Janela

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O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

Carlos Drummond de Andrade
"Obra poética", Volumes 4-6. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.

Nota: Poema "O Mundo é Grande"

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A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.

Mark Twain
Pudd’nhead Wilson (1894).

Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.

Era um sujeito realmente distraído: na hora de dormir, beijou o relógio, deu corda no gato e enxotou a mulher pela janela.

Um livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que ficou distante da janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem.

Acordei cedo hoje. Pulei da cama às seis da manhã, dei uma bela caminhada até a janela e voltei para a cama às 6H05. Fiquei dez minutos debaixo do chuveiro frio. Amanhã pretendo abrir a água.

É melhor você se manter limpo e brilhante; você é a janela pela qual você deve ver o mundo.

janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa

flores ao vento
na cortina da janela
cores da primavera

luz amarela no quarto dela
ali se espera
que um sonho entre pela janela

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Quando abro a cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova...

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
– para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Poema emergência.

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Se um dia fecharem-lhe as portas da vida, pule a janela.

A televisão matou a janela.

Nelson Rodrigues
O Remador de Ben-Hur

Existem manhãs em que abrimos a janela, e temos a impressão de que o dia está nos esperando.

Não jogue nada pela janela sem antes saber a razão.

Abre o teu coração
Ou eu arrombo a Janela

Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei.

Não basta abrir a janela
para ver os campos e o rio.
Não é o bastante não ser cego
para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.