Isolamento
Essa coisa de quarentena está me deixando louco. Acordei na segunda feira achando que era quarta, fui olhar no relógio e descobri que era sábado.
Viver numa faixa evolutiva mais sutil não significa viver isolado ou renunciar ao trabalho nas demais regiões.
Em dias de pandemia, não estaríamos todos nós, isolados socialmente, tendo agora a oportunidade, talvez a única, de refletirmos sobre aquilo que nós somos de verdade, sobre aquilo que queremos de verdade a fim de nos realizarmos plenamente? A grande maioria dos seres humanos passa por toda uma existência vivendo a vida escolhida por fatores ou por pessoas de fora - e deixando cada vez mais de lado aquilo que efetivamente se deseja ser, suprimindo a real essência da vida na mais profunda escuridão claustrofóbica de seu próprio espírito.
pandemia
é o contágio em massa
dos vazios de coração
enquanto uns se entregam
ao álcool
para se prevenir do vírus da dor
outros se isolam
por temer o amor
mas a pior parte
é ter que identificar
quem é quem
por trás das máscaras
Importante nessa vida
É a palavra "obrigado"
Às vezes a gente esquece
De ter sido ajudado
Vamos mostrar gratidão
Pois, é certo, meu irmão
Ninguém vive isolado
Ficamos alterados com a pandemia: ansiedades, expectativas, retenções... até mesmo as pessoas mais serenas e que não deixam transparecer movimentos sofreram dessa mutação. Mas serviu também como lente de aumento: os carinhosos ficaram ainda mais amorosos, os caridosos e empáticos se lançaram aos necessitados sem sonegar uma gota sequer de amor e esse calor aqueceu o coração dos mais apáticos. Os maus? não tive tempo com eles, em alguns momentos, apenas desviei....
Ajudar ou Ser Ajudado: Eis a questão...
“Máscaras cairão automaticamente sobre os seus assentos, coloque-as sobre o nariz e a boca, coloque-as sobre o nariz e a boca e respire normalmente e depois auxilie a pessoa ao seu lado."
A gente ouve atento a orientação dos comissários de bordo em caso de despressurização da cabine de uma aeronave, evita pensar como seria "na real" e o ano de 2020 nos entregou uma situação tão similar.
Confinados, com todo o aparado tecnológico, tentamos ajudar o próximo enquanto seguramos a nossa própria onda de sanidade física e mental.
No início da pandemia, era um aviso, que nem a tripulação de uma aeronave faz, porém, já estávamos em uma situação de pane, ou melhor, pânico: vírus, isolamento social, pessoas autônomas sem renda, pessoas com renda mas com problemas psicológicos e físicos, escassez de recursos preventivos (alcool, alcool em gel e máscaras), uma briga de braço entre os Governos Federais e os Governos locais (estaduais e municipais), pessoas questionando o isolamento, pessoas em pânico e meio a este cenário, pessoas aplicando contravenções sociais, econômicas, familiares, sociais e políticas. Não posso deixar de observar, em separado, a parte religiosa, que dividida, uns calados e outros mais eloquentes, não conseguiram ser o "fiel da balança".
Não há mente que resista!
E você, individualmente, oferece ajuda a alguns ou é convocado a ajudar outros, compulsoriamente! Em alguns casos não é escolha ou voluntariado: a vida simplesmente joga situações em seu colo, porque, não se sabe como, você terá que descobrir as chaves daquelas situações, cada uma mais cabeluda que a outra.
Pagamento? Gratidão? Reconhecimento? "não, obrigado". Às vezes, não se recebe nem o tradicional "muito obrigado" e outras vezes, os atentos aflitos esperam a olha do seu "vacilo humano" para despedir-se com uma bela chinelada no bumbum ou um sonoro tapa na cara!
Yes! Mal agradecidos e ingratos, TEMOS SIM! Por todos os lados e talvez em algum momento, nós mesmos exercemos isso dentro do arbítrio.
Sobre ajudar, levei algum tempo para descobrir que a ideia de “missão” espiritual no planeta não é dar para receber, mas, simplesmente, como um bom jardineiro, regar e limpar as folhagens e as pétalas dos insetos, e deixa-las livres para o movimento dos ventos, e se você fica ali, no meio, sentirá na pele os espinhos das lindas roseiras.
É isso! Limpar o ambiente ao seu redor, sanar problemas e inquietações para melhorar o seu ambiente particular e sair “imediatamente” da posição de ajudador sem esperar gratidões expressas e voltar para a pista, caminhar, atravessar, até surgir a próxima oportunidade altruísta.
Hoje acordei me sentindo em uma zona de conflito.
Em plena quarentena ao final de 2020, estamos no final do mês de novembro: em meio a muitos problemas a humanidade parece não estar bem e quase ninguém "está puro". Nem eu!
Acordei vendo na TV, o brilho jogado em Maradona em lindas crônicas, um dia após a morte do craque argentino, que recebeu carinhosas manifestações, enquanto ser vivente na terra, era sempre mostrado como forte opositor à cena esportiva brasileira, acentuando uma rivalidade com argentinos no esporte.
Maradona se tornara um “belo” em tudo, elegante, socialmente consciente etc. E etecetera, e etecetera.
Como diz a minha filha adolescente: “auge”!
Ao telefone, pessoas do outro lado suspiram, querendo conversar. Suspiros de socorro, gritos de desespero, risadas, conversas “moles” e outras que “jogam verde para colher madura”.
Confesso, a minha carga energética precisa de reforço às vezes e o faço de acordo com a oportunidade!
Às vezes um não bem dito pode ser o tempo necessário para me refazer. E mesmo sentindo o peso das reações, já que as pessoas não estão prontas para serem contrariadas, opto por mim, pela minha sanidade e reequilíbrio.
Se tem uma coisa que a gente precisa é de equilíbrio, mesmo ao cruzar com alguém desconhecido na rua e receber um mero cumprimento.
É necessário antes de sair da cama, preparar-se para encarar as diversas formas que um “bom dia” pode se manifestar à sua frente.
É necessário estar focado em manter o equilíbrio e não revidar, mas semear o sorriso e a luz e não o “foda-se!”, que às vezes vem à ponta da língua.
Não estrague o seu dia por falta de poesia, já diz o poeta piauiense Cineas Santos.
A todo momento, a mensagem das tripulações de aeronaves precisa estar clara em nosso consciente: ajustemos o nosso equilíbrio antes de levantar da cama, antes de entrar no elevador, ao sair da garagem ou entrar no transporte coletivo, antes da arrancada do semáforo verde, antes da chegada ao trabalho, antes do retorno para casa, antes de dar boa noite e ir dormir.
Ajuste o seu equilíbrio ao se aproximar de alguém é pouco: ajuste o seu equilíbrio ao conversar com a sua “segunda voz”, com você mesmo, com os seus fantasmas, medos e coragens.
Afinal, as pessoas à sua frente não estão participando desse diálogo necessário e temeroso, que desiste ou decide em coisas que por vezes os envolve.
O equilíbrio é a luz do farol para enxergar soluções.
Ajude! Em equilíbrio ajude, mesmo precisando de ajuda, se estiver equilibrado, siga ajudando.
Muitas vezes, enquanto ajuda alguém, encontra formas de autoajuda.
Porém, ajudando ou sendo ajudado, nunca esqueça de portar um bom equilíbrio em qualquer situação.
É na ajuda que precisamos usar boa parte da energia que acumulamos, mas sempre estar alertas à nova carga, à manutenção do corpo e da alma.
Boas leituras, poemas, música, banho de mar, cuidar da casa, rever memórias, um bom drinque, comer um doce, caminhar com o vento batendo no rosto, sentir a areia nos pés, viajar: com alguns desses itens podemos nos reequilibrar, mas podemos inovar...
Limitações pandêmicas à parte, causadas pelo isolamento social, precisamos ser criativos e persistentes para seguir nessa guerra de humores e amores, por vezes cambaleando, outras assistindo a troca mútua de chutes e pontapés entre as pessoas e por que não falar que algumas vezes também entramos na roda, claro!, seja por coadjuvância, seja por protagonismo, faz parte da cena na vida humana!
Arre! Estou farto de semideuses, já disse Fernando Pessoa!
Ajudando ou sendo ajudado, nunca esqueça de portar um bom equilíbrio em qualquer situação.
Tenho sempre a sensação de que o mundo anda todo certinho e eu, pra variar, todo torto, todo errado...
Mais um dos "meus erros grosseiros", não sei onde vou parar, agora quando li algo numa postagem de internet.
"Então é natal!" Dizia a legenda de um grande jornal para descrever a foto de uma família de classe média (mais para alta) em torno de uma árvore de natal às portas de quase dezembro de pandemia.
Perplexo nesta manhã de domingo... queria mais empatia, compaixão, amor e fraternidade em imagens.
Atraversiamo!
2020 foi o ano em que não só aprendemos a ficar em casa, mas dedicamos um tempo
para cuidar da nossa casa interior.
2020
O ano em que não só aprendemos a tirar os sapatos, mas a deixar impurezas e preocupações do lado de fora.
2020
O ano em que não só fizemos distanciamento social, mas aproximamos corações e mentes a favor da vida.
