Nas leis de uma ciência tão estranha
O que é próximo também é o mais longínquo
Dentro de mim estás no infinito
Como se fabricasse uma cidade sobre um astro
Como se recriasse a pré-histórica estrela
Faço-te em mim no meu eu mais que profundo
Por mim verás o melhor do mundo
A não ser das atômicas manhãs tão pálidas
Dos mísseis que apontam para um cego
Das nuvens sem nexo radioativas
Das ocas laranjas cancerígenas
Perdoa-me se te chamo para o frio
Para o arrepio de mais um século
Para as praças desertas vagarosas
Para a solidão de enxofre das esquinas
Passamos para um outro calendário
Nosso diário atravessa o que é princípio
Sou teu aquário faço-me instrumento
Acho que formulo um novo testamento
Aprendo a linguagem dos relógios
A cada Lua conto seus dragões
Teço os longos panos de espera
Bordo extensas primaveras
Calculo teus quintais incalculáveis
E não te vejo mais do que um cinema
Melhor do que sonhar com teu instante
É aguardar-te então na hora plena
Sensações de Zênite e Olimpo
Paz e sonho eis o que sinto
Sou a árvore máxima primeira
Encosto em mágicas ladeiras
Esbarro em deuses afastados
Flutuo no cimo dos telhados
Mas tenho-te em águas submersas
Mergulhado em flores placentárias
Azul oval intacto mistério
Redonda fêmea lâmpada galática
Soprou-me o céu talvez o teu espírito
Como se um relâmpago no branco dicionário
Enigma dentro de enigma, é chegado o advento
Em que momento fizemos teus amores?
Em que horário atamos teu traçado
Enquanto na noite um louco relinchava?
E outro agonizava nos bairros de Beirute
Ou um menino buscava a mãe entre estilhaços?
Não fizemos teu mundo como poderíamos
Ainda que tão belo seja o teu planeta
Avistar o impossível mar do cosmos
É descobrir-te nu em meu oculto
Surpreender o susto e o perfeito
Deslocar das folhas de um alto
Afagar o próprio corpo de lanterna
Como se percorresse a mão sobre a América
Como se tocasse em todas as tristezas
Alisando o cão de um continente
Seria o colo bolsa transparente
E te veria de todas as vertentes
Alisar o ventre na expansão do acaso
Universo em crescimento e fruto
Que além de mim e do invisível escuto
Acomodar-se peixe entre colchões da noite
Não sei de mim e não respondo
Como posso conceber-te e como
Poderia dar-te a aparição do dia
A fantasia plena e calma dos felizes
O que me dizes é – recôndita magia
Baterás as asas como ventania.
Somos mariposas na lâmpada. Buscando a luz do sol, mas nos deparando com o artificial de uma iluminação banal.
Já que não consegue ser um farol a iluminar para muitos, seja uma lâmpada e ilumine a si mesmo. Isso é suficiente para iluminar a sociedade.
A lâmpada
Somos como uma lâmpada acesa que a qualquer momento podemos apagar.
Não sabemos quando, como ou onde teremos o apagar das luzes.
Sabemos apenas que um dia essa luz se apagará.
Somos apressados, corremos sempre e precisamos desacelerar.
Somos eivados de vícios.
Buscamos perfeição, riquezas e sucesso. E esquecemos que o nosso relógio não para e a cada dia estamos mais perto do fim.
É preciso acordar da vida da metrópole e retornar a viver no campo.
É preciso sentir o perfume das flores, o frescor do mato verde e o cheiro de terra molhada.
É preciso tomar banho de chuva e acordar o moleque que há dentro de nós.
É preciso voltar a fazer coisas bobas, rir de besteiras e se arranhar de vez em quando.
É preciso sair de pés descalços, caminhar algumas quadras e ouvir o ruído das conversas por todos os lados.
É preciso baixar o vidro do carro para ouvir as canções dos pássaros.
É preciso sentar na calçada e simplesmente contemplar o curso natural das horas.
É preciso muitas coisas, porém a mais importante é viver sem as cobranças impostas pela sociedade.
É preciso deixar o profissional no local de trabalho e voltar a ser: pai, mãe, filho, irmão e amigo.
É preciso abraçar mais, perdoar mais e deixar o rancor de lado.
É preciso ser FELIZ com a simplicidade da lâmpada acesa.
É preciso lembrar que a casa, o carro, os bens móveis e imóveis ficarão aqui.
É preciso lembrar que o hoje é o principal dia de sua existência. Pois o ontem passou e o amanhã pode não existir.
É preciso rir, chorar e brincar.
É preciso saber viver.
Pense nisso!
Eu
Vivendo minha vida
Num mundo que não é meu
Uma lâmpada
Acendida anteontem
Esquecida
Quando amanheceu
Uma voz rouca e profunda
Fruto
De relação desarmônica
Vendo outros olhos
Que veem
Entendo
Que vendo o que veem
Não enxergam nada
Ou pouco dizem
Creio-lhes eu
Pode ser que sofrendo
Insuficiência verbal aguda
Mudas
Corações moldados
Em rocha intrusiva
Uma relação harmônica
Plutônica erosiva
Crônica, agudizada
Cínica em seu modo
Em desarmonia com o meu
Uma lâmpada acesa lá fora
Cá dentro, um lugar à mesa
Creio eu
Pode ser um dia.
Edson Ricardo Paiva.
"A sabedoria é uma lâmpada que se acende com as lembranças do passado mas só ilumina o caminho para o futuro."
Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução é luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida.
Então, onde é que está a verdadeira lâmpada de Deus, a lisa e real verdade?
A mariposa choca-se com a lâmpada. Cai, asas desesperadas, pede socorro. O gato vê e acode-lhe. Ávido por brincar, despedaça-lhe.
PRIMAVERA ÁRABE
ALADIM FOI PARA O PROTESTO,
MAS NÃO ENCONTROU
NENHUMA LÂMPADA MÁGICA
PARA TER O SEU DESEJO
REALIZADO POR UM GÊNIO.
O QUE ENCONTROU FOI A POLÍCIA
E ACABOU PERCEBENDO QUE,
PARA ALCANÇAR O QUE QUERIA,
SÓ LUTANDO E CHUTANDO
BOMBAS DE GÁS LACRIMOGÊNEO.
E por que temos que ignorar
A escuridão da noite
Se a lâmpada acesa ainda clareia
E o astro rei há de surgir um dia?
Por que temos que fingir
Se tudo o que queríamos era sentir?
Por que temos que matar esse amor
Se ele pode nos dar vida?
Por quê?
O conhecimento é lâmpada; a sabedoria é luz, no entanto, a perseverança é o caminho que ao bom êxito conduz.
Abat-Jour
A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza
Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.
E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.
Bem sei... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!
E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...
(Extraído de Cancioneiro – PDF Ciberfil Literatura Digital - Página 7)
A malicia do gênio não está em livrar-se da lâmpada , nem muito menos realizar seus três desejos, e sim fazer com que eles não se realizem.
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