Janela
Eu sou
Sou a estrela -do -mar ou o mar das estrelas....
A moça da torre, na janela vendo o domingo passar.
E quem será ela?
E o domingo passa com as donzelas
nuas nas ruas e com as feias em trajes ultrajes.
Eu sou. E o que sou nunca vais saber.
Eu sou sua gota sorvida às margens,
as margens da vida, do seu próprio morrer.
Eu sou a estrela -do- mar ou o mar das estrelas.
Ensinar não é apenas sobre transferir saber, mas sobre abrir a janela do sonhar e fazer com que o aluno viage o mundo, sem que saia do lugar.
Pela janela surge o amanhecer de um dia frio e o café pronto para aprontar a subida da Serra a encontrar o céu e deitar em nuvens!
Tem dias que acordamos nublados
Abri a janela da alma
Vi tempestade em mim
Vi tudo se imergir em lágrimas
Senti minha essência partir
Tem dias q o sol não nasce e tem apenas tempestade
Tem dias que a chuva cai
Deixando a tristeza e suas peculiaridades
Tem dias que o poema triste começa a fazer sentido
Tem dias que minha cama quente parece o melhor abrigo.
Naquele dia, o aroma estava diferente dos demais.
O sol podia ser notado por detrás da janela,
os pássaros, o vento e tudo o que era captado pela visão não era mais visto, era apreciado!
Naquele dia as vozes eram claras e doces, a gravidade era nula e seus pés não tocavam o chão, estava elevada.
Naquele dia tudo era graça, manhã, tarde, noite... os momentos não mais passageiros, agora, imortais.
O bálsamo era pura resiliência e, antes de encontrar qualquer âmago... ela havia encontrado a sua essência, no lugar mais secreto do mundo, dentro de si.
INCONSTANTE
Dia nublado
É um dia inconstante
Para quem não decidiu
Abrir a janela
Para receber o sol da vida
Abra a janela do coração.
Jogue fora a tristeza
Abate o semblante
E torna embaçada a sua visão.
Deixa Deus fazer tudo novo
É um novo dia
Experimente descortinar a alma
E entoar ao Senhor uma nova canção.
Da janela de onde eu moro vejo o Brazil
evangelista da silva
Da janela de onde eu moro vejo o Brazil
Um garoto maltrapilho entregue a desordem
Adotado pelo narcotraficante de alhures...
Da janela de onde eu moro vejo o Brazil
Bêbado, vomitando e cheio de crack, - alucinado
Entregue às mãos podres dos desgraçados.
Da janela de onde eu moro vejo o Brazil
Acorrentado para nunca mais libertar-se dos algozes
Entrincheirados conduzem o nosso povo à desgraça.
Da janela de onde eu moro vejo o Brazil
Estuprado e condenado à prostituição faminto e só.
E assim, conduzido à tortura, certamente, morrerá.
Da janela de onde moro eu vejo o Brazil
Desmaiado sugam-lhe o sangue e vida
Na estúpida violência de roubar a nossa beleza e viver!
Bahia, 13 de maio de 2019.
às 19h 30min.
Lembrança de Infância
evangelista da silva
Aqui do alto à janela vejo o Uni(verso)
Encoberto de nimbus sobre a minha cabeça
A desfazer-se em chuvas, e choros e gemidos.
Ainda ontem, e faz muito tempo...
Eu sentia este ventinho frio e a cara do tempo nublada,
Cheia de solidão. Mas eu, somente eu, era amado e...
Ao lado da minha avó sentia-me amparado
E forte, e consolado, e cheio de calor...
O amor tudo pode. Assim foi o meu tempo de menino.
Recordar é a maior das razões de viver...
Faz dezenas de anos que não revivo cena tão igual.
Estou no passado ao lado da minha avó esperando a hora de dormir...
Como hoje uma lâmpada acende, não é preciso apagar o candeeiro...
Já não tenho mais a coragem de encarar a luz,
Visto que a minha avó já não dorme ao meu lado.
Santo Antônio de Jesus, 03/12/2018.
Às 18h 12min
Eu e nós outros
evangelista da silva
Recolho-me!......
Da janela vejo o silêncio mórbido das ruas.
Encontro-me frente a frente à tv.
Observo o carnaval.
Um surto psicótico explode!...
E as almas decaídas aprisionam os possessos
Endiabrando os corpos em estereótipos catatônicos
Que são conduzidos aos infernos.
É carnaval!...
A maioria dos mortais se desequilibram
Enquanto atentos outros usurpam o transe infernal.
E tudo acontece nesse instante:
Cenas macabras desfilam em sangue e mortes... Dessa forma a infelicidade aumenta:
Torturas, toxicodependência, e melancolia.
É carnaval!...
Das prisões às avenidas
Favelas e nobres bairros...
É um urro agonizante de desrealizações.
E, nesta fúria satânica e neutralizante,
Onde tudo se confunde,
Vê-se alegorias, fantasias, arte, circo e palhaçadas!...
Religião, zoada e perturbação musical.
Sim, é carnaval!...
Nesses instantes esquizofrênicos
Ninguém para nada serve
A não ser para lambuzar-se em merda.
Vai-se indo mais um carnaval!...
E neste frenesi torporizado
Entre o real e o imaginário,
Os manipuladores da emoção
Deformam a realidade.
Vendem felicidade e beleza.
Pregam em tudo, pureza e simplicidade
Enquanto a turba agitada e enlouquecida
Agita-se em movimentos bruscos
Ouvindo um som que vem dos infernos
Criando a sinfonia perturbadora das notas musicais.
Santo Antônio de Jesus, 27 de fevereiro de 2017.
Às 16h 03min.
EM ALGUM LUGAR...
Em cada janela, uma sombra, um vulto, nas noites escuras... Serenatas, que encantam a vida, quando há luar... Cada veneziana guarda um segredo, cada cortina, uma sedução e, em cada janela suada, um choro... Esse lugar, não está em destaque no mapa, e, mesmo que estivesse, ninguém iria se preocupar em saber a respeito de todas as pessoas, que ali vivem...
Nas ruas e nas esquinas, sempre passa alguém e, seus passos, ecoam bem fortes, enquanto o silêncio está profundo... O vento, vez ou outra, traz o aroma do perfume de uma mulher, que por ali passa... Mas, o silêncio é profundo.
Ao amanhecer, tudo fica diferente, o movimento das pessoas, na rua, as crianças a caminho da escola, pessoas apressadas, como se estivessem sempre atrasadas..
Inicia-se o barulho, buzinas, motos, fumaça, uma desordem, um caos...
Esse lugar morre todas as noites e renasce ao amanhecer, transborda vida, esperança... Esse lugar é a cidade, a metrópole... Muitas coisas acontecem tristes ou alegres e tudo vai para os jornais, onde, muitas vezes, as noticias nunca são animadoras.
Ignorar o que se chama de realidade, nem sempre é ser inteligente, mesmo que nossa realidade seja outra, nosso lugar seja também o de outros... Mas, entre tantos acontecimentos, sempre existe uma praça e, nela, crianças chegam para espalhar sorrisos...
Parada no sinal vermelho, ergo os olhos e vejo uma pipa, lá no alto, colorida, dançando com o seu dono, o vento... Na calçada, uma mãe de mãos dadas com sua filhinha, a mulher espera para atravessar a rua e, junto a elas, um cachorrinho de estimação... São essas as realidades de cada um, sua alegria, sua preocupação e, quiça, sua tristeza...
Assim o dia caminha pela cidade, escondido atrás da janela ou caminhando despretensiosamente, caminhando por onde mais gosta de ir, sem se importar com o que irá enfrentar para chegar lá, onde a noite o espera para que ele possa descansar e trazer, com ele, o silêncio, que vai começar.
Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Com o Coração Aberto"
CASA ESQUISITA E VIVA
Lá em casa tem uma porta
Que parece uma gaivota
E tem também uma janela
Que parece uma panela.
É uma casa engraçada,
Toda, toda desengonçada.
A mesa que é de vidro
Tem cara de queixo caído,
E a outra que é de plástico
Parece um nariz de palhaço.
Minha casa é muito estranha.
Não tem nem jeito de casa,
De dia parece uma aranha
E de noite, árvore plantada.
Mas dentro dela se acha
O que toda a gente procura:
Muito amor, muito carinho,
Muita afeição, muita ternura,
Porque o que as casas precisam
Para ser casa da felicidade,
Não é de linda mobília,
Mas de vida e de verdade,
De amor entre as pessoas
Que nela se sentem à vontade.
Nara Minervino.
Os olhos são janela
A alma está em toda paisagem que é bela
Prefiro morrer e partir
Eu acredito sem ter visto
Prefiro morrer e partir
Do que deixar de existir
Eterno desígnio
Sigo,
Sigo....
Da janela do meu quarto, observo e analiso o espetáculo que passa;
Cada minuto e cada pausa.
É contemplador a variação, a mudança e sua graça;
Mudar é preciso, admirar é válido, receber ou perder faz saber valer a causa.