Limitados sãos aqueles que vivem da opinião alheia, da autopromoção, das divulgação de lamentações permanentes, da alienação as questões polêmicas, das conspirações e paparicos demasiados. Estes são os mesmos que não suportam a própria existência em meio a condição de isolamento. O silêncio e a introspecção são oportunidades fantásticas para definir novas metas, reinventar-se, ter ideias, identificar falhas, promover autorreflexão, empatia, autocrítica, dentre outros. Da mesma forma o afastamento revela laços fortes, sentimentos verdadeiros, traidores, interesseiros, amores, amizades sinceras e outros. Uma quarentena pode despertar a loucura de uns e evidenciar oportunidades, como por exemplo de empreender em outros. Repense o que pretende fazer com sua vida, qual imagem está promovendo, quais vínculos pretende preservar, o que atrai para ti, como quer ser lembrado: lástimas ou obstinação?
Qualquer um que assuma sua missão com a seriedade devida, e contra todo tipo de força, é um voluntário para o "inferno", pois passa por isolamento, inveja, crítica, insegurança, etc. Qualquer um que tenha feito algo relevante neste mundo passou por isso.
Quando descobri que tinha o vírus, tive medo do preconceito que enfrentaria. E, infelizmente, isso aconteceu. Eu vi os olhares tortos, ouvi os comentários maldosos e senti o afastamento das pessoas que eu amava. E não foi só uma vez, isso aconteceu muitas vezes.
O preconceito pode ser tão doloroso quanto qualquer doença física. Ele nos faz sentir como se estivéssemos sozinhos, como se ninguém nos quisesse por perto. E isso pode afetar profundamente nossa autoestima e bem-estar emocional. Eu lutei muito para superar o preconceito que enfrentei e, apesar de ainda me incomodar às vezes, eu aprendi a lidar com isso.
Mas o que me preocupa é que o preconceito ainda é uma realidade para muitas pessoas que vivem com o vírus. E isso é injusto e cruel. As pessoas que vivem com o vírus já enfrentam tantos desafios em suas vidas, como lidar com a doença e o tratamento, e não deveriam ter que lidar também com o preconceito.
O preconceito é uma doença social que precisa ser combatida. Precisamos aprender a conviver com as diferenças, a aceitar as pessoas como elas são e a não julgar ninguém pelo que elas têm ou não têm. Todos nós merecemos respeito, amor e compaixão, independentemente de qualquer coisa.
Não se isole, não tenha medo, não se esconda. Eu aprendi que o preconceito e o medo da rejeição são coisas que as pessoas carregam em si, e isso não tem a ver comigo. Eu sou muito mais do que meu diagnóstico, e se alguém não consegue ver isso, o problema é deles. Hoje eu entendo que todas essas pessoas têm algo a temer também, e são elas que precisam de ajuda. Não permita que o medo dos outros te afete, não se deixe abalar pelo preconceito. A vida é muito curta para viver em isolamento e com medo. Seja corajoso, saia da sua zona de conforto e mostre ao mundo quem você realmente é. Acredite em si mesmo e lembre-se de que você é capaz de superar qualquer obstáculo que surgir no seu caminho.
Quando recebi o diagnóstico positivo, uma infinidade de sentimentos me invadiu, e um dos maiores medos que senti foi o medo de ser rejeitado. Eu temia que as pessoas se afastassem de mim, que me julgassem, que tivessem medo de se aproximar e de me tocar. Também tinha medo de perder a minha autonomia, de não poder mais fazer as coisas que eu gostava ou de precisar depender dos outros. Além disso, tinha receio de que a minha vida profissional fosse prejudicada, de que as pessoas não quisessem trabalhar comigo ou de que eu perdesse oportunidades por conta da minha condição de soropositivo. E, por fim, o maior medo que eu senti foi o medo de morrer, de não ter mais tempo para viver os meus sonhos e de deixar as pessoas que eu amo.
Todos esses medos foram difíceis de lidar, mas com o tempo, aprendi que não podia deixar que eles me dominassem. Fui atrás de informações sobre a minha condição, busquei apoio em grupos de ajuda, e fui trabalhando minha autoestima para não me sentir inferiorizado em relação aos outros. Aos poucos, fui me adaptando à nova realidade, e percebi que ainda tinha muitos sonhos a realizar e muitas coisas para viver.
Se você está passando por isso, saiba que é normal sentir medo e insegurança, mas é importante que você busque ajuda e informações para lidar com a situação. Não deixe que o medo te paralise, e lembre-se sempre de que você é capaz de viver uma vida plena e feliz, mesmo com a condição de soropositivo.
Procurei no dicionário
O que é a solitude
É gostar de ficar só
Ser a própria completude
É ter paz no isolamento
Sem tristeza ou sofrimento
Para estar em plenitude
A quantidade de pessoas ao teu redor não significa nada quando você está isolado em si mesmo, não praticando a reciprocidade